Na véspera da deflagração da Operação Edema, que afastou do cargo o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre Moraes, enviou à Polícia Federal um pedido de informações sobre outra ação da PF, deflagrada contra o presidente da Assembleia Legislativa do estado, Marcelo Victor (MDB), ocorrida em 1º de outubro, um dia antes do primeiro turno das eleições.
Suspeito de participar de um suposto esquema de compra de votos, o deputado estadual foi abordado em um hotel por agentes da PF que cumpriam mandados de busca e apreensão. Com ele, a polícia recolheu, na época, R$ 145 mil em dinheiro e material de propaganda eleitoral. Moraes deu prazo de 48 horas para que o Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas também preste informações.
A decisão de Moraes atende a pedido feito pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), líder do grupo político que dá sustentação a Dantas e Victor. No documento encaminhado ao TSE, Calheiros levanta a suspeita de interferência do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), inimigo político do senador emedebista, “a fim de causar prejuízos eleitorais ao referido candidato, com a produção de notícias que sabe ser inverídicas”.
O senador pede a Moraes que determine a troca do comando da Superintendência da PF no estado e requisite ao Ministério Público Eleitoral (MPE), ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal a apuração da prática dos crimes de divulgação de fake news, denunciação caluniosa, abuso de autoridade, corrupção passiva, advocacia administrativa e violação de sigilo funcional), “supostamente praticados para interferir na regularidade do pleito eleitoral”.
Operação Edema
Nesta terça-feira (11/10), outra operação da PF foi deflagrada em Alagoas contra os aliados de Renan. Por ordem da ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador do estado, Paulo Dantas (MDB), foi afastado do cargo por 180 dias. Ela também determinou busca e apreensão em gabinetes do palácio do governo e da Assembleia Legislativa e em endereços ligados ao governador e seus parentes. Também foram bloqueados recursos que somam R$ 51 milhões.
O STJ marcou para quinta-feira (13/10) sessão da Corte Especial (formada pelos 15 ministros mais antigos), responsável pelos processos que envolvem governadores de estado, que tem prerrogativa de foro, para analisar as decisões de Laurita Vaz.
Renan e o senador Randolfe Rodrigues informaram que vão apresentar uma queixa contra a ministra do STJ no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) “pela decisão descabida e nitidamente política faltando poucos dias para a eleição (em segundo turno)”. Renan disse, em sua conta no Twitter, que Laurita Vaz é uma magistrada “bolsonarista”.