ELEIÇÕES 2022

Após cobrança do MPF, Damares ignora caso em vídeo e alega 'ódio a uma pastora'

Na publicação, a ex-ministra expôs uma ameaça de morte feita no dia 2 de outubro, e não deu explicações sobre a cobrança feita pelo Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA)

A ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, eleita senadora pelo Distrito Federal nestas eleições, Damares Alves (Republicanos), publicou um vídeo no Instagram, na noite desta segunda-feira (10/10), em que expôs uma postagem do dia 2 de outubro onde ela é ameaçada de morte. A pastora disse ainda ser alvo do “ódio da esquerda” por expressar a fé cristã.

O vídeo foi publicado após o Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) cobrar ao Ministério da Mulher explicações sobre a declaração feita por Damares durante um culto na Igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, em que ela afirmou ter descoberto supostos crimes sexuais cometidos contra crianças traficadas da Ilha do Marajó (PA). Na legenda da publicação, a ex-ministra deu a entender que falaria sobre os casos, mas não tocou no assunto.

“Pensei muito antes de compartilhar com vocês este vídeo!”, escreveu Damares, que ainda afirmou: “Querem matar a mim e o presidente. Por que tanto ódio aos cristãos?”. A ex-ministra começa o vídeo falando aos "evangélicos e católicos" e contou que decidiu “compartilhar essa informação com os irmãos porque muitos já viram inclusive nas redes sociais e agora, como já está sob investigação, a polícia já foi acionada, eu queria compartilhar com os irmãos”.

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Em seguida, Damares mostrou uma ameaça que recebeu, por meio do Twitter, em 2 de outubro, dia do primeiro turno das eleições, logo após ter sido eleita senadora pelo DF. Na publicação, o usuário da rede social disse que a ex-ministra “precisa sofrer a dor da morte” e subiu a hashtag “#ExecutemDamares”. A apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou receber ameaças de morte com frequência, supostamente motivadas pelo “ódio aos cristãos” e que se torna alvo por ser pastora.

Ao longo dos quase três minutos de vídeo, Damares não falou sobre os casos de tráfico de crianças e exploração sexual que declarou ter descoberto. “A esquerda não precisa odiar tanto o cristão assim. Eu não tenho medo de ameaças”, finalizou a pastora.

“Guerra espiritual” para ganhar as eleições

Em um culto da Igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, no sábado (8/10), Damares utilizou uma fala emocionada, baseada na defesa das crianças, na qual afirmou ter descoberto que “crianças brasileiras, de três, quatro anos, que quando cruzam as fronteiras sequestradas, os seus dentinhos são arrancados, para elas não morderem no sexo oral” e que só “comem comida pastosa para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”.

Na ocasião, Damares afirmou que diante do “horror” vivido contra as crianças, Bolsonaro se levantou para protegê-las e, por isso, vive “uma guerra espiritual” para ganhar as eleições deste ano.

Até o momento, não houve divulgação de provas sobre os crimes relatados pela senadora eleita. Em ofício encaminhado à secretaria executiva do Ministério das Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Tatiana Barbosa de Alvarenga, o Ministério Público Federal solicitou informações sobre os casos “indicando todos os detalhes que a pasta possua, para que sejam tomadas as providências cabíveis”.

O órgão também pediu para a pasta elencar as providências tomadas ao descobrir os casos e se houve denúncia à Polícia ou ao próprio Ministério Público.

No início da tarde, o Correio também questionou o Ministério da Mulher sobre a existência dos casos e as ações tomadas, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria. O mesmo questionamento foi feito para a Polícia Federal do Pará. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.