Em pronunciamento após confirmação do segundo turno, na noite deste domingo (2/10), o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou os institutos de pesquisa afirmando que eles estão "desmoralizados".
"Acho que se desmoralizou de vez os institutos de pesquisa. O Datafolha estava dando 51 a 30 e pouco, a diferença foi quatro, isso tudo ajuda a levar voto para o outro lado e isso vai deixar de existir. Até porque acho que não vão continuar fazendo pesquisa, não é possível."
Ao ser questionado sobre a confiança nos números divulgados pelas urnas e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente respondeu que irá aguardar um parecer das Forças Armadas. Com 97,99% das urnas apuradas, Lula tinha 48,01% dos votos e Bolsonaro, 43,56%.
"Esse sistema nosso não é 100% blindado, então sempre existe essa possibilidade de algo anormal acontecer num sistema totalmente informatizado", emendou. Em 25 anos de existência, as urnas nunca registraram fraudes.
Saiba Mais
"O povo brasileiro sentiu o aumento dos produtos, em especial da cesta básica. Entendo que há uma vontade de mudar por parte da população, mas tem certas mudanças que podem vir para pior. E a gente tentou, durante a campanha, mostrar esse outro lado, mas parece que não atingiu a campanha mais importante da sociedade", comentou Bolsonaro.
Segundo turno
"Nós vencemos a mentira no dia de hoje porque estava o Datafolha dando 51% a 30% e poucos, então vencemos a mentira. Temos um segundo tempo pela frente, em que o tempo para cada lado passa a ser igual. E nós vamos agora mostrar melhor para a população brasileira, em especial a classe mais afetada que a consequência do 'fique em casa, a economia vê depois' é consequência de uma guerra lá fora, de uma crise hidrológica também, e tenho certeza que nós vamos poder mostrar para uma certa parcela da sociedade que as mudanças, que por ventura alguns querem, podem ser pior, até mesmo a gente mostrando melhor a Argentina, o Chile, a Colômbia, a Venezuela, que já estava em crise antes mesmo da covid. Entendo que é por aí o nosso trabalho por ocasião do segundo turno", apontou.
Bolsonaro evitou falar de fraudes nas eleições, mas disse que aguardará parecer das Forças Armadas. "Não vou... Vou aguardar o parecer das Forças Armadas que ficaram presentes lá na sala-cofre, repito, elas foram convidadas a integrar a comissão de transparência eleitoral. Então, fica a cargo do ministro da Defesa tratar desse assunto".
Economia
O chefe do Executivo ainda defendeu medidas econômicas de sua gestão. "A principal mensagem no segundo turno é que o Brasil, levando em conta a grande maioria dos demais países do mundo, o Brasil foi o que melhor se saiu e está se saindo na questão da economia. Talvez mostrar um pouco mais do que foi a pandemia. O Brasil comprou 500 milhões de doses de vacina para quem se sentiu no dever de se vacinar. Nós só temos dados positivos e acredito que, como vai ser um primeiro para o segundo turno bastante elástico, vai ter quatro semanas e não três como geralmente acontecia, dá para a gente explicar bem para a população o que aconteceu."
Bolsonaro também voltou a reconhecer um "sentimento de mudança" por parte da população, mas disse que trabalhará para mostrar qual o melhor lado.
"Existe um sentimento por parte da população, de que a vida dele não ficou igual ao que estava antes da pandemia, ficou um pouquinho pior, e a tendência é buscar um responsável. O responsável sempre é o chefe do Executivo. Só que nesse segundo turno, a gente vai mostrar para eles que a mudança que porventura eles estão querendo vai ser para pior”.
Ao final, o presidente conversou com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, afirmando que "o resultado de hoje foi uma vitória" e aproveitou para atacar Lula.
"O outro cara ali não tem virtude nenhuma. A gente sabe o que está em jogo ali. Quem é pai, quem é mãe, o patrimônio de vocês é a garotada que está aí. Nós não queremos para essa garotada o futuro que está tendo a Venezuela. Você perder uma eleição na democracia tudo bem. Agora, perder a democracia numa eleição é completamente diferente".
Ele pediu que os simpatizantes "conversassem com o vizinho que vota na esquerda" e pregou contra a abstenção de votos. "A pior hipótese é não votar em ninguém".
Temendo um atentado, durante os 10 minutos de conversa com apoiadores, o presidente avisou que não se aproximaria e manteve distância dos bolsonaristas por estar sem colete.