ELEIÇÕES 2022

Lula e Bolsonaro encerram campanha entre buzinaços e palavras de ordem

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) mobilizaram milhares de apoiadores neste sábado (1º) em São Paulo.

 Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) mobilizaram milhares de apoiadores neste sábado (1º) em São Paulo, a maior cidade do País, antes de medir forças no domingo no primeiro turno das eleições presidenciais.

Ao mesmo tempo em que os dois candidatos preferidos do eleitorado encerravam suas campanhas, o Instituto Datafolha publicou sua última pesquisa, na qual Lula manteve 48% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro apareceu com 34%, o mesmo resultado da consulta anterior.

Se forem considerados apenas os votos válidos (sem brancos ou nulos), o ex-presidente apareceu com 50% das intenções de voto, um percentual que lhe permitiria vencer no primeiro turno, e Bolsonaro, que tenta a reeleição, com 36%.

Favorito nas pesquisas, Lula, de 76 anos, manifestou neste sábado confiança de que a eleição será decidida no domingo e prometeu que sua eventual vitória servirá para "recuperar o direito desse povo ser feliz".

O ex-líder sindical liderou uma "marcha da vitória", ao percorrer sobre um veículo uma via próxima à Avenida Paulista, palco das grandes manifestações da cidade.

O ex-presidente foi acompanhado por milhares de pessoas que agitavam bandeiras coloridas de centrais sindicais, grupos LGBTQIA+, negros e feministas, mas principalmente as vermelhas de seu Partido dos Trabalhadores (PT).

Desde cedo, seus seguidores o receberam com gritos de "Brasil, urgente, Lula presidente!" e "Jair, hora de sair!", esperançosos na vitória no primeiro turno.

"Tenho esperança de que isso aconteça", disse Ully Kotler, uma professora de 29 anos. "O resumo do governo Bolsonaro? Uma tragédia completa".

A cinco quilômetros da Paulista, Bolsonaro, de 67 anos, de casaco preto e sem capacete, liderou uma motociata até o Parque do Ibirapuera, para um comício com seus apoiadores. Ao longo da avenida, simpatizantes com a camisa verde e amarela o aplaudiam e pediam selfies com o presidente.

"Lula ladrão, seu lugar é na prisão!", gritavam os bolsonaristas, enquanto o presidente carregava uma bolsa com uma foto de seu rival atrás das grades.

Bolsonaro costuma se referir a Lula como "ladrão" e "ex-presidiário", lembrando que foi condenado por corrupção, uma condenação anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

- "Sou anti-Lula" -

Bolsonaro percorreu várias cidades do país de moto com seus apoiadores. No domingo, fez uma última motociata por Joinville, em Santa Catarina, onde a multidão o saudou aos gritos de "Mito!".

O presidente recebeu neste sábado o apoio de representantes da extrema direita mundial, em especial do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que o classificou como um "líder excepcional".

"Tenho medo de entrar na esquerda sul-americana e que acabemos como Argentina, Chile ou Venezuela", afirmou Rodrigo Colombine, um comerciante de 47 anos que acompanhou o ato em São Paulo. "Gosto de Bolsonaro, mas acima de tudo sou anti-Lula."

- Temores após o resultado -

A corrida eleitoral teve um aumento da segurança este ano, quatro anos depois de Bolsonaro ter sido vítima de uma facada durante ato de campanha em Minas Gerais, em 2018.

As últimas horas da campanha "serão muito tensas, todo o mundo vai observar os mínimos detalhes que possam mover a agulha para um lado ou para o outro", disse à AFP Jairo Nicolau, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Na semana passada, o chefe de Estado, que questionou repetidamente o sistema de urnas eletrônicas no Brasil sem apresentar provas, afirmou que seria "anormal" se não obtivesse pelo menos 60% dos votos no primeiro turno.

A transição de poder poderia ser difícil em caso de vitória de Lula no domingo, com uma janela de três meses até a posse, em 1º de janeiro.

Lula admitiu temer que Bolsonaro tente "criar qualquer confusão na transição".

"Vamos todos votar com Paz, Segurança e Harmonia; Respeito e Liberdade; Consciência e Responsabilidade", escreveu no Twitter o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes.

Os 156 milhões de eleitores também vão escolher neste domingo novos deputados federais, um terço do Senado, governadores e deputados estaduais em 27 estados e Distrito Federal.

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