Eleições 2022

Disputa para governadores no 2º turno foi acirrada; veja placar

Em São Paulo, bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) fala em "olhar para frente" e em alinhamento com o governo federal. Em três palanques, reviravolta do PSDB recoloca partido no cenário político nacional

Fernanda Strickland
João Gabriel Freitas*
postado em 31/10/2022 03:55
 (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Ontem, mais de 124 milhões de brasileiros foram às urnas e escolheram quem assumirá o poder e governará o país pelos próximos quatro anos. Entretanto, em 12 estados, os eleitores não definiram apenas o presidente. Cidadãos de Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe decidiram quem comandará os respectivos Executivos estaduais a partir de 1º de janeiro de 2023.

mapa governadores
mapa governadores (foto: editoria de arte)

Pleitos nacionalizados

Os eleitores de São Paulo, o principal colégio eleitoral do Brasil, elegeram Tarcísio de Freitas (Republicanos) como seu novo governador. Em uma das disputas mais nacionalizadas do país, devido ao envolvimento dos presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro da Infraestrutura bateu o petista Fernando Haddad. Porém, mesmo com sua campanha alavancada pelos votos bolsonaristas, o novo governador afirmou que irá "olhar para frente" e buscará "alinhamento com o governo federal" para o melhor do estado.

"A partir de agora vamos olhar pra frente, olhar para os interesses do estado de São Paulo. Sou muito grato aos votos que conquistei e agora vamos fazer um governo para 46 milhões de paulistas. Vamos olhar sempre o interesse do estado de São Paulo. Para que a gente possa fazer política pública para o estado de São Paulo, vai ser fundamental o alinhamento e o entendimento com o governo federal. São Paulo é o estado mais importante e rico do Brasil e tenho certeza que pode ajudar muito o Brasil. E o Brasil, obviamente, pode também ajudar São Paulo", defendeu.

Alagoas foi outro centro das discussões entre Lula e Bolsonaro. A reeleição de Paulo Dantas (MDB) representou também a vitória de Renan Calheiros (MDB) sobre Arthur Lira (PP), que apoiava o candidato derrotado, Rodrigo Cunha (União Brasil). Os principais articuladores políticos do estado no Senado e na Câmara Federal protagonizaram as campanhas de Dantas e Cunha com uma série de acusações nas redes sociais.

Em seu primeiro pronunciamento oficial, Paulo Dantas agradeceu aos eleitores e falou em dar continuidade ao trabalho do ex-governador e senador eleito Renan Filho (MDB), que deixou o cargo em abril para se candidatar ao Senado. Dantas ainda disse que o objetivo de sua gestão será "proporcionar melhor qualidade de vida" aos alagoanos.

Viradas impactantes

As disputas aos governos estaduais foram marcadas por três viradas de psdbistas no segundo turno. Uma das reviravoltas aconteceu no Rio Grande do Sul, com a vitória de Eduardo Leite (PSDB) sobre Onyx Lorenzoni (PL). Em 2018, o tucano ganhou as eleições aos 33 anos e se tornou o terceiro governador mais jovem da história do país, mas deixou o cargo em março deste ano ao enxergar uma chance de se lançar como terceira via na disputa ao Palácio do Planalto.

Com a vitória, Leite quebrou a escrita sulista de nunca ter reelegido nenhum governador na história democrática. Após o feito, Eduardo declarou que seu triunfo representa o desejo dos gaúchos: "estar em paz". "Eu vou dar o melhor de mim. Tudo que eu puder da minha vida, do meu coração, da minha capacidade, para honrar um povo que disse que quer um governo eficiente, com carinho e respeito. Vou lutar para que a gente faça com que seja o melhor estado do Brasil para se viver", finalizou a fala aos apoiadores em Porto Alegre.

Outra virada foi a de Raquel Lyra (PSDB) sobre Marília Arraes (Solidariedade), que liderou o primeiro turno com cerca de um ponto percentual de vantagem sobre a adversária. Lyra e Arraes foram as primeiras mulheres a chegarem ao segundo turno na disputa pelo governo do estado. A ascensão de Raquel Lyra ao poder põe fim a uma era de mandatos do PSB à frente do estado.

Em seu primeiro pronunciamento como governadora eleita, Lyra dedicou a vitória ao marido Fernando Lucena, que faleceu em 2 de outubro, dia do primeiro turno. Na sequência, parabenizou o presidente eleito — natural de Garanhuns, no agreste do estado — e sinalizou para um diálogo em prol do povo. "Eu sempre disse que, independentemente do presidente eleito, eu iria procurá-lo. Lula foi eleito pelos pernambucanos e pelos brasileiros. Vamos buscá-lo para que ele faça os investimentos necessários em nossa terra", comprometeu-se.

A terceira ultrapassagem tucana ontem ocorreu em Mato Grosso do Sul, onde o empresário Eduardo Riedel (PSDB) foi eleito governador do estado ao derrotar o deputado estadual Capitão Contar (PRTB), que havia chegado ao fim do primeiro turno na liderança. No discurso de campeão, Riedel defendeu "um projeto de desenvolvimento, distribuição de renda, inclusão e qualificação". "Esse é o caminho e, para isso, há muito trabalho e responsabilidade", enfatizou Eduardo Riedel.

Corridas acirradas

Na Bahia, a vitória ficou com Jerônimo Rodrigues (PT), que iniciou a apuração em desvantagem. O petista disse que é necessário "passar uma esponja" nos votos do seu adversário e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil). "A partir de hoje, passa-se uma esponja nos votos para garantir que todos os baianos e baianas terão no meu governo a compreensão de que a eleição serve para isso: fazer um debate de projeto na Bahia", reforçou o ex-secretário de Educação.

Na Paraíba, o triunfo foi de João Azevedo (PSB) contra Pedro Cunha Lima (MDB). Com o resultado, João se tornou o quarto governador a se reeleger no estado. "Obrigado, Paraíba. Obrigado por confirmar que nosso trabalho vai continuar e nosso estado seguirá avançando, mudando verdadeiramente a vida das pessoas. O melhor vem agora", declarou João após o resultado.

A menor margem aconteceu entre os postulantes ao governo de Sergipe. A vitória ficou com Fábio Mitidieri (PSD) que obteve 51,70% dos votos, contra 48,30% do petista Rogério Carvalho. Natural de Aracaju, o candidato do PSD tem 45 anos e disputou a sua primeira eleição para o governo do estado. Em sua trajetória política, ocupou os cargos de vereador, secretário municipal de esportes, secretário de estado do trabalho e deputado federal por dois mandatos.

No Espírito Santo, os eleitores capixabas que voltaram às urnas no segundo turno mantiveram Renato Casagrande (PSB) no cargo de governador. Com 53,80% dos votos, derrotou o adversário Manato (PL), que encerrou a competição com 46,20%. Esta é a terceira vez que José Renato Casagrande, 61 anos, é eleito ao governo do estado.

No Amazonas, Wilson Lima, do União Brasil, continuará no comando da pasta. O governador reeleito manteve a preferência alcançada no primeiro turno e encerrou a apuração com 56,66% dos votos válidos, contra 43,34% de Eduardo Braga (MDB). Lima declarou que o compromisso é "continuar trabalhando pelo povo do Amazonas, fazendo entregas que mudam a vida das pessoas".

Ainda na Região Norte, os eleitores de Rondônia reelegeram Coronel Marcos Rocha (União Brasil) com 52,47% dos votos. O Coronel falou que trabalhará para todos os municípios. "Conseguimos ter uma votação expressiva em Ji-Paraná e outros municípios à frente, com mais de 80% dos votos. Como posso esquecer uma população dessa? Cacoal lá em cima e Porto Velho com uma votação expressiva [...] em todo lugar e eu tenho que trabalhar por todos".

Placar dilatado

A maior diferença nas disputas estaduais foi observada em Santa Catarina, com a ampla vantagem de Jorginho Mello (PL) sobre Décio Lima (PT). A disputa encerrou com 70,69% para Mello, que deixou o cargo no Senado para se candidatar ao governo. Antes de assumir como senador em 2018, foi deputado federal por dois mandatos e deputado estadual quatro vezes.

*Estagiário sob a supervisão de Michel Medeiros

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