O ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi eleito governador de São Pauo. Com 100% das urnas apuradas, ele teve 13.480.643 votos, 55,27% do total. O opositor, ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), teve 10.909.371 votos, 44,73% do total. A disputa entre os dois contou com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) de um lado e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do outro. A eleição no estado é histórica, pois é a primeira vez em 28 anos que o Palácio dos Bandeirantes não será ocupado por um representante do PSDB.
O resultado refletiu o primeiro turno, que terminou com Tarcísio com 42,32% dos votos e Haddad com 35,70%. No primeiro turno, Tarcísio teve 9,8 milhões de votos e Haddad 8,3 milhões. A vitória de Tarcísio também já tinha sido apontada pelos principais institutos de pesquisa do país, apesar de dentro da margem de erro. O último levantamento do Datafolha, divulgado no sábado (29/10), mostrou o ex-ministro de Bolsonaro com 53% e o petista com 47%. Já a pesquisa do Ipec, também divulgada no sábado, indicou Tarcísio com 52% contra 48% de Haddad.
Maior colégio eleitoral do país com 34,6 milhões de eleitores, São Paulo desperta grande interesse dos dois candidatos à Presidência da República. Tanto Lula, quanto Bolsonaro se dedicaram nas semanas que antecederam o segundo turno a aproveitar o palanque de seus candidatos ao governo para angariar votos.
Quem é Tarcísio de Freitas
Ex-ministro da Infraestrutura durante o governo Bolsonaro, Tarcísio é estreante em eleições. Ele tem 47 anos, é engenheiro civil e militar da reserva. Antes de ser ministro, ele foi diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no governo Dilma Rousseff (PT). No órgão, ele assumiu a Coordenação de Projetos da Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), responsável pelo programa de privatizações, concessões e desestatizações. Em 2018, ele foi escolhido pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir a pasta da Infraestrutura. Ele deixou o cargo em 2022, quando se filiou ao Republicanos para concorrer ao governo de São Paulo.
Carioca, Tarcísio foi escolhido por Bolsonaro para disputar as eleições no estado mais populo do país porque o presidente precisava de um palanque forte no estado. Inicialmente, ele não queria aceitar o desafio, mas acabou cedendo. Durante toda a campanha, ele foi criticado por seus oponentes que o chamaram de "forasteiro". Em uma sabatina, Tarcísio causou polêmica quando disse que o estado iria precisar de um "cara de fora de São Paulo" para concluir obras atrasadas. Em uma outra entrevista, quando foi questionado onde ele votaria, Tarcísio se atrapalhou e não soube responder. Após a entrevista, ele virou meme nas redes sociais em que o internautas questionavam se o candidato sabia aspectos básicos sobre o cotidiano paulista.
Tarcísio é figura polêmica no governo Bolsonaro, ele chegou a prometer processar mulheres que fizerem abortos ilegais, disse que pretende retirar as câmeras corporais da Polícia Militar de São Paulo, construir mais presídios e no ano passado participou de motociatas com o presidente Bolsonaro em meio a grave crise da covid-19. Uma foto dele na garupa do presidente chegou a ser estampada no jornal britânico The Guardian, que chamou o episódio de "obsceno".
Após o primeiro turno, ex-reitores das principais universidades paulistas assinaram um manifesto contra Tarcísio, em que eles disseram que a educação pública do estado corre risco com a eleição do ex-ministro. O documento foi articulado pela historiadora Lilia Schwarcz e pelo ex-reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marcelo Knobel.
Tiroteio em ato de campanha
Há duas semanas do segundo turno, um ato de campanha de Tarcísio em Paraisópolis, comunidade na Zona Sul, foi interrompido por um tiroteio. Um homem acabou sendo morto durante a ação. Ninguém da equipe do agora governador eleito ficou ferido. De início, Tarcísio chegou a dizer nas redes sociais que tinha sido vítima de um "atentado". Depois voltou atrás. Nesta semana, no entanto, ele voltou a falar em "ataque à candidatura". A investigação da Polícia Civil descartou que o episódio tenha tido motivações políticas.
Na quinta-feira (27/10), o The Intercept Brasil divulgou que testemunhas teriam visto que os seguranças de Tarcísio teriam matado um homem que estaria desarmado durante o ato. Já a Folha de S. Paulo teve acesso a um áudio que mostra o que seria alguém da equipe do candidato mandando um cinegrafista da Jovem Pan apagar as imagens que ele teria feito do confronto.
O assunto foi tema do último debate entre Tarcísio e Haddad na quinta na TV Globo. Na ocasião, Tarcísio não negou que o vídeo tenha sido apagado a pedido da campanha. "Pode ser que alguém, na tensão, tenha pedido para apagar alguma coisa para preservar a identidade de pessoas que fazem parte da nossa segurança. O que eu lamento é que a imprensa faça sensacionalismo. Eu não estou mais falando nesse assunto. A imprensa, toda hora, traz esse assunto para a pauta", disse.
Campanha
Tarcísio encerrou a campanha em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, berço político do ex-presidente Lula. Na cidade, ele fez uma carreata que terminou na praça da Igreja Matriz, local usado por diversas vezes para comícios petistas.
Chapa com ex-PSDB
O vice na chapa de Tarcísio é Felício Ramuth (PSD). Ex-prefeito de São José dos Campos, Ramuth foi indicado por Gilberto Kassab (PSD) para compor a chapa com Tarcísio. Ramuth foi filiado ao PSDB por 28 anos e deixou o partido em 2022 para disputar as eleições estaduais.
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