Líder das pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido pressionado pelo mercado financeiro a anunciar quem será o ministro da Economia, caso vença as eleições. Ele insiste em manter o mistério, mas, em sabatina do Correio Braziliense, da TV Brasília e da rádio Clube FM, ontem, afirmou que o escolhido será alguém com "responsabilidade fiscal e social". "Meu ministro da Economia terá perfil de um cara que tenha muita inteligência política, uma pessoa que tenha compromisso social, pessoa que tenha que pensar na responsabilidade fiscal e na responsabilidade social", frisou.
Lula argumentou que o ministro tem de lembrar das necessidades das pessoas quando precisar cortar gastos. "Cada vez que a gente pensar que tem de segurar o dinheiro, temos de pensar que tem gente passando fome, dormindo embaixo de ponte, crianças abandonadas", destacou. Segundo ele, será preciso "uma política quase que de guerra" que "envolva toda a sociedade para a gente poder recuperar este país".
O nome de Henrique Meirelles (União Brasil) tem sido cotado para assumir a pasta em um eventual governo petista. Meirelles comandou a pasta da Fazenda no governo Michel Temer e o Banco Central no governo Lula.
O economista declarou voto no petista antes do primeiro turno e se aproximou da campanha. "Eterno presidente Lula não só foi o melhor presidente da história do Brasil como fará ainda mais. A partir de 1º de janeiro, já vamos ver outro Brasil. Um Brasil com otimismo, força, dinâmica e capacidade de trabalhar. O povo brasileiro é criativo e trabalhador, mas precisa de emprego, renda e alimentação", disse, em evento em São Paulo nesta semana.
Em uma publicação no Twitter, na última quarta-feira, Lula afirmou que ainda não conversou com ninguém sobre cargos porque não vai se apressar. "Não quero sentar na cadeira antes das eleições, mas posso dizer que vamos ter muitas mulheres no nosso governo", frisou.
Na sabatina do Correio, ele criticou o fato de que, neste governo, o Orçamento da União ser comandado pelo Parlamento. "Nós vamos conversar com o Congresso o que fazer para voltar à normalidade. Não é normal o Congresso querer administrar o Orçamento. O Orçamento é administrado pelo Poder Executivo. Vou conversar com o Arthur Lira (presidente da Câmara) e com o Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) para a gente discutir esses assuntos", comentou.
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O postulante ao Planalto também enfatizou o desejo de abrir mais concursos públicos e reajustar os salários dos servidores federais. "Nós vivemos, hoje, um Brasil em que os servidores públicos não receberam nenhum reajuste de salário desde 2017. É uma coisa absurda", sustentou.
O candidato da Coligação Brasil da Esperança falou sobre as alegações da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que rádios boicotaram inserções eleitorais do chefe do Executivo. Segundo Lula, as acusações do adversário demonstram "desespero" e "choro de quem sabe que vai perder as eleições".
"Eu não sei o estado psicológico do presidente da República, mas tenho percebido que ele tem perdido o controle. Esse negócio das rádios é uma coisa da incompetência da equipe dele, e nós não temos nada a ver com isso", ressaltou. "Ele tenta criar confusão por conta disso porque está desestruturado, pois percebeu que tem a possibilidade de perder a eleição."
Na avaliação do ex-presidente, a hipótese ventilada por aliados de Bolsonaro sobre adiar o segundo turno das eleições, por conta do episódio, "não pode ser levada a sério". "A gente não pode aceitar essa discussão porque as eleições serão no domingo, as pessoas estão preparadas para votar. Quem vai votar no Bolsonaro vai votar no Bolsonaro, quem vai votar no Lula, vai votar no Lula", argumentou. "Nós, na verdade, temos que disputar pessoas que estão indecisas e as que votaram nulo e branco no primeiro turno, mas é o direito que ele tem de chorar, espernear, de quem sabe que vai perder as eleições."
A equipe de Bolsonaro entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para repor a defasagem alegada pela defesa em relação às rádios. No entanto, a Corte negou o pedido e considerou a denúncia inconsistente. Destacou, ainda, que é responsabilidade das campanhas fiscalizar a veiculação das propagandas eleitorais — o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, reiterou, ontem, não ser atribuição do tribunal controlar os programas (leia reportagem na página 6).
Após a rejeição da ação, Bolsonaro convocou entrevista coletiva de urgência no Palácio da Alvorada para falar sobre o caso das rádios, disse que recorrerá da decisão ao Supremo Tribunal Federal (STF) e reclamou de desequilíbrio em relação ao tempo de propaganda petista.
No pronunciamento, Bolsonaro também acusou a campanha de Lula de aplicar "golpes abaixo da linha da cintura". Questionado sobre a declaração, o ex-presidente respondeu que o adversário tem uma "indústria de fake news" e que o PT rebate alguns ataques. "Nós ganhamos 39 processos para tirar fake news dele. Não sei quantos robôs ele tem, mas tem uma poderosa máquina de contar mentiras."
Isolamento
De acordo com Lula, o Brasil está "isolado" no cenário internacional por causa de Bolsonaro. O chefe do Executivo faz críticas constantes, inclusive em atos de campanha, a países da América Latina, especialmente Venezuela e Argentina. Se eleito, o petista afirmou que vai se reunir com líderes mundiais de países e blocos econômicos.
A entrevista ocorreu no dia em que Lula completou 77 anos. "Neste momento, estou em casa, porque hoje é o meu aniversário", disse.
*Estagiário sob a supervisão de Cida Barbosa
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