Em entrevista coletiva convocada de última hora, ontem à noite, no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai até "as últimas consequências" contra a decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, de não investigar supostas irregularidades nas propagandas eleitorais inseridas nas rádios.
"Nosso jurídico deve entrar com recurso, já que o caso foi para o STF (Supremo Tribunal Federal). De nossa parte, iremos às últimas consequências, dentro das quatro linhas da Constituição, para fazer valer aquilo que nossas auditorias constataram. Realmente é um enorme desequilíbrio no tocante às inserções e, obviamente, interfere na quantidade de votos no final da linha", argumentou ele, que estava em campanha na cidade de Teófilo Otoni (MG) e ia ao Rio de Janeiro, mas resolveu retornar a Brasília por causa da "gravidade" da situação.
Bolsonaro sustentou que sua campanha apresentou provas contundentes de boicote de rádios e que o ministro "inverteu" o processo. "O senhor Alexandre de Moraes, como se diz no linguajar popular, matou no peito o processo e encaminhou para o Supremo Tribunal Federal. Parte ou todo ele, para o inquérito de fake news, que ele mesmo conduz. É um inquérito que não segue a nossa Constituição e não tem respaldo do Ministério Público também", enfatizou. "A peça pede ainda, de forma preliminar, que o partido tem que responder por ter usado o Fundo Partidário de maneira irregular, porque, segundo o senhor Alexandre de Moraes, o Fundo Partidário não pode ser usado para fazer auditoria. E, mais ainda, mandou investigar o autor da denúncia, que estaria tentando tumultuar o processo eleitoral."
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Vítima
Bolsonaro fez atos, ontem, em três cidades do interior de Minas Gerais. Em Teófilo Otoni, ele falou da ação protocolada no TSE. "Vocês estão acompanhando as inserções do nosso partido que não foram passadas em dezenas de milhares de rádios pelo Brasil. Sou vítima mais uma vez. Onde poderiam chegar as nossas propostas, nada chegou", alegou, ao lado do vice na chapa, Braga Netto (PL).
O chefe do Executivo comentou sobre a exoneração do funcionário do TSE Alexandre Gomes Machado. O servidor alegou, em depoimento à Polícia Federal, que sua saída da Corte foi em represália por ter alertado sobre falhas na divulgação de propagandas eleitorais.
"Não será demitindo um servidor que o TSE vai botar uma pedra nessa situação. Aí tem dedo do PT. Não tem coisa errada no Brasil que não tenha dedo do PT", frisou. "O que foi feito, comprovado por nós, pela nossa equipe técnica é interferência, manipulação de resultado. Eleições têm de ser respeitadas, mas, lamentavelmente, PT e TSE têm muito que se explicar nesse caso." Segundo a Corte, porém, Machado foi exonerado por assédio eleitoral, inclusive, por motivações políticas.
O candidato à reeleição destacou que Moraes "é muito rápido para punir, investigar empresários e prender gente", mas que falta "boa vontade" para resolver o caso, que, segundo ele, "pode chegar ao PT". "Inserções de 30 segundos do PT estão dizendo que eu vou acabar com as férias e com o 13º. Como é que eu combato isso? Entrando na Justiça? Faltando poucos dias para as eleições, quanta gente vai acreditar nessa mentira do PT? É difícil você disputar uma eleição acirrada tendo um TSE parcial, um TSE que tem colaborado o tempo todo com tudo que o PT ajuíza lá", acusou.
Apelo
No comício, Bolsonaro afirmou que a visita ao estado não tinha o objetivo de "virar votos", mas de consolidar sua reeleição. "Tenho um grande orgulho de ser presidente deste Brasil, entendo que é uma missão do nosso Deus. Estamos aqui na reta final deste segundo turno, não para virar, porque Minas já virou, mas para consolidar a nossa reeleição", destacou, citando dados da economia.
Ele insistiu na pauta conservadora ressaltando que, com "a família ajustada, todo mundo lucra" e que "o PT sempre atacou os valores familiares". O presidente acrescentou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é a favor da legalização das drogas. "De droga, já chega o PT", frisou. Também apelou aos que se abstiveram de votar no primeiro turno das eleições. "Os que não foram votar, vamos votar agora porque é um voto bastante rápido, é só para presidente da República. É só chegar lá na urna, botar 22 e confirmar", pediu.
O governador reeleito de Minas, Romeu Zema (Novo-MG), defendeu a recondução do chefe do Executivo. "Aquilo que o PT destrói, nós vamos atrás para construir. Neste domingo, nós temos uma decisão muito importante: ou nós vamos votar pelo futuro do Brasil, pelo futuro de Minas, ou então pelo passado. Acho que ninguém aqui quer voltar para o passado de escândalo, corrupção de obras inacabadas. Nós queremos um futuro melhor, e o futuro melhor será com o presidente Bolsonaro".
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