Eleições

Bolsonaro diz que Forças Armadas continuam na "busca de possíveis fraudes"

O presidente voltou a colocar em dúvida as urnas eletrônicas, disse desconhecer relatório das Forças Armadas, mas pontuou que a corporação continua "na busca de possíveis fraudes"

Ingrid Soares
postado em 23/10/2022 23:52 / atualizado em 23/10/2022 23:52
Ao contrário do que afirma o presidente, todo o processo pode ser auditado -  (crédito: Reprodução / Redes Sociais)
Ao contrário do que afirma o presidente, todo o processo pode ser auditado - (crédito: Reprodução / Redes Sociais)

Na noite deste domingo (23/10), o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de uma sabatina na Record TV. O chefe do Executivo foi entrevistado sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que faltou ao evento que era para ser um debate. O presidente voltou a colocar em dúvida as urnas eletrônicas, disse desconhecer relatório das Forças Armadas, mas disse que a corporação continua "na busca de possíveis fraudes". Em 26 anos de existência das urnas eletrônicas nas eleições brasileiras, nunca houve comprovação de fraude ou manipulação de resultados. 

"Desconheço qualquer relatório por parte das Forças Armadas. Eles continuam trabalhando na busca de possíveis fraudes, porque não dizer isso, né? E o trabalho deles é louvável. De vez em quando eu converso com um ou outro militar, ou melhor, o ministro da Defesa sobre essa questão. Eles preparam um relatório e esse relatório será apresentado no momento oportuno. Digo, nós não temos poder de fazer auditoria nas urnas eletrônicas".

"Há aproximadamente três anos, a Polícia Federal concluiu dois inquéritos que foram pelas linha da impossibilidade de auditar as urnas eletrônicas. A gente pede a Deus que tudo corra normalmente, mas deixo claro as Forças Armadas tem um trabalho louvável no tocante a isso. Tiveram dificuldade de colocar as nossas equipe técnicas das Forças Armadas com a equipe técnica do TSE. Esperamos que tudo corra dentro da normalidade e que o vencedor tenha os votos que as urnas apresentam", concluiu.

Ao contrário do que afirma o presidente, todo o processo pode ser auditado. Segundo o TSE, antes da eleição, os códigos-fonte usados na urna eletrônica podem ser conferidos no Tribunal. Durante todo o processo eleitoral, é permitido checar e auditar todos os softwares que realizam a totalização dos votos. Por fim, depois da votação, tudo fica registrado no Boletim de Urna (BU), um relatório detalhado, que contém, entre outras informações, o total de votos por partido e por candidato, bem como a totalidade de eleitores aptos a votar na seção e a quantidade de votos nulos e brancos.

No primeiro turno, os militares não encontraram irregularidades. No último dia 19, o presidente afirmou que as Forças Armadas "não fazem auditoria" de urnas. A declaração ocorreu no Palácio da Alvorada, em conversa com jornalistas.

"Olha, as Forças Armadas não fazem auditoria. Lançaram equivocadamente. A Comissão de Transparência Eleitoral não tem essa atribuição. Então, furada, fake news", alegou.

Bolsonaro ainda negou que tenha falado em relatório: "Você está botando na minha boca agora? Não bota na minha conta, não".

No entanto, em pronunciamento após confirmação do segundo turno, no último dia 2, ao ser questionado sobre a confiança nos números divulgados pelas urnas e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente respondeu que iria aguardar um parecer das Forças Armadas.

"Vou aguardar o parecer das Forças Armadas que ficaram presentes lá na sala-cofre, repito, elas foram convidadas a integrar a comissão de transparência eleitoral. Então, fica a cargo do ministro da Defesa tratar desse assunto", disse na data.

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