Eleições 2022

TSE nega ter intimado pastor André Valadão a desmentir fake news

Pastor disse ontem, em vídeo nas redes sociais, que Moraes teria determinado que ele afirmasse que Lula "não é a favor do aborto". Ao Correio, assessoria da corte eleitoral desmentiu bolsonarista

Ingrid Soares
postado em 20/10/2022 18:30 / atualizado em 20/10/2022 18:31
 (crédito: Reprodução/Twitter)
(crédito: Reprodução/Twitter)

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou nesta quinta-feira (20/10) que o único processo eleitoral contra o pastor André Valadão no tribunal está sob relatoria da juíza auxiliar, a ministra Maria Claudia Bucchianeri, e não do ministro Alexandre de Moraes. A informação foi confirmada pela assessoria da corte eleitoral ao Correio e desmente o pastor bolsonarista.

"O processo está em tramitação e ainda não tem nenhuma decisão. A parte foi intimada pelo TSE, no dia 6 de outubro, apenas para que tenha ciência do processo e apresente defesa no prazo de um dia. O último andamento foi 19 de outubro com envio dos autos para que o Ministério Público Eleitoral se manifeste em um dia", informou.

Valadão encenou, nas redes sociais, ontem à noite, uma retratação de acusações feitas por ele contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência. O pastor afirmou, em vídeo, ter sido obrigado por Moraes a dizer que o petista “não é a favor do aborto, da descriminalização das drogas e de liberar pequenos furtos”.

"Pseudo direito de resposta"

Vestindo uma camisa preta, com um fundo preto e música dramática como trilha sonora, o evangélico aproveitou para desmentir uma informação enganosa que costuma propagar em suas redes sociais, de que o petista é a favor de flexibilizar as leis relacionadas a pequenos furtos para permitir que criminosos fiquem livres. “Os trombadinhas entrarão na sua casa, roubarão sua TV, roubarão seu celular, você correrá risco de vida e nada acontecerá com eles”, disse Valadão, durante a retratação, acenando negativamente com a cabeça.

No final da tarde de hoje, Valadão publicou, nas redes sociais, uma cópia do processo movido contra ele pela coligação Brasil da Esperança, formada por partidos que compõem o palanque do ex-presidente Lula. Junto ao documento, alegou que, "a fim de que o pedido perdesse o objeto, para que não houvesse invasão ao meu perfil, sob o manto de um pseudo direito de resposta, gravei o vídeo em sentido contrário ao inicialmente feito".

"Recebi citação do TSE para que me manifestasse, no prazo de 1 (um) dia, sobre representação da Coligação do Lula, em que eles pediam que houvesse direito de resposta a um vídeo em que falei sobre a relação entre Lula e temas como aborto, descriminalização das drogas, furtos, regulação da mídia e liberdade de expressão. Desejavam que, pelo mesmo veículo (meu perfil no Instagram), eu desdissesse o que havia gravado. A fim de que o pedido perdesse o objeto, para que não houvesse invasão ao meu perfil, sob o manto de um pseudo direito de resposta, gravei o vídeo em sentido contrário ao inicialmente feito.Encaminhei o caso aos meus advogados. Deus abençoe o Brasil", escreveu.

Ainda nesta quinta-feira, o deputado federal Alexandre Frota (Pros-SP) disse ter apresentado uma denúncia ao Tribunal Superior Eleitoral contra o pastor André Valadão, após o religioso mentir sobre a intimação. Segundo Frota, o pastor bolsonarista pode ter apresentado uma decisão judicial falsa com fins eleitorais. Falsificar documento público com este fim é crime eleitoral com pena que pode chegar a seis anos de reclusão.

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