São Paulo — O candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou, nesta terça-feira (18/10), de uma reunião virtual com comunicadores e influenciadores simpatizantes da campanha do petista. Ao analisar a divulgação de notícias falsas pela campanha do opositor, Lula afirmou que Bolsonaro não é um político comum.
“Todos nós sabemos que estamos enfrentando um cidadão anormal, um cidadão que faz da mentira a sua forma de fazer política”. Lula afirmou, ainda, que viu uma entrevista antiga de Bolsonaro, na qual ele dizia textualmente que, sem mentiras, não se conseguiria ganhar as eleições e concluiu que um candidato que mente para ganhar também mentirá quando estiver no governo.
Aos comunicadores, Lula pediu que as mentiras não sejam simplesmente respondidas. Segundo ele, as respostas precisam ir acompanhadas de propostas e de realizações. “Mas a gente não pode apenas rebater as mentiras, mas precisamos em cada resposta uma proposta do que a gente pode fazer” apontou o candidato.
Lula apontou também que não espera uma disputa fácil em 30 de outubro. Para ele, em função de medidas como a ampliação do Auxílio Brasil e a redução da gasolina, Jair Bolsonaro (PL) extrapolou o uso da máquina pública na tentativa de se reeleger. “Vai ser uma eleição muito difícil. Eu nunca vi na história do Brasil, alguém gastar a quantidade de dinheiro que esse homem está gastando”, disse.
O petista afirmou, mais uma vez, que Bolsonaro faz parte de um movimento global da extrema-direita. “É por isso que eu espero que a gente consiga organizar as forças democráticas deste país para enfrentar o negacionismo, a barbárie e o fascismo que tentam implantar nesse país. Mas o Bolsonaro não está sozinho; ele está ligado a uma corrente de extrema-direita do mundo, que já governa a Hungria, que agora ganhou a Itália, que tem muitas disputas em vários países da Europa”, apontou Lula.
Branco da paz
Também presente ao encontro, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira colocada no 1º turno, apontou que ela e Ciro Gomes conquistaram juntos cerca 8 milhões de votos, e que muitos desse eleitores ainda estão indecisos. Por essa razão, segundo a senadora, “não é hora de pregar para convertidos, agora é hora de conquistar votos”.
Precisamente para apresentar uma alternativa à cor vermelha, tradicionalmente usada pelo PT, é que a senadora sugere a utilização da cor branca. “Não tenho nenhum problema com o vermelho, é cara do PT, e vocês têm que ter o maior orgulho disso. Sugeri o branco, da paz, da união de todas as cores”, pois, segundo ela, “essa é uma eleição que não tem margem para erro”.
A primeira parte do encontro foi aberta, com transmissão por meio das redes sociais da campanha de Lula. A reunião foi coordenada pelo prefeito de Araraquara-SP, Edinho Silva (PT). Além de Lula e Simone Tebet, participaram da conversa o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP); os deputados federais eleitos Guilherme Boulos (Psol-SP) e André Janones (Avante-MG); a candidata a vice-presidente na chapa de 2018 de Fernando Haddad, Manuela d'Ávila (PCdoB); e os presidentes do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), e do e PDT, Carlos Lupi.
Reunião fechada
Todos os participantes apontaram o problema das notícias falsas como o maior temor durante o processo eleitoral. Ele ressaltaram a necessidade de um esforço em combater essa desinformação com a maior agilidade possível.
Para Manuela d'Ávila, o momento é de informar. “Agora é menos hora de lacrar e mais hora de informar”, disse a ex-deputada. Ela defendeu que cada um dos comunicadores e influenciadores explique, em seus depoimentos pessoais, por que vota em Lula, “Vamos produzir conteúdo em primeira pessoa”, propôs.
André Janones apontou a necessidade de se centralizar a estratégia de comunicação com todo o coletivo de comunicadores, abordando um assunto por vez, como seria a prática da campanha do adversário, “Devemos centralizar a comunicação, unificar as pautas no dia”, disse Janones. Ele ponderou, no entanto, que os assuntos mudam de forma muito rápida. O deputado mineiro também recomendou que sejam evitadas as críticas a artistas que declaram apoio ao presidente Bolsonaro. Para ele o apoio desses artistas não traz mais votos para o presidente. Mas a crítica ao posicionamento por parte da campanha de Lula pode provocar esse efeito.
O presidente do PDT, por sua vez, deu a entender que acredita que o atual presidente tenha financiamento norte-americano. “Tem dinheiro americano nisso, a gente está enfrentando uma máfia com muito dinheiro atrás”, especulou Carlos Lupi.
Já Randolfe e Gleisi apontaram os trabalhos que estão sendo realizados dentro dos tribunais contra a divulgação das notícias falsas. Citaram a reunião de ontem com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. A presidente do PT apontou que, mesmo importante, a intervenção do tribunal não tem sido suficiente para evitar a desinformação.
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