São Paulo — Em um clima totalmente diferente do primeiro debate presidencial do primeiro turno, o evento realizado ontem na sede do Grupo Bandeirantes no bairro do Morumbi, em São Paulo, teve segurança reforçada e poucos convidados dos partidos.
A emissora informou que forneceu um número igual ao do primeiro turno de credenciais aos candidatos, mas fora do estúdio onde aconteceu o debate o clima era calmo com a maioria dos lugares destinados aos partidos ocupados por jornalistas. Do lado da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) via-se o deputado estadual eleito em São Paulo, Tomé Abdush (Republicanos), o advogado do presidente, Frederick Wassef, e poucos dirigentes da campanha. No lado do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, prestigiaram o evento o a ex-ministra e deputada federal eleita Marina Silva (Rede), o deputado eleito Guilherme Boulos (PSol), além de mais alguns dirigentes.
Segundo algumas pessoas relacionadas com as campanhas, a opção foi pela cautela e por deixar o embate entre os candidatos acontecer dentro do estúdio. Nas imediações da emissora, apesar de uma garoa mais amena que no evento do primeiro turno, nem uma centena de apoiadores das duas campanhas compareceram ao local em apoio aos candidatos.
Sem animosidades, ou mesmo torcida, fora do estúdio onde debatiam Bolsonaro e Lula, o clima era de acompanhar os telões onde transcorria o programa. O único momento de maior alvoroço foi na chegada do ex-juiz e senador eleito pelo Paraná, Sérgio Moro (União), que, acompanhado do coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, seguiu direto para o camarim do presidente e acompanhou o evento dentro do estúdio principal, onde, além dos jornalistas do pool de veículos promotores do evento, apenas alguns poucos assessores estavam.
Como o debate não contou com plateia, apenas alguns jornalistas dos veículos que realizaram o evento além de poucos convidados especiais dos candidatos puderam acompanhar o debate no estúdio da emissora.
O presidente Bolsonaro escolheu para compor esse grupo de assessores mais próximos os ministros Ciro Nogueira e Fabio Faria, o coordenador de comunicação da campanha Fabio Wajngarten, o vereador do Rio de Janeiro e filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro, o major e ajudante de ordens Mauro Cid, além da grande novidade da noite, o ex-juiz Sérgio Moro (União).
Já Lula contou com a esposa, a socióloga Janja da Silva, a presidente do PT e deputada federal reeleita, Gleisi Hoffmann (PT-PR), o coordenador da campanha petista, Aloizio Mercadante, e o vice na chapa, Geraldo Alckmin (PSB), e mulher dele, Lu Alckmin.
Depois das cenas de brigas entre os apoiadores de Bolsonaro e Lula no último encontro, ontem o evento realizado pela emissora teve segurança reforçada, barreiras de divisão da plateia que era ocupada quase que exclusivamente por jornalistas. Sem empolgação na audiência durante o debate, os convidados da campanha de Bolsonaro saíram antes da última fala do presidente.
Guilherme Boulos avaliou positivamente a participação do ex-presidente Lula no embate, segundo ele “Enquanto Bolsonaro tenta construir uma guerra santa, o ex-presidente Lula conseguiu trazer a discussão do Brasil real” apontou. Já para Marina Silva “Foi um debate difícil, poque o adversário (Bolsonaro) vive em uma realidade paralela”, completou a ex-ministra comentando os dados de desmatamento da Amazônia apresentados pelo presidente.
Após o encerramento do debate o Presidente Jair Bolsonaro apareceu para falar com a imprensa, mas quem falou foi Moro que estava ao seu lado. O ex-juiz associou o PT ao crime organizado e facções criminosas. E disse que o candidato Lula não respondeu quando indagado sobre corrupção, e marcou sua posição "Sou contra o Lula, e contra a volta do PT". Quando questionado se mantinha a sua acusação de interferência na Polícia Federal encerrou a entrevista e saiu junto com o presidente.
Chegada nervosa
O primeiro a chegar foi o candidato petista, que falou brevemente com a imprensa e afirmou que esperava um debate verdadeiro onde se discutam propostas para o Brasil. Questionado sobre a decisão de ontem do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proibiu a veiculação de vídeos que ligaria atos pedófilos ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista disse que ainda não sabia da decisão, mas reiterou que se poderia esperar qualquer coisa de Bolsonaro.
"Ele agiu com muita má fé com aquelas meninas, como assim 'pintou um clima?'", questionou o presidenciável. Lula completou: "ele (Bolsonaro) deveria ser ainda mais respeitoso com aquelas meninas que tinham a idade para ser a filha dele".
Poucos minutos depois chegou o presidente Bolsonaro, visivelmente nervoso, falou rapidamente com a imprensa quando afirmou que está vivendo "As piores 24 horas da minha vida".
Bolsonaro disse que as acusações de pedofilia são criações do PT, que teria utilizado uma fala sua descontextualizada. Segundo o presidente, falar sobre o "clima" de algo é comum para ele "Eu digo que não tem clima para aprovar uma projeto", exemplificou para afirmar que o clima com as adolescentes foi "um clima de eu poder entrar na casa das meninas, nada no tocante à pedofilia, obviamente o que aconteceu ali" concluiu.
Demonstrando irritação com as perguntas dos jornalistas sobre o tema, o presidente disse que, após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, o assunto estava encerrado, questionou sobre outras perguntas e, com a insistência dos repórteres, encerrou a coletiva e seguiu para o camarim.
Para o deputado eleito Guilherme Boulos (PSol-SP), entre os convidados para o debate, o presidente precisa dar explicações sobre as suas declarações. "Ele disse em um podcast, em público, ele precisa se explicar" afirmou.
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