ELEIÇÕES 2022

Moraes: "novas fake news" são manipulações de notícias reais da imprensa

Ministro mostra que disseminadores de mentiras recolhem notícias verdadeiras na imprensa, mas manipulam conteúdo para enganar

Luana Patriolino
postado em 14/10/2022 03:55
 (crédito: Alejandro Zambrana/Secvom/TSE)
(crédito: Alejandro Zambrana/Secvom/TSE)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, chamou a atenção, ontem, para o novo dispositivo que está sendo utilizado nas campanhas eleitorais: a utilização da mídia tradicional para a disseminação de mentiras e desinformações na internet. Essa modalidade foi classificada por ele como a "segunda geração" das fake news.

Segundo o ministro, há duas formas de manejo das notícias falsas em utilização nas redes sociais. "A primeira delas é a manipulação de algumas premissas verdadeiras, que junta várias informações verdadeiras que aconteceram chegando a uma conclusão falsa. A segunda delas é a utilização de mídias tradicionais para se plantar fake news e, a partir disso, as campanhas replicam essas fake news, dizendo que 'isso é uma notícia'", explicou.

Moraes afirmou, ainda, que a Justiça Eleitoral está pronta para punir os responsáveis por disseminar fake news. "Não se pode admitir mídia tradicional de aluguel, que faz uma suposta informação jornalística absolutamente fraudulenta para permitir que se replique isso. Esses casos cresceram muito a partir do segundo turno, e devem ser combatidos para garantir a informação de verdade", avisou.

A contra-ofensiva do TSE às mentiras foi durante o julgamento de uma ação protocolada pela campanha do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a remoção de um vídeo publicado pelo canal bolsonarista Brasil Paralelo. Por 4 x 3, a Corte decidiu suspender o material, sob pena de multa de R$ 10 mil por cada dia de veiculação.

Os ministros consideraram que a peça elaborada pelos apoiadores de Bolsonaro causa "desordem informacional" por atribuir a Lula a culpa direta por casos de corrupção que ocorreram durante o mandato como presidente da República, como, por exemplo, o escândalo do Mensalão.

Na sessão, o ministro Ricardo Lewandowski, vice-presidente do TSE, destacou que a matéria divulgada pelo Brasil Paralelo atribui a Lula escândalos com os quais o petista jamais teve conexão. Por isso, segundo ele, o material representava uma "grave desordem informacional". "Estamos diante de um fenômeno novo, o fenômeno da desinformação, que vai além da fake news. O eleitor não está preparado para receber esse tipo de desordem informacional", ressaltou.

Mídia tradicional

O TSE também discutiu a responsabilidade da mídia tradicional sobre as fake news. Para Moraes, os veículos também devem ser punidos caso divulguem notícias falsas. A afirmação foi durante apreciação de uma ação contra o site Lulaflix, criado pela campanha de Bolsonaro para atacar o petista.

"Não podemos achar que mídias tradicionais só falam a verdade. Se a mídia tradicional também propaga notícia falsa, as consequências legais são as mesmas das redes sociais. Não é por ser mídia tradicional que pode falar o que bem entender", observou.

Nessa ação, os ministros do TSE decidiram manter o Lulaflix no ar, mas determinaram a remoção do vídeo sobre o "kit gay". A Corte ainda ordenou que sejam feitos ajustes no página da web para esclarecer que se trata de um material de campanha dos bolsonaristas.

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