Em sua segunda visita a Belo Horizonte em menos de uma semana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu entrevista exclusiva aos Diários Associados, veiculada no Jornal da Alterosa e sob condução do jornalista Ricardo Carlini.
Na ocasião, o presidente comentou sobre uma estratégia adotada pela campanha de Lula (PT) no segundo turno, com divulgação de vídeos antigos para tentar insuflar a rejeição ao candidato à reeleição. Em um dos mais polêmicos, Bolsonaro fala sobre comer a carne de um indígena morto.
"Me rotularam de canibal. Não tem cabimento uma questão dessas daí. Até porque canibalismo é crime, até onde eu sei. Isso é um vídeo de 30 anos atrás numa reserva indígena Yanomami, onde o indígena que morria, no caso jovem, no ritual, tinha o corpo cozinhado. Tinha uma equipe nossa, por coincidência, nesse dia lá, e quem fosse lá teria de comer como ritual. O pessoal estava lá discutindo quem queria ir, quem não queria, tem dois ou três que queriam, o resto não quis. Não fomos ninguém. E daí botaram em cima de mim a pecha de canibal. Não tem cabimento", refutou.
Bolsonaro também desmentiu a informação de que tem planos para entregar o comando do Ministério do Trabalho e Previdência ao ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Disse que sua relação com o senador, que tentou sem sucesso ser governador de Alagoas, neste ano, se restringe a visitas protocolares com parlamentares.
Propostas para o segundo mandato e apoio de Zema
Bolsonaro também tratou sobre as estratégias de campanha no segundo turno, citou medidas tomadas no primeiro mandato e listou propostas para a possibilidade de mais quatro anos no Palácio do Planalto.
Ao lado do governador reeleito e aliado na campanha do segundo turno, Romeu Zema (Novo), ele elogiou o gestor. "Os apoios que vêm da articulação do governador reeleito são fundamentais para a gente virar o jogo aqui em Minas Gerais", enfatizou, numa menção ao desafio de superar a vantagem de cerca de seis milhões de votos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Temas como gestão da pandemia, orçamento secreto e relacionamento com o Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) ficaram fora das falas do presidente.
Sobre economia, o presidente destacou o esforço para a redução do preço dos combustíveis. "A questão do combustível não foi canetada, como se fazia no passado. Foi acordo nosso com o Parlamento e foi votada, então, uma proposta de emenda à Constituição botando um teto no ICMS de 17%, que é o imposto estadual. Nós zeramos os impostos federais, isso fez a gasolina ir para baixo e arrastou o etanol, porque o etanol perderia competitividade", frisou.
Michelle
O presidenciável do PL elogiou a mulher, Michelle, e disse que ela tem "ajudado na campanha". "Eu não sabia desse potencial dela. Ela apareceu pela primeira vez falando em público por ocasião da convenção minha, e ela realmente fala e fala 20, 30 minutos, e não cansa ninguém, e fala muito bem", destacou. "Tem andado pelo Brasil agora, falando do que ela faz com várias pessoas."
A inclusão da primeira-dama na campanha é apontada como uma estratégia para melhorar a inserção de Bolsonaro entre o eleitorado feminino, em que o presidente tem forte rejeição.
Ele aproveitou para pedir desculpas por sua postura. "Alguns não votam em mim dado meu comportamento que, por vezes, exagero, sou um pouco agressivo nas palavras, isso vem de nossa indignação, eu peço desculpas a essas pessoas. O que está em jogo aqui não são esses deslizes por parte do presidente, que falou um palavrão, o que a gente procura é melhorar. Peço desculpa. Isso aí que nós precisamos, de gente para bem administrar o nosso país", concluiu.
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