No domingo (9/10), apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram um período de 21 dias de jejum e orações pelo país. A convocação para a manifestação de cunho religioso usa o argumento de que uma eventual vitória de Lula (PT) para a Presidência representa uma ameaça ao Brasil e à fé cristã.
O chamado jejum espiritual deve durar até 29 de outubro, véspera da votação para o segundo turno que acontece no domingo (30/10). A prática é comum entre os cristãos e usada para renovar as forças antes de enfrentar dificuldades. O ato consiste em ficar sem se alimentar durante um período por motivos relacionados à fé. Na Bíblia, há o relato do jejum de 40 dias e 40 noites que Jesus enfrentou no deserto.
Jejum de Daniel
O período de 21 dias de sacrifício está relacionado ao jejum do profeta Daniel. Segundo a Bíblia, Daniel deixou de comer a comida sofisticada do rei da Babilônia e se alimentou somente de vegetais e bebeu apenas água durante esse período.
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A prática é considerada um jejum parcial, em que a pessoa evita comer coisas saborosas. O objetivo é ter maior comunhão com Deus ao sacrificar o prazer de comer durante algum tempo. Ele pode ser mais prolongado que um jejum total de alimentos e é ideal para quem não pode ficar sem se alimentar totalmente por algum motivo. Também é recomendado para quem quer fazer um jejum mais longo, sem comprometer a saúde.
Convocação
O prefeito de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, Gleidson Azevedo (PL), anunciou, no domingo, nas redes sociais, que deixará de beber "Coca-Cola" por 21 dias para que os eleitores votem em Bolsonaro.
O jejum espiritual tem sido adotado desde o primeiro turno, principalmente por pastores, influenciadores evangélicos e políticos de direita.
"Como prefeito da minha cidade, convoco todos vocês cristãos e lideranças espirituais para a gente estar entrando neste jejum, porque agora é o momento de Deus agir", afirmou.
"É um momento para a gente estar se unido e em jejum em prol do nosso presidente. Convoco todos vocês para podermos virar este jogo", finalizou.
Gleidson é irmão do deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC), eleito senador com apoio de Bolsonaro.
A primeira-dama Michelle Bolsonaro também publicou em suas redes sociais uma convocação de 21 dias de orações e jejum pelo Brasil, no domingo. No primeiro turno, ela apoiou uma campanha feita por pastores evangélicos de 30 dias de jejum e orações. E, há quatro dias da votação, fez nova convocação para uma corrente de jejum e oração de 12 horas.
Já no sábado (8/10), foi a vez do vereador Nikolas Ferreira (PL) convocar seus seguidores para o mesmo período de jejum e orações pelo Brasil. Nikolas, que é cristão, foi o deputado federal mais votado do Brasil e também apoia Bolsonaro.
21 dias de Jejum e oração pelo Brasil. Vamos? ???????????????? pic.twitter.com/SeTrWnz0fL
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) October 8, 2022
No vídeo, publicado nas redes sociais, ele explica o que é e a finalidade do jejum. "É uma disciplina espiritual que não somente nós cristãos fazemos. Em várias outras religiões faz-se isso para diminuir a nossa vontade, para que a vontade de Deus seja feita."
Em seguida, o vereador afirma que há uma batalha espiritual em curso. "Há pessoas que lutam para matar crianças dentro do ventre, para cercear sua liberdade - religiosa, inclusive - para legalizar as drogas. Acredito que, como cristãos, precisamos lutar não somente no campo político, mas também no campo espiritual", completa.
Nikolas convoca ainda os jovens para aderirem ao jejum. "Não é greve de fome, não é usar isso para emagrecer, pelo contrário. É tirar algo que te custe na sua vida para que você dedique mais tempo com Deus, de oração. Para matar suas vontades carnais e fazer a vontade de Deus, para que o propósito de Deus seja feito na nossa nação."
Ele pede que os seguidores deixem de consumir alimentos que gostem no dia-a-dia, como doces, refrigerantes e café. Outra possibilidade é deixar de assistir programas ou séries que a pessoa goste.
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