ELEIÇÕES 2022

Lula joga pesado em Minas para tentar "manter o cinturão" no estado

Depois de ganhar de Bolsonaro no estado, o candidato do PT amplia a ofensiva para tentar "manter o cinturão" no segundo turno. Petista manda recado a Zema, que anunciou apoio ao presidente Jair Bolsonaro

Matheus Muratori
Natasha Werneck
Thiago Bonna
Ígor Passarini
postado em 10/10/2022 03:00
Durante a caminhada em BH, Lula asteou uma bandeira do Brasil e balançou-a -  (crédito: Túlio Santos/EM/DA Press)
Durante a caminhada em BH, Lula asteou uma bandeira do Brasil e balançou-a - (crédito: Túlio Santos/EM/DA Press)

Belo Horizonte — A região centro-sul da capital mineira amanheceu com o dia nublado, ontem, e as ruas lotadas de camisas e bandeiras vermelhas. A presença do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, mobilizou milhares de mineiros para uma caminhada entre as praças da Liberdade e Tiradentes, no Bairro Funcionários.

Além de ressaltar a representatividade de Minas Gerais, o petista mandou recado ao governador reeleito de Minas, Romeu Zema (Novo), sobre o apoio dele ao seu adversário neste segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL).

O petista também afirmou que, se for eleito, destinará mais recursos para Minas Gerais. O ato faz parte de nova estratégia do presidenciável para a reta final da campanha. "Carta marcada" na agenda de ambos os candidatos desde o primeiro turno, Minas foi uma das principais pautas do ex-presidente.

A sensação é de que Lula quer "defender o cinturão" conquistado no estado, segundo maior colégio eleitoral do país. Além disso, o papel dos mineiros nas eleições é histórico. Desde o pleito presidencial de 1955, quem venceu em Minas chegou à Presidência do Brasil.

  • Lula, que estava em uma caminhonete, passou bem próximo de apoiadores durante a caminhada Túlio Santos/EM/DA Press
  • Lula, que estava em uma caminhonete, passou bem próximo de apoiadores durante a caminhada Túlio Santos/EM/DA Press
  • Caminhada de Lula partiu da Praça da Liberdade e foi até a Praça Tiradentes. Túlio Santos/EM/DA Press
  • Com bandeira do Brasil estendida no capô da caminhonete em que estava, Lula acenou para os apoiadores Túlio Santos/EM/DA Press
  • Centenas de apoiadores estiveram presentes na caminhada de Lula em BH Túlio Santos/EM/DA Press
  • Caminhada de Lula partiu da Praça da Liberdade e foi até a Praça Tiradentes. Túlio Santos/EM/DA Press
  • Centenas de apoiadores estiveram presentes na caminhada de Lula em BH Túlio Santos/EM/DA Press
  • Durante o ato político em Belo Horizonte, Lula também acusou Bolsonaro de ser o "campeão mundial das fake news" e que vai usar repelentes antes de debates com o presidente Túlio Santos/EM/DA Press
  • Lula acenou e conversou com apoiadores na caminhada que fez em BH Túlio Santos/EM/DA Press
  • Lula acenou e conversou com apoiadores na caminhada que fez em BH Túlio Santos/EM/DA Press
  • Lula acenou e conversou com apoiadores na caminhada que fez em BH Túlio Santos/EM/DA Press
  • Lula acenou e conversou com apoiadores na caminhada que fez em BH Túlio Santos/EM/DA Press
  • Lula, que estava em uma caminhonete, passou bem próximo de apoiadores durante a caminhada Túlio Santos/EM/DA Press
  • Lula, que estava em uma caminhonete, passou bem próximo de apoiadores durante a caminhada Túlio Santos/EM/DA Press
  • Caminhada de Lula partiu da Praça da Liberdade e foi até a Praça Tiradentes. Túlio Santos/EM/DA Press
  • Com bandeira do Brasil estendida no capô da caminhonete em que estava, Lula acenou para os apoiadores Túlio Santos/EM/DA Press
  • Centenas de apoiadores estiveram presentes na caminhada de Lula em BH Túlio Santos/EM/DA Press
  • Caminhada de Lula partiu da Praça da Liberdade e foi até a Praça Tiradentes. Túlio Santos/EM/DA Press
  • Durante o ato político em Belo Horizonte, Lula também acusou Bolsonaro de ser o "campeão mundial das fake news" e que vai usar repelentes antes de debates com o presidente Túlio Santos/EM/DA Press
  • Durante a caminhada em BH, Lula asteou uma bandeira do Brasil e balançou-a Túlio Santos/EM/DA Press
  • O ex-presidente do Brasil (2003-2010) e candidato à presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Inácio Lula da Silva (E) fala ao lado do músico e escritor brasileiro Chico Buarque durante um comício de campanha em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, Brasil em 9 de outubro de 2022. DOUGLAS MAGNO / AFP
  • Apoiadores do ex-presidente do Brasil (2003-2010) e do candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Inácio Lula da Silva (C) participam de um comício de campanha em Belo Horizonte, Minas Gerais, no domingo (9/10) DOUGLAS MAGNO / AFP
  • O ex-presidente do Brasil (2003-2010) e candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Inácio Lula da Silva (R) fala durante um comício de campanha em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, Brasil em 9 de outubro de 2022 DOUGLAS MAGNO / AFP
  • Apoiadores do ex-presidente do Brasil (2003-2010) e do candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Inácio Lula da Silva participam de um comício de campanha em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, em 9 de outubro de 2022 DOUGLAS MAGNO / AFP
  • Apoiadores do ex-presidente do Brasil (2003-2010) e do candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Inácio Lula da Silva participam de um comício de campanha em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, em 9 de outubro de 2022 DOUGLAS MAGNO / AFP
  • Em BH, petista cumprimenta apoiadores em passeata DOUGLAS MAGNO / AFP

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 12.655.228 de eleitores do estado foram às urnas em 2 de outubro, ficando atrás apenas de São Paulo, com 27.189.714 de pessoas. Na apuração final, Lula venceu Bolsonaro com diferença de 563 mil votos.

Antes de iniciar o percurso entre as duas praças da capital mineira, o petista deu coletiva de imprensa. Ao lado dele, estavam diversos aliados políticos, como o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD); o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD); a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; o deputado federal reeleito André Janones (Avante) e a sua futura colega na Câmara Duda Salabert (PDT).

Um dos temas abordados pelo ex-presidente foi o apoio do governador reeleito de Minas, Romeu Zema (Novo), a Bolsonaro no segundo turno. No primeiro, o chefe do Executivo estadual evitou associar seu nome ao do presidente. O partido de Zema lançou Felipe d'Avila à Presidência.

"Quero deixar bem claro que o governador Zema tem liberdade de apoiar quem ele quiser. Não me oporei e nunca pensei que fosse ser diferente. Segundo, a única coisa que tem que levar em conta é não pensar que o povo é gado, é não pensar que o povo pode ser tangido para lá ou para cá. O povo tem consciência do que está acontecendo no país. Então, é só tomar cuidado para não tratar o povo como rebanho, tratar o povo como cidadão de inteligência, consciente, sabendo do que quer", ressaltou Lula.

"Se o governador souber 10% do que nós fizemos em Minas Gerais, ele terá um problema de remorso ao não me apoiar. Quando ele souber que no nosso governo, em 13 anos, foram colocados à disposição do governo de Minas Gerais R$ 260 bilhões", disse o petista, ao mostrar uma colinha com todos os feitos de sua gestão no estado.

Lula também disse que, caso eleito, quer conversar com Zema sobre o hospital regional de Divinópolis, no centro-oeste do estado. Segundo ele, esta é uma prioridade a ser tratada em seu governo e será negociada com o chefe do Executivo estadual.

"É engraçado que tem um hospital regional sendo feito lá na cidade que está com as obras dele paralisadas. Eu não conheço o governador Zema, mas sei que ele foi eleito governador do estado no primeiro turno. Se eu for eleito presidente da República, ou ele vai conversar comigo em Brasília, ou eu venho para Belo Horizonte conversar com ele, porque a gente vai acabar esse hospital-escola e fazer ele prestar serviço à comunidade da região de Divinópolis. Não podemos deixar, num país que precisa de saúde, hospital parado", disse.

Lula também destacou que o diálogo com Zema ocorrerá independentemente de partido ou apoio durante as eleições de 2022. "Durante o processo eleitoral, cansei de dizer que quando você é chefe de Estado, você não faz distinção na relação com os entes federados. Não quero saber de que partido é o governador ou prefeito. Se ele foi eleito, merece ser tratado com dignidade, respeito e decência em qualquer lugar do país. Foi assim que eu tratei prefeitos e governadores durante oito anos. A minha relação com o Aécio (Neves) sempre foi uma relação altamente produtiva", apontou.

Já no discurso ao final da caminhada, Lula citou a Inconfidência Mineira, de 1789, que lutou contra o domínio português, e a execução de Tiradentes, que dá nome à praça onde parte do ato desse domingo, ocorreu pelos governantes da época.

"Foi aqui em Minas Gerais que surgiu o primeiro embrião da Independência do Brasil. O que vocês estão demonstrando hoje é que os ditadores da época enforcaram Tiradentes, esquartejaram, salgaram e penduraram em um poste a sua carne para que ninguém nunca mais ousasse falar em independência. O que eles não sabiam é que eles mataram apenas a carne. As ideias continuaram com o povo de Minas Gerais", declarou Lula.

Na sequência, o petista disse que "Minas não suporta ditadura, Minas não suporta opressão". E defendeu uma política pública voltada para emprego, cultura, mais oportunidades para os jovens e respeito às mulheres. Ao tentar conquistar votos dos eleitores mineiros, ele chegou a comparar com futebol. Segundo o petista, quem torce para um time não abre mão para o rival, como é o caso de Cruzeiro e Atlético.

"Quem é cruzeirense não abre mão de ser cruzeirense e quem é atleticano não abre mão de ser atleticano. Nós temos aí alguns torcedores do América que nós vamos tentar ganhar, que é o pessoal da abstenção, pessoal que está aí, que não votou no primeiro turno", brincou.

 


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FRASE

Quero deixar bem claro que o governador Zema tem liberdade de apoiar quem ele quiser. Não me oporei e nunca pensei que fosse ser diferente"
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Planalto

Militância está confiante

Eleitores que acompanharam o ato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão confiantes na vitória no dia 30. “Estamos com muita expectativa e com muito amor. Viemos pelo Brasil, pela democracia”, declarou Raquel Rodrigues, ao lado das amigas Meryane Bastos, Heloísa Oliveira e Andreza Gonçalves. "Fora Bolsonaro, o recado está dado agora, depois da pandemia. O recado agora é dia 30", completaram.

Já a comerciante Vera Lúcia Teodoro, que estava vendendo bandeiras, bandanas e bonés do candidato, comemorou a quantidade de clientes desde o início do evento desse domingo. "Está tendo muita procura graças a Deus. Com essa vitória do Lula no primeiro turno, e agora no segundo que ele vai ser reeleito, está muito boa a expectativa", revelou.

Aliado de Lula na eleição presidencial deste ano, o deputado federal reeleito Janones espera que o petista vença novamente. "Expectativa boa, a gente espera confirmar essa vitória do primeiro turno agora nesse segundo", disse o parlamentar ao Estado de Minas, durante ato em Belo Horizonte. Ele também comentou o apoio de Zema a Bolsonaro: "A gente espera, com nosso trabalho, no corpo a corpo, com os deputados eleitos, conseguir contrapor".

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