O ex-ministro da Fazenda do governo Temer e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (União Brasil), questionou de onde o governo Jair Bolsonaro (PL) irá tirar dinheiro para arcar com as "bondades" econômicas anunciadas nos últimos dias. Meirelles alegou que Bolsonaro está usando a pauta "gastos sociais" como "gasto eleitoreiro disfarçado".
A declaração foi dada pelo ex-ministro, na manhã desta sexta-feira (7/10), nas redes sociais, quando Meirelles questionou o perdão de dívidas de clientes da Caixa.
"É o terceiro anúncio de bondades com dinheiro público nos últimos dias. Antes foi anunciado o 13º para mulheres que recebem o Auxílio Brasil e a promessa de incluir mais 500 mil famílias. E ainda faltam mais de 20 dias para o segundo turno. Gastos sociais são essenciais. Mas, neste caso, o gasto é eleitoreiro e está disfarçado de social por causa da campanha", criticou o ex-presidente do Banco Central.
Para Meirelles é preciso saber de onde virá o dinheiro antes de sair propondo medidas que "agradam o eleitor", mas provocam uma crise econômica no futuro.
Antes foi anunciado o 13º para mulheres que recebem o Auxílio Brasil e a promessa de incluir mais 500 mil famílias. E ainda faltam mais de 20 dias para o segundo turno
— Henrique Meirelles (@meirelles) October 7, 2022
"Vamos aos fatos. O governo acelerou o gasto. Há cerca de R$ 158 bilhões que não se sabe de onde virão. No total, o rombo para 2023 pode ser de R$ 430 bilhões, de acordo com o @FGVIBRE Como eu já disse antes, é preciso saber de onde virá o dinheiro. O dinheiro que agrada o eleitor e o político agora, provoca a crise no futuro. Este gasto excessivo vai provocar mais inflação, maior dívida, juros maiores e, no final, crescimento menor no futuro próximo", pontuou.
Como eu já disse antes, é preciso saber de onde virá o dinheiro. O dinheiro que agrada o eleitor e o político agora, provoca a crise no futuro. Este gasto excessivo vai provocar mais inflação, maior dívida, juros maiores e, no final, crescimento menor no futuro próximo.
— Henrique Meirelles (@meirelles) October 7, 2022
O ex-ministro, que está apoiando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições, disse que há muitas cobranças para que Lula apresente um planejamento econômico mais elaborado no seu projeto de campanha, mas, para ele, não há o mesmo nível de cobrança quanto à "gastança do governo".
"Eu vejo muita gente cobrando programa econômico das campanhas de Lula e Bolsonaro. No caso do @LulaOficial, vejo uma cobrança por programa com mais detalhes e até por equipe. Não vejo uma cobrança semelhante sobre essa gastança do governo, que será desastrosa para o país qualquer seja o presidente no ano que vem", declarou.
Não vejo uma cobrança semelhante sobre essa gastança do governo, que será desastrosa para o país qualquer seja o presidente no ano que vem.
— Henrique Meirelles (@meirelles) October 7, 2022
Meirelles ainda acredita que a perspectiva econômica para 2023 é de "crescimento quase zero e inflação ainda alta" e pontua que os gastos do governo Bolsonaro podem ser um agravante para a situação.
"Como já escrevi no Estadão, 2023 será um ano desafiador. O mundo estará em recessão, com inflação em alta e uma guerra de forte impacto na economia que não se sabe até onde vai. O Brasil precisa recuperar a confiança do mercado internacional. A inflação está caindo e o PIB crescendo por medidas artificiais tomadas pelo governo. Mas a perspectiva para 2023 é de crescimento quase zero e inflação ainda alta. Com estes gastos, pode ser pior. Não é um bom caminho para recuperar confiança", opinou.
Saiba Mais
- Política Eleições 2022: por que abstenção pode impedir que pleito seja decidido no 1º turno
- Política Eleições 2022: 'eu era Lula e vou votar no Bolsonaro, e minha tia fará o contrário': as mudanças de última hora
- Política Bolsonaro chama aliados de Lula de 'fracotes, mimados e covardes'
- Política Hipóteses para erro das pesquisas vão de metodologia a questões estatística
- Política União Brasil libera filiados para apoio a Bolsonaro ou Lula
- Política Eleições 2022: por que Bolsonaro perdeu votos em capitais e cresceu em cidades do interior?
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.