Ao que parece, Michel Temer (MDB) desistiu de apoiar oficialmente a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições. O motivo para a desistência teria sido a insatisfação das filhas do emedebista sobre um possível encontro com Bolsonaro no próximo fim de semana para oficializar o apoio. Uma das filhas, Luciana Temer, já foi Secretária de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, durante a gestão de Fernando Haddad (PT).
O ex-presidente está em viagem a Londres, na Inglaterra, e volta ao Brasil nesta sexta-feira (7/10). Em nota, afirmou hoje que, em resposta a uma série de pessoas próximas que o procuraram, aplaudirá “a candidatura que defender a democracia, cumprir rigorosamente a Constituição” e “promover a pacificação”.
No texto, apesar da suposta neutralidade, Temer faz alguns acenos ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL), ao dizer que também apoiará o candidato que mantiver as reformas já realizadas no seu governo e “propor ao Congresso Nacional as reformas que já estão na agenda do país”. Em 2017, o então presidente Michel Temer conseguiu aprovar a reforma trabalhista e, dois anos depois, em 2019, já no governo Bolsonaro, houve a aprovação da reforma da Previdência. As principais reformas em pauta no Congresso, defendidas pela equipe do Ministro da Economia, Paulo Guedes, são as reformas administrativa e tributária.
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Acenos de ambos os lados
Embora já tenha sido bem próximo ao Partido dos Trabalhadores (PT), principalmente durante o governo de Dilma Rousseff, quando era vice, Michel Temer tem se distanciado do partido desde o impeachment da ex-presidente, em 2016. Recentemente, o emedebista ensaiava uma possível reaproximação, que, no entanto, se tornou mais difícil, após o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar, em um debate, que Temer era “golpista”.
Com Bolsonaro, o ex-presidente tem mantido um tom amistoso e ajudado o chefe do Executivo quando preciso. A primeira ajuda, em 2020, veio quando, por ocasião da explosão em Beirute, capital do Líbano, que matou mais de 200 pessoas, Temer liderou uma missão de ajuda ao país, organizada pelo governo federal.
A segunda vez ocorreu num dos momentos de maior tensão do governo do atual presidente, no dia 7 de Setembro do ano passado, quando ele afirmou que não iria cumprir mais nenhuma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, Temer ligou para Bolsonaro e ajudou a pacificar o embate.
Confira nota na íntegra:
"NOTA À IMPRENSA
Estou há alguns dias em Londres cumprindo agenda de palestras. Acompanhando o noticiário sobre as eleições de 2o turno e em resposta a todos que tem me procurado, esclareço que aplaudirei a candidatura que defender a democracia, cumprir rigorosamente a Constituição, promover a pacificação, manter as reformas já realizadas no meu governo e propor ao Congresso Nacional as reformas que já estão na agenda do país.
Michel Temer"
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*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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