Passado o primeiro momento de negociar apoios e alianças para a disputa do segundo turno, marcado para 30 de outubro, os candidatos à Presidência da República Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começam a montar a agenda de viagens pelo Brasil.
Minas Gerais, estado decisivo em todas as disputas pelo Planalto desde a redemocratização, está na rota de ambos logo nos primeiros dias da nova campanha. O atual presidente da República está em Belo Horizonte hoje e voltará no feriado de 12 de outubro. Já o petista virá à capital mineira no próximo domingo.
A agenda de Bolsonaro em Belo Horizonte hoje ainda segue o momento inicial da campanha de segundo turno, marcada por encontros com lideranças políticas. Ele deve se reunir com os governadores Romeu Zema (Novo), Rodrigo Garcia (PSDB-SP) e Cláudio Castro (PL-RJ), que anunciaram apoio à candidatura do presidente nesta semana, em evento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O encontro ocorrerá a partir das 18h, no Teatro Sesiminas, no Bairro Santa Efigênia, Região Leste da capital mineira.
De acordo com o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, a entidade que representa o setor industrial mineiro fez convites aos dois postulantes ao Planalto. “Na verdade, nós convidamos os dois candidatos. No primeiro turno, não fizemos com ninguém porque era muita gente. Nós convidamos e vamos apresentar as propostas da indústria. A gente mandou correspondência. Para o Bolsonaro fiz o convite ontem [terça-feira] mesmo, e mandei para o Lula na mesma data. Bolsonaro já está confirmado, mas não cabe a mim decidir a agenda deles”.
A expectativa da campanha de Bolsonaro em Minas Gerais é de que o encontro de hoje seja rápido, sem contato com o público. O presidente voltará ao estado no feriado de 12 de outubro, quando participará de evento religioso ao lado do pastor Valdemiro Santiago, líder da da Igreja Mundial do Poder de Deus.
Senador eleito com apoio de Bolsonaro, Cleitinho Azevedo (PSC) publicou ontem, em seu perfil no Instagram, um vídeo ao lado do presidente onde eles tratam sobre a campanha do segundo turno em Minas. O candidato à reeleição ressaltou que “quem ganha em Minas, ganha no Brasil” e pediu votos para os eleitores do estado, até os que “votaram no outro lado”.
Belo Horizonte, onde Lula e Bolsonaro já têm agenda, é a única cidade mineira que recebeu ambos os presidenciáveis na campanha do primeiro turno. O atual presidente esteve na capital duas vezes. A primeira em compromisso institucional na inauguração do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), em 19 de agosto, e a segunda, cinco dias depois, quando fez uma motociata da Pampulha até a Praça da Liberdade, Região Centro-Sul, onde discursou. Já Lula esteve em BH no dia 18 de agosto, quando fez um comício na Praça da Estação, também no Centro da Cidade.
Bolsonaro esteve em outras cinco cidades mineiras ao longo da campanha. Ele escolheu Juiz de Fora, na Zona da Mata, como seu primeiro destino, em 16 de agosto. No dia 24 do mesmo mês, participou de evento em Betim, na Grande BH. Em 23 de setembro, o chefe do Executivo federal esteve no Centro-Oeste do estado, em Divinópolis, e voltou à Região Metropolitana da capital para evento religioso em Contagem. A dois dias do primeiro turno, o candidato à reeleição fez motociata em Poços de Caldas, no Sul de Minas.
Conforme publicado pelo Estado de Minas, Bolsonaro venceu em quatro das seis cidades onde esteve, incluindo BH. No total, o candidato do PL conseguiu 1.209.546 votos nos municípios por onde passou.
CONFIANÇA NA VITÓRIA
O ex-presidente Lula também não tardou em incluir Minas Gerais entre seus destinos. Ele vem a Belo Horizonte neste domingo. O diretório mineiro do PT prepara caminhada com o candidato às 10h, no Centro da capital. Os detalhes sobre o trajeto e onde o candidato discursará aos apoiadores ainda estão sendo discutidos pela campanha.
Ontem, em encontro com governadores que declararam apoio à candidatura petista, Lula disse que manterá a vitória em Minas Gerais e reforçou o desejo de fazer mais comícios do que no primeiro turno. Na segunda-feira, o petista afirmou que visitará regiões do estado onde queria ter ido, mas não pôde estar na primeira etapa das eleições.
O petista esteve em apenas duas cidades do interior de Minas ao longo da campanha do primeiro turno. Em 15 de setembro, foi ao Norte de Minas, onde visitou Montes Claros. Oitos dias depois, ele esteve em Ipatinga, no Vale do Aço. Em todas as viagens a Minas, o ex-presidente foi acompanhado pela dupla não eleita apoiada pelo PT no estado, Alexandre Kalil, candidato a governador, e Alexandre Silveira, candidato ao Senado, ambos do PSD. Das cidades onde esteve, Lula venceu apenas em Montes Claros. O petista conseguiu 786.993 votos, 13,5% do total obtido no estado.
REFERÊNCIA ELEITORAL
O histórico eleitoral aponta que, desde a eleição de Getúlio Vargas em 1950, vencer em Minas Gerais significa vencer também no Brasil. Além de fiel da balança para decidir o presidente, o estado costuma reproduzir com fidelidade o resultado final da votação, o que explicita o interesse dos presidenciáveis no eleitor mineiro. No primeiro turno desta eleição, por exemplo, Lula venceu em Minas com 48,29% dos votos. No Brasil, o petista teve 48,43%. Já Bolsonaro foi a escolha de 43,6% dos eleitores mineiros e, no país, teve 43,2% dos votos.
O cenário de 2022 não é uma coincidência. O mesmo contexto se repetiu em eleições anteriores e, nas seis vezes em que o pleito presidencial foi a segundo turno desde a redemocratização, a diferença entre o resultado das urnas em Minas e no Brasil nunca foi maior que 5,18 pontos percentuais. Na média, os resultados de segundo turno em Minas Gerais diferem em 3,04 pontos percentuais dos números finais do cenário nacional.
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