O governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou nesta terça-feira (4/10) que apoiará o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição presidencial. O anúncio ocorreu no Palácio da Alvorada, após uma reunião. No segundo turno, Bolsonaro enfrentará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No primeiro turno, Lula ficou na dianteira com 57,2 milhões de votos, enquanto Bolsonaro recebeu 51 milhões.
"Não poderia também deixar, neste momento, de colocar as nossas divergências de lado. Eu sempre dialoguei com o presidente Bolsonaro, sabemos que em muitas coisas convergimos e em outras, não. Mas é um momento em que o Brasil precisa caminhar para frente e eu acredito muito mais na proposta do presidente Bolsonaro do que na proposta do adversário, que teve uma gestão desastrosa que arruinou o estado de Minas", afirmou Zema, em referência ao governo de Fernando Pimentel (PT) em Minas Gerais.
“Há uma divergência muito grande entre discurso, efetividade e prática. Estou aqui hoje para declarar o meu apoio à candidatura do presidente Bolsonaro porque eu, mais do que ninguém, herdei uma tragédia.”
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"Passado é passado”
Bolsonaro agradeceu o apoio público de Zema. "Sempre tivemos diálogo muito franco, nada tratado entre nós visava outros interesses a não ser o futuro do estado e, da nossa parte, do Brasil. O governador Zema passou um breve filme do que foi a gestão do PT para seu estado, e podemos dizer a mesma coisa sobre o Brasil", afirmou o presidente.
"Esse apoio do governador Zema é muito bem-vindo. É o segundo estado que tem o maior colégio eleitoral do Brasil e é decisivo. Só quem ganha lá, diz a tradição, pode realmente chegar à Presidência da República. Então, há esse interesse meu. Obviamente por parte do governador, como agora tem duas opções, entre as duas uma descartada de imediato e a outra é a continuidade do que fizemos até o momento, que fará bem para o estado de Minas e para o Brasil. Eu agradeço aqui o apoio do Zema nesse momento, mais do que bem-vindo, ele é essencial. Ele é decisivo para a nossa reeleição", enfatizou Bolsonaro.
Sobre Zema não tê-lo apoiado no primeiro turno, caracterizou que "o passado é passado”. “Eu tive um candidato lá em Minas, não fiz uma campanha massiva para ele, até porque eu tinha uma simpatia com o Zema. Falei com ele sobre isso, e a intenção dele vir candidato era me ajudar em pontos mais isolados por Minas Gerais. Nas minhas lives todas eu falava do meu candidato e falava que o Zema fez um bom governo em Minas Gerais. Não houve nenhum atrito entre nós", completou.
O chefe do Executivo já havia afirmado no dia 2 que procuraria Zema para costurar apoio no estado, onde ficou atrás de Lula.
“Zema goza de credibilidade por conta da administração que ele fez. Esse apoio, no meu entender, é decisivo. Em Minas Gerais nós vamos ter uma boa diferença para o adversário”, continuou, ressaltando que pretende ir pelo menos três vezes ao estado mineiro.
Aposta no Sudeste
Bolsonaro apostará nos estados do Sudeste, onde pretende avançar terreno contra o opositor político Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para abrir vantagem no segundo turno. Ontem, o presidente se encontrou com aliados e seguiu planejando a estratégia a ser adotada com a ajuda dos candidatos eleitos nos palanques estaduais.
O chefe do Executivo recebeu no Palácio do Planalto a visita do ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas (Republicanos), que ficou em vantagem no primeiro turno da eleição na corrida a governador no estado de São Paulo, com 42,59% contra 35,46% à frente de Fernando Haddad (PT). Eles também disputarão o segundo turno.
Visitaram o presidente ainda o ex-secretário de Cultura, Mário Frias (PL), e a deputada federal reeleita Bia Kicis (PL). Ambos se caracterizaram na data como “soldados” do presidente. Já a ex-ministra da Mulher Damares Alves foi recebida por Bolsonaro no Palácio da Alvorada. O coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, também esteve no Planalto, onde se limitou a comentar os preparativos para a segunda parte do pleito eleitora: “Vamos atropelar”.
Também na conversa de hoje, Bolsonaro relatou ter conversado por telefone com o governador Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, e conseguido apoio local. E citou ainda negociações com Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Ratinho Junior (PSD) do Paraná. "Conversei com Cláudio Castro por telefone. Está fechado o apoio dele. Conversei também com Ronaldo Caiado, devemos nos encontrar brevemente. Conversei também com Ratinho Junior do Paraná. E, a princípio, está pré-acertada uma agenda que deve ser em Minas Gerais com Zema para discutirmos mais sobre o futuro de cada ente da Federação”, adiantou Bolsonaro.
Ele também disse “estar à disposição” para conversar com ACM Neto, que disputa o segundo turno na Bahia contra Jerônimo Rodrigues (PT). “Se o ACM Neto quiser conversar comigo estou à disposição. O João Roma é meu candidato por lá, teve em torno de 10%. O candidato do PT quase ganhou no primeiro turno, eu estou à disposição do ACM Neto.”
Questionado se aguarda apoio de algum dos candidatos presidenciáveis, respondeu que “dos que estão aí de última hora, o Padre Kelmon é bem-vindo apesar de ter tido votação pequena. Ele é uma pessoa que mostrou que o cristão tem que ser respeitado no Brasil e no mundo. Padre Kelmon tem valor simbólico muito grande e, obviamente, vou conversar com ele”.
Ciro e Tebet
E comentou sobre Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), aproveitando para atacar o oponente petista. “Pelo que vi, PDT está bastante engrenado a apoiar o Lula, a Tebet, (apoiará) pessoalmente. São as informações que eu tenho. Acredito que o MDB não irá fechar para nenhum lugar. Essas sinalizações são bem-vindas e eles têm noção do que seria a continuação do meu governo e o que seria o retorno do PT. Zema deu um retrato de Minas Gerais, seria uma catástrofe para nós o PT voltando 14 anos de corrupção.”
Sobre o apoio em São Paulo, Bolsonaro acenou que procurará o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) para um possível “noivado”. “Devo conversar com Rodrigo Garcia hoje, mas uma questão nacional. Local ele conversaria com Tarcísio. Está previsto um encontro pessoalmente, não bati o martelo ainda, no aeroporto de Congonhas. Não tem como ir no governo dele porque minha agenda está apertada em São Paulo. Vamos ver se ele vai lá em Congonhas, conversar com a gente, conversar sobre política. Ali é um namoro. A gente vai ver se vai para um noivado ou não. Eu acho que tem tudo para a gente conversar sobre São Paulo e eu acredito que, naturalmente, uma parte considerável do PSDB não vai apoiar o PT pelo histórico do Lula e o estrago do Haddad como prefeito da capital paulista.”
Ataque contra Haddad
Bolsonaro seguiu atacando o candidato petista Fernando Haddad ao governo paulista. “Além de outras questões, ele foi ministro da Educação que investiu em pautas contra o costume, contra a família. Aquela história do kit [Kit Gay] que agora a Justiça Eleitoral resolveu fazer censura para tudo né. Faz para eles, mas a meu favor, não tenho nada”, comentou sobre a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que determinou, no último dia 22, atendendo a um pedido do Partido dos Trabalhadores (PT), por quatro votos a três, que o Instagram e o TikTok removessem dois vídeos que acusam falsamente o governo petista de distribuir às escolas infantis um livro com conteúdo impróprio aos alunos.
Na época, o Ministério da Educação (MEC) informou que a publicação sequer constava do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNB).
Bolsonaro reclamou ainda de outra decisão da corte eleitoral, que o proibiu de fazer uso eleitoral de instalações no Palácio da Alvorada. “Tenho que fazer a live aí fora. Sabe quanto eu gasto para fazer uma live aqui? Talvez alguns centavos de energia elétrica. Sabe quanto eu gasto para sair daqui? Alguns milhares de reais. São oito carros blindados, ambulância, segurança. Para mim tudo contra, do outro a favor”.
Por fim, se mostrou confiante. “Vai dar tudo certo se Deus quiser, acredito na reeleição, acredito no povo brasileiro, acredito em Deus, acredito que o reconhecimento estará presente cada vez mais nas urnas.”
Já no Palácio do Planalto, Bolsonaro se reuniu com o ex-secretário de Pesca e eleito senador por Santa Catarina, Jorge Seif (PL), com o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, e com o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), eleito senador pelo Rio Grande do Sul.
No meio da tarde, o presidente desembarca em São Paulo, onde participa da Convenção Fraternal das Assembleias de Deus, e à noite, da reunião de obreiros e pastores da Assembleia de Deus Madureira São Paulo.
Cobertura do Correio Braziliense
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