Eleições 2022

Bolsonaro ataca institutos de pesquisa e diz aguardar parecer das Forças Armadas

"O povo brasileiro sentiu o aumento dos produtos, em especial da cesta básica. Entendo que há uma vontade de mudar por parte da população, mas tem certas mudanças que podem vir para pior", defendeu Bolsonaro

Ingrid Soares
postado em 03/10/2022 00:08 / atualizado em 03/10/2022 01:35
 (crédito: EVARISTO SA / AFP)
(crédito: EVARISTO SA / AFP)

Em pronunciamento após confirmação do segundo turno, na noite deste domingo (2/10), o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou os institutos de pesquisa afirmando que eles estão "desmoralizados".

"Acho que se desmoralizou de vez os institutos de pesquisa. O Datafolha estava dando 51 a 30 e pouco, a diferença foi quatro, isso tudo ajuda a levar voto para o outro lado e isso vai deixar de existir. Até porque acho que não vão continuar fazendo pesquisa, não é possível."

Ao ser questionado sobre a confiança nos números divulgados pelas urnas e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente respondeu que irá aguardar um parecer das Forças Armadas. Com 97,99% das urnas apuradas, Lula tinha 48,01% dos votos e Bolsonaro, 43,56%.

"Esse sistema nosso não é 100% blindado, então sempre existe essa possibilidade de algo anormal acontecer num sistema totalmente informatizado", emendou. Em 25 anos de existência, as urnas nunca registraram fraudes.

"O povo brasileiro sentiu o aumento dos produtos, em especial da cesta básica. Entendo que há uma vontade de mudar por parte da população, mas tem certas mudanças que podem vir para pior. E a gente tentou, durante a campanha, mostrar esse outro lado, mas parece que não atingiu a campanha mais importante da sociedade", comentou Bolsonaro.

Segundo turno

"Nós vencemos a mentira no dia de hoje porque estava o Datafolha dando 51% a 30% e poucos, então vencemos a mentira. Temos um segundo tempo pela frente, em que o tempo para cada lado passa a ser igual. E nós vamos agora mostrar melhor para a população brasileira, em especial a classe mais afetada que a consequência do 'fique em casa, a economia vê depois' é consequência de uma guerra lá fora, de uma crise hidrológica também, e tenho certeza que nós vamos poder mostrar para uma certa parcela da sociedade que as mudanças, que por ventura alguns querem, podem ser pior, até mesmo a gente mostrando melhor a Argentina, o Chile, a Colômbia, a Venezuela, que já estava em crise antes mesmo da covid. Entendo que é por aí o nosso trabalho por ocasião do segundo turno", apontou.

Bolsonaro evitou falar de fraudes nas eleições, mas disse que aguardará parecer das Forças Armadas. "Não vou... Vou aguardar o parecer das Forças Armadas que ficaram presentes lá na sala-cofre, repito, elas foram convidadas a integrar a comissão de transparência eleitoral. Então, fica a cargo do ministro da Defesa tratar desse assunto".

Economia

O chefe do Executivo ainda defendeu medidas econômicas de sua gestão. "A principal mensagem no segundo turno é que o Brasil, levando em conta a grande maioria dos demais países do mundo, o Brasil foi o que melhor se saiu e está se saindo na questão da economia. Talvez mostrar um pouco mais do que foi a pandemia. O Brasil comprou 500 milhões de doses de vacina para quem se sentiu no dever de se vacinar. Nós só temos dados positivos e acredito que, como vai ser um primeiro para o segundo turno bastante elástico, vai ter quatro semanas e não três como geralmente acontecia, dá para a gente explicar bem para a população o que aconteceu."

Bolsonaro também voltou a reconhecer um "sentimento de mudança" por parte da população, mas disse que trabalhará para mostrar qual o melhor lado.

"Existe um sentimento por parte da população, de que a vida dele não ficou igual ao que estava antes da pandemia, ficou um pouquinho pior, e a tendência é buscar um responsável. O responsável sempre é o chefe do Executivo. Só que nesse segundo turno, a gente vai mostrar para eles que a mudança que porventura eles estão querendo vai ser para pior”.

Ao final, o presidente conversou com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, afirmando que "o resultado de hoje foi uma vitória" e aproveitou para atacar Lula.

"O outro cara ali não tem virtude nenhuma. A gente sabe o que está em jogo ali. Quem é pai, quem é mãe, o patrimônio de vocês é a garotada que está aí. Nós não queremos para essa garotada o futuro que está tendo a Venezuela. Você perder uma eleição na democracia tudo bem. Agora, perder a democracia numa eleição é completamente diferente".

Ele pediu que os simpatizantes "conversassem com o vizinho que vota na esquerda" e pregou contra a abstenção de votos. "A pior hipótese é não votar em ninguém".

Temendo um atentado, durante os 10 minutos de conversa com apoiadores, o presidente avisou que não se aproximaria e manteve distância dos bolsonaristas por estar sem colete.

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