Um frigorífico em Goiânia foi autuado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) e pelo Ministério Público Federal (MPF) após realizar promoção “picanha mito”, baixando o preço da carne para R$ 22 — em alusão ao número do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. A promoção do Frigorífico Goiás era válida para quem estivesse vestindo a camisa da seleção brasileira.
À tarde, o juiz eleitoral Wilton Muller Salomão havia dado ordem para suspender a ação. A decisão determinou o pagamento de multa de R$ 10 mil por hora se a promoção permanecesse no ar.
"A venda de carne nobre em preço manifestamente inferior ao praticado no mercado, no valor de R$ 22, revela indícios suficientes para caracterizar, em sede de um juízo não exauriente, conduta possivelmente abusiva do poder econômico em detrimento da legitimidade e isonomia do processo eleitoral", justificou o magistrado.
Saiba Mais
A representação junto ao TRE-GO foi feita pela coligação Juntos por Goiás e pelo Brasil — que reúne as siglas PT, PSB, PCdoB e PV. Alegaram que a propaganda era um “tipo de publicidade vedada pela legislação eleitoral”, já que continha imagens do presidente.
“Evidentemente tem caráter político eleitoral e, pelo porte do comércio de carnes que é um dos maiores do Brasil e do Estado de Goiás, causará artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais a favor dos candidatos do Partido Liberal que possui o nº 22, inclusive o candidato a Governador 22”, escreveram.
Confusão
Anteriormente à ação, que foi exclusiva para o dia das eleições, o kilo da picanha custava R$ 129,99. O preço muito abaixo do valor fez com que se formassem filas, e a gerência tentou conter os clientes porque a demanda foi maior do que o esperado.
Um tumulto começou quando a segurança da loja tentou fechar as portas do estabelecimento. Os clientes começaram um empurra-empurra e quebraram os vidros da porta de entrada.
A casa de carnes Frigorífico Goiás é famosa por ter um posicionamento político a favor do presidente. Em 2018, o estabelecimento já havia feito a mesma ação, mas com o antigo número de Bolsonaro, 17, de quando o então candidato pertencia ao PSL. À época, o TRE-GO aplicou uma multa por propaganda irregular.
O Correio tentou falar com o advogado de defesa do frigorífico, Danúbio Remy, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
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