O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (30/9) que as críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) à Argentina "é uma burrice". O petista disse ainda que o país é o maior parceiro comercial do Brasil e que, se eleito, terá dificuldade de restabelecer as relações.
"Você não pode ter no Brasil um presidente que fique provocando a Argentina todo dia. A Argentina é nosso principal parceiro comercial, sabe? É uma burrice de quem governa. Então, nós vamos ter dificuldade de recuperar um monte de coisa em que foi feito o desmonte aqui", reforçou Lula em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, onde se reuniu com os candidatos ao governo do estado, Marcelo Freixo (PSB), e ao Senado, André Ceciliano (PT).
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Bolsonaro e aliados têm na Argentina um dos principais alvos de críticas, junto com a Venezuela e com o Chile. Em entrevistas, o presidente costuma citar que a crise atual no país vizinho, incluindo a desvalorização da moeda e o alto nível de desemprego, pode ocorrer no Brasil caso o rival volte à Presidência.
Lula, por sua vez, defendeu que o mundo está "preocupado" com as eleições presidenciais deste ano. "O Brasil hoje está gerando uma expectativa muito grande para toda a América do Sul e para a América Latina. Na União Europeia você tem uma maioria de países torcendo para que o Brasil ganhe as eleições. Já tem uma lista de quase oito países da Europa que querem ligar para a gente na segunda-feira para estabelecer uma nova relação", revelou o presidenciável, referindo-se a uma possível vitória no primeiro turno.
Venda de praias e transição difícil
Na coletiva, o ex-presidente ironizou as falas recentes do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a venda de praias. Durante participação no Flow podcast, na terça-feira (27), Guedes disse que sugeriu vender praias por R$ 1 bilhão. A Constituição, porém, proíbe a prática.
"Gente, como pode alguém querer privatizar o único bem público que dá ao pobre aparência de rico? Você pega um cidadão, que pode ser o mais pobre do mundo, colocou uma sandália havaiana velha, colocou um short e veio para a praia. Você não sabe se ele é rico ou se é pobre", disse Lula. "Nós vamos ver os bacanas comprando Copacabana, e o povo vai até ali na calçada e volta, sabe? Que estupidez é essa de vender praia? E foi dito de forma veemente que vão privatizar a praia", completou.
O presidenciável avaliou ainda que, caso vença as eleições, terá dificuldades durante o período de transição entre o governo Bolsonaro e o seu. Ele ainda comparou o presente à vitória em 2002, no período de transição entre o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o seu primeiro mandato, chamando a transição de "extraordinária" e "pacífica".
"Nós tivemos acesso a todas as informações do governo. Nada foi negado para o governo vitorioso. Eu não acho que a gente terá a mesma facilidade com o Bolsonaro. Não acho que ele terá a mesma disposição. Segundo, o pessoal do PSDB fazia política. Quando eles ganhavam, eles faziam festa. E quando perdiam, permitiam que quem ganhasse fizesse festa", afirmou Lula. "Não é esse o comportamento do Bolsonaro. Então, o Bolsonaro pode tentar criar confusão na transição", acrescentou.