O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta quinta-feira (22/9), que as Forças Armadas pretendem colocar militares para fiscalizar a sala cofre do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no próximo dia 2 de outubro. Em tom de ironia, o chefe do Executivo disse tratar de "uma sala que ninguém sabe o que acontece lá dentro". A declaração ocorreu durante entrevista ao Sikêra Júnior, na qual o chefe do Executivo voltou a defender o voto impresso, projeto já derrubado pelo Congresso Nacional.
"As Forças Armadas foram convidadas em outubro do ano passado para participar de uma comissão de transparência eleitoral. Ela participou, apresentou (sic) sugestões. Parte foi (sic) acolhida. E segundo as informações que eu tenho aqui é que as Forças Armadas pretendem colocar técnicos deles dentro da sala cofre do TSE, uma sala que ninguém sabe o que acontece lá dentro. Assim como a Polícia Federal parece que vai fazer a mesma coisa e a Controladoria-Geral da União também deve fazer a mesma coisa. Entendo que a chance de desvio corrupção diminui bastante. Não zera. Zeraria com o voto impresso", alegou.
"Mas o voto impresso, o senhor Barroso trabalhou dentro da Câmara contrário ao voto impresso. Mais uma interferência indevida de um integrante do STF dentro do parlamento. Mas eu recomendo ao pessoal: vão votar. Cada um fazer a sua parte. Deixa a fiscalização com as Forças Armadas, com a Polícia Federal que tenho certeza que temos tudo para termos eleições tranquilas", afirmou. Em 25 anos de existência, a urna eletrônica nunca registrou fraude.
"Repito. A chance de fraude diminui bastante, mas não fica zerado", completou.
Bolsonaro costuma chamar a sala cofre de "sala secreta". No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já esclareceu que é falsa a afirmação. O local ao qual ele se refere é a Seção de Totalização, onde cerca de 20 funcionários fiscalizam o funcionamento dos programas durante as eleições, e, em caso de falha técnica, fazem os devidos ajustes.
"A apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica logo após o encerramento da votação. Nesse momento, a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos votos nulos e em branco. Uma das vias impressas é afixada no local de votação, visível a todos, de modo que o resultado da urna se torna público e definitivo. Vias adicionais são entregues aos fiscais dos partidos políticos", informou o Tribunal.
Durante todo o processo, diversos mecanismos de auditoria e verificação dos resultados podem ainda ser acompanhados pelos partidos políticos, pelo Ministério Público, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por mais de uma dezena de entidades fiscalizadoras, além do próprio eleitor.
O TSE informa também que a proposta de contagem de votos impressos manualmente pelos próprios mesários, em substituição à apuração automática pela urna eletrônica, não criaria um mecanismo de auditoria adicional, mas representaria a volta ao antigo modelo de voto em papel, marcado por diversas fraudes na história brasileira.