Eleições 2022

Bolsonaro antes do funeral da rainha: 'Acham que eu vim aqui fazer política?'

O presidente interrompeu entrevista ao ser questionado por jornalistas sobre uso político de funeral da rainha Elizabeth II em Londres. Ontem, o candidato à reeleição foi à sacada da embaixada brasileira e discursou para apoiadores

Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu nesta segunda-feira (19/9) que esteja fazendo uso político de sua viagem a Londres para o enterro da rainha Elizabeth II. O chefe do Executivo participa nesta manhã das cerimônias fúnebres da monarca, acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e do pastor Silas Malafaia.

"Você acha que eu vim aqui fazer política? Pelo amor de Deus. Não vou te responder, não. Se eu não viesse, estaria sendo criticado do mesmo jeito. Acabou a conversa”, disse, antes de interromper a entrevista com jornalistas na saída da casa do embaixador do Brasil em Londres, onde está hospedado no Reino Unido. Ontem, o candidato foi à sacada da embaixada e acenou para apoiadores que o esperavam, fazendo um rápido discurso de improviso.

Ainda durante a entrevista desta segunda, Bolsonaro abordou temas políticos e, sem citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atacou o petista. “Mas por que a insistência em querer botar um ladrão na Presidência? Alguém acha que é uma maravilha ser presidente? Botar um ladrão, com aquela quadrilha toda, na Presidência. Como é que está a Europa perto do Brasil? Existe ameaça de fome aqui? Lá no Brasil subiu, sim, 20% a média dos alimentos, mas já começou a cair”, apontou.

Saiba Mais

Questionado sobre a presença no funeral, Bolsonaro relatou que todo mundo vai ter um ponto final. "É participar da missa, ficar calado o tempo todo. Quem crê precisa lembrar que um dia vai chegar o dia dele. Todo mundo vai ter um ponto final aqui. Todo mundo, sem exceção", declarou.

STF, compra de imóveis e 1º turno

E, em indireta ao Supremo Tribunal Federal (STF) acrescentou que, na hora do juízo final, não vai ter ministros da Corte para "descondenar uma pessoa e torná-la elegível". "O julgamento [final] vai ser pelas suas ações e omissões. Todo aquele que trabalhou contra o próximo ou que se omitiu na hora em que poderia ajudar, segundo as escrituras, para quem acredita, vai ter o seu veredito. E lá não tem gente — como alguns do Supremo, já vão falar que eu estou criticando o Supremo — para descondenar uma pessoa e torná-la elegível", completou.

Bolsonaro ainda chamou de “canalhice” a reportagem do UOL que apontou a compra de 51 imóveis próprios e da família Bolsonaro pagos em dinheiro vivo. Ontem, o presidente brasileiro acenou da sacada para apoiadores que o esperavam em frente à embaixada brasileira e fez um rápido discurso afirmando que vai ganhar a eleição presidencial em 1º turno.

O presidente expressou "profundo respeito" à família real britânica e ao povo do Reino Unido e disse que a manifestação popular que encontrou em Londres "representa o que realmente acontece no Brasil". Ele destacou ainda que é o momento de decidirmos o futuro da nação. "Sabemos quem é o outro lado e o que eles querem implantar em nosso Brasil. A nossa bandeira sempre será dessas cores que temos aqui: verde e amarelo", continuou.

Após o funeral, Bolsonaro deverá ser recebido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, James Cleverly. No final da tarde, o presidente viaja para Nova York, onde participará amanhã do discurso de abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU).