O presidente Jair Bolsonaro discursou durante pouco mais de 20 minutos para a multidão que encheu a Praia de Copacabana, neste feriado de Sete de Setembro. Milhares de pessoas, a maioria com camisa amarela, aguardaram por horas a chegada do presidente, que havia assistido, pela manhã, ao desfile militar pelo Bicentenário da Independência, em Brasília. Ele deixou a capital e, no Rio de Janeiro, seguiu em motociata para a Zona Sul da cidade.
Depois de assistir ao ato cívico-militar preparado pelo Comando Militar do Leste, em frente ao Forte de Copacabana, Bolsonaro seguiu por um corredor aberto entre a multidão até o trio elétrico contratado pelo pastor Silas Malafaia. Para os apoiadores, ele centrou o discurso em referências religiosas, na recuperação econômica e, principalmente, nas denúncias de corrupção dos governos do PT, para atingir seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os argumentos de Bolsonaro para mobilizar a atenção dos eleitores podem ser resumidos em poucas frases. Primeiro, disse que em seu governo não há corrupção e que, ele próprio, não é corrupto. Chamou seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “quadrilheiro de nove dedos” após declarar que os governos de esquerda do Continente são aliados do opositor. E declarou que o país tem um governo que está há “três anos e meio sem corrupção”.
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Supremo
O presidente evitou, no discurso, confrontos com o Supremo Tribunal Federal. “Hoje vocês sabem como funciona a Câmara dos Deputados, o Senado Federal e o Supremo Tribunal Federal. O conhecimento garante a nossa liberdade. Hoje vocês sabem como é difícil defender esse bem maior, que é a nossa liberdade”, disse, na única referência explícita ao STF.
Brasil “decolando”
Além do destaque que deu ao tema corrupção, Jair Bolsonaro usou boa parte do discurso para elogiar o próprio governo no comando da economia e nas ações contra a pandemia de covid-19. Sobre a gestão da crise sanitária, disse que o país “é referência mundial”, graças a decisão de enfrentar o costuma chamar de “política do fique em casa”. Sobre economia, bradou que “o Brasil está decolando” e que apresenta “números invejáveis”.
O presidente também fez elogios à política externa brasileira, que chamou de “inigualável”, e citou como exemplo o acordo para compra de fertilizantes da Rússia, que invadiu a Ucrânia e iniciou uma guerra que desestabilizou a segurança e a economia mundiais.
Religião
Jair Bolsonaro também lançou mão de frases de cunho religioso, como costuma fazer em aparições públicas. Voltou a repetir que “o Estado é laico, mas que seu presidente é cristão” para afirmar que “não existe no nosso governo a ideia de legalizar o aborto”. Também disse que não vai “levar adiante” o que chama de ideologia de gênero — “escola é lugar para nossos filhos buscarem conhecimento, educação quem dá é o pai e a mãe” — e que o governo “não aceita, sequer, discutir a legalização das drogas”.
Mídias Sociais
O presidente defendeu os empresários bolsonaristas que estão sendo investigados pelo STF por suspeita de conspirar contra a democracia e o Estado de Direito. Disse que eles foram vítimas de cerceamento de opinião. “As mídias sociais vieram para libertar a nossa população”, disse o presidente, ao defender liberdade total para os usuários. Também defendeu a liberdade de imprensa, para que o povo possa “decidir se a imprensa está transmitindo notícias verdadeiras ou não”.