O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou na manhã desta terça-feira (6/9) da sabatina no Jornal da Manhã, da Jovem Pan. Ao ser questionado sobre uma reportagem do UOL sobre a compra de imóveis próprios em dinheiro vivo, o chefe do Executivo caracterizou como “uma covardia”. E alegou que no contrato de compra da maioria dos imóveis está escrito “moeda corrente”, o que não significaria “dinheiro vivo”.
“A matéria [da Folha/UOL] fala em 12 parentes: minha mãe, que já faleceu; um ex-cunhado da minha mãe, separado há 15 anos dele; irmãos meus na faixa dos 60 anos de idade; duas ex-mulheres. A pergunta que eu faço é qual o relacionamento que eu tenho com essas pessoas? O que eu posso responder por elas a não ser que é uma covardia por parte da Folha e do UOL. Ficaram sete meses investigando para, um mês antes das eleições, apresentar isso. Qual indício de origem desse dinheiro? Pegar imóveis desde 1990. Ou seja, 32 anos atrás. Como não tem nada contra mim, ficam ao redor dos meus familiares. Daí bota lá 'dinheiro vivo'. Qualquer escritura está escrita moeda corrente. Nos anos 90, se anunciava telefone fixo a preço em dólar. Se vendia imóveis em dólar. A partir de 1994, com o real, ficou moeda corrente em dinheiro corrente. Não tem como me atingir, buscam a minha família. E o que eu tenho para responder a essas pessoas. É uma covardia esse ataque. Botar a minha mãe que já faleceu nesse rol”, apontou.
“Esse ex-cunhado meu é uma pessoa trabalhadora, comerciante, muito bem sucedido no Vale do Ribeira. Está há 15 anos separado da minha irmã. Tem várias casas de venda de imóveis. Agora, vem para cima de mim como se tivesse um 'propinoduto', como se eu aqui tivesse financiando a compra de cento e poucos imóveis.”
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O chefe do Executivo apontou ainda que o objetivo da matéria é sujar sua imagem a fim de eleger Lula. “Qual o objetivo? É eleger o Lula? Dizer que eu sou tão corrupto quanto ele? Tem cabimento isso?”, questionou. “Querem me tirar para colocar um ladrão no meu lugar?” “Uma covardia o que fazem com familiares meus, façam comigo, venham para cima de mim, não tem coragem? Não tem o que pegar de mim”, emendou.
Bolsonaro ainda lembrou publicações de 2019 sobre a avó de Michelle, condenada a dois anos de cadeia em 1997. “Eu conheci a Michelle 10 anos depois, mas botam na conta da gente uma avó dela que foi presa por dois anos.”
“O que eu posso fazer 30 dias antes das eleições? Entrar na Justiça? Não vejo ter eficácia nenhuma. Só falta essa semana, semana que vem, fazerem busca e apreensão nas casas desses parentes seus no Vale do Ribeira. E eu acho, tenho quase certeza, que vão fazer para dar aquele: 'olha a família de corruptos'. Qual a origem desse dinheiro? Apontem. Foi a Odebrecht? Foi uma empreiteira?", ironizou, reforçando a justificativa de que “comprar imóvel em moeda corrente não é dinheiro vivo”.
No dia 1º, Bolsonaro alegou que metade dos imóveis pertence a um ex-cunhado e que a matéria investigativa é uma forma de “desgastar” a imagem do chefe do Executivo. "É uma maneira de desgastar, não vão conseguir desgastar. Eles querem é eleger você sabe quem, não vão ter sucesso", alegou o presidente Bolsonaro.
"Seu marido vota em mim"
De acordo com o levantamento patrimonial realizado pelo UOL, somente oito dos 51 imóveis pagos em dinheiro foram comprados por este braço da família. Ao ser novamente questionado sobre o assunto hoje, ele atacou a jornalista Amanda Klein. “Amanda, você é casada com uma pessoa que vota em mim. Eu não sei como é seu convívio na sua casa com ele”.
“Minha vida particular não está em pauta”, rebateu a jornalista. “A minha vida particular está em pauta por quê?”, voltou a questionar o chefe do Executivo. A jornalista lembrou que Bolsonaro é uma figura pública. “Respeitosamente, sua acusação é leviana. (...) Você fala em rachadinha. Que rachadinha milionária é essa de R$ 27 milhões. Que acusação leviana é essa? Quer me rotular de corrupto, Amanda? Você está acusando a minha mãe de corrupta. A Folha faz essa investigação para me atingir e me persegue”, concluiu Bolsonaro.