Para o procurador-geral da República, Augusto Aras, o Ministério Público Federal (MPF) tem sido alvo de sabotagem "por organizações criminosas com centenas de representações fantasiosas". Em uma série de vídeos postados, ontem, no canal que mantém no YouTube, , ele critica, ainda, o "uso político" do sistema de Justiça.
Aras avaliou que a cúpula do MPF é "sabotada com centenas de representações" sem fundamentação para investigar autoridades. Para o procurador-geral da República, trata-se de uma "estratégia para impedir" que ele "continue investigando as verdadeiras organizações criminosas" existentes.
A sabotagem a que o PGR se refere seria porque cada representação passa pelas mãos de um servidor para triagem, a fim de fazer uma verificação "da idoneidade, da autoria do conteúdo das provas" e, depois, ser encaminhada a um procurador, e no final, ao PGR. Trata-se, conforme destacou Aras, de um trajeto que mobiliza pessoas e recursos — e uma vez concluído tratar-se de uma representação inócua, representa "perda de tempo e de dinheiro público".
"A par de cumprirmos com o nosso dever constitucional, ainda temos que enfrentar verdadeiras organizações criminosas que sabotam o nosso trabalho com representações fantasiosas, desprovidas de suporte probante, de fundamento legal", lamentou. Aras prossegue a crítica: "Quem faz isso, faz para ocupar a instituição, a máquina administrativa, e impedir que nós continuemos fazendo nosso trabalho de investigação, de acusação, de defesa do patrimônio público, de todos os bens e valores que nos incumbe velar".
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Desvio de atenção
O chefe do MPF cita as notícias-crime "baseadas em meras notícias de jornais previamente plantadas e com autores falsos". "Tem um fake pastor Silas Malafaia que fez mais de 200 representações contra ministros do Supremo (Tribunal Federal) e autoridades de vários órgãos e Poderes", aponta.
De acordo com Aras, tais manobras fazem "parte de um uso do sistema de justiça para fins políticos, e está na hora de apurarmos os abusos. Aqui nós procuramos manter um padrão de diálogo permanente com segmentos políticos e sociais relevantes. Procuramos adotar posturas que respeitem a Constituição Federal e as leis porque fora disso nós vamos ter nulidade, romper com o diálogo jurisdicional", ressaltou Aras.
Ele também comparou a gestão dele na PGR com a dos antecessores. Conforme relacionou, teriam sido executadas mais investigações e acusações nos últimos três anos do que nos 10 anos passados. "Produzimos aqui 400 investigações, denúncias, prisões, afastamentos de autoridades e pessoas com prerrogativa de foro no Supremo e no STJ", justificou.
O vídeo que circulou ontem foi tirado de declarações dadas a jornalistas de Minas Gerais, em 19 de agosto, e de veículos estrangeiros, em 11 de julho e 9 de agosto. Não é a primeira vez que o procurador-geral solta trechos de entrevistas para dizer o que pensa. Aras publicou gravações defendendo o processo eleitoral e afirmando que parlamentares usam o sistema de Justiça para fins políticos.