ELEIÇÕES 2022

'Tem muita gente pedindo pão, embora alguns digam que não', afirma Soraya

Candidata à Presidência da República, a senadora Soraya Thronicke (União-MS) se denomina uma "liberal customizada à brasileira" e desmente o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre pobreza no país

Candidata à Presidência da República, a senadora Soraya Thronicke (União-MS) se define uma liberal “customizada à brasileira”, e não poupa críticas as atitudes do presidente Jair Bolsonaro (PL) em tentar minimizar os dados de pobreza e de fome no país, que atinge 33 milhões de brasileiros, conforme dados da Rede Brasileira em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

“Tem muita gente pedindo pão, embora alguns digam que não”, afirmou a senadora, na noite desta sexta-feira (2/9), em sabatina dos presidenciáveis da CNN Brasil, em referência às declarações do chefe do Executivo. No debate presidencial realizado pelo pool de veículos de comunicação liderados pela TV Bandeirantes e pela TV Cultura, no último domingo (28/8), o presidente minimizou os dados de pobreza e ao afirmar que, na padaria, ele “não vê gente pedindo pão”.

Na avaliação da candidata do União Brasil, essa declaração “não se sustenta diante dos fatos”, porque há muitos brasileiros, sim, pedindo comida nas ruas. Ela ainda ironizou afirmando que o presidente “vive em uma bolha”.

A senadora contou que aceitou concorrer à Presidência porque o partido lhe deu “total liberdade” e justificou a candidatura como sendo uma opção para o eleitor que não quer nem Bolsonaro nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lideram as pesquisas. No levantamento do Datafolha divulgado na última quinta-feira, Soraya pontuou pela primeira vez, com 1% das intenções de voto. 


Soraya definiu-se como uma liberal à brasileira por ser a favor de políticas sociais, uma vez que não dá para colocar as teorias liberais “em uma caixinha” e aplicar no Brasil.

“Eu sou uma liberal que votou pelo auxílio emergencial porque entendo que, neste momento, há pessoas no Brasil passando fome, revirando lixo para comer”, justificou. 

 

"Mãe das reformas"

A candidata garantiu que, se for eleita, conseguirá ter base para aprovar a "mãe das reformas”, que é a reforma tributária. Ela defendeu o carro-chefe da campanha dela, o imposto único — proposta consiste em unificar 11 tributos federais, exceto o Imposto de Importação e o Imposto de Renda, em um um único tributo, com alíquota de 1,26%, “sem perda de arrecadação”. Contudo, ela não explicou onde esse imposto vai incidir e voltou a negar que a proposta do novo tributo — idealizada pelo vice de chapa Marcos Cintra, ex-secretário especial da Receita Federal do Ministério da Economia — é uma espécie de CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), como vem sendo chamada.

“Não é a volta da CPMF como muitos dizem. CPMF foi mais um imposto provisório que virou permanente. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Se criticam, é porque não estudaram”, afirmou ela, sem comentar que Cintra, acabou sendo demitido por Bolsonaro quando tentou emplacar o mesmo tributo, nos moldes da CPMF, na reforma tributária do atual governo. A proposta patinou desde então, precisou ser desmembrada e continua parada no Congresso.

De acordo com a candidata, a proposta do imposto único é de simplificação da carga tributária “para aquecer a economia” e reduzir a sonegação. E, ao mesmo tempo, acrescentou que a receita tributária não vai aumentar com a medida, algo bastante contraditório. "Arrecadarmos a mesma coisa”, garantiu.


Soraya ainda voltou a prometer a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos e para os professores. No segundo caso, afirmou que a renúncia é administrável, em torno de R$ 10 bilhões.

Ao ser questionada sobre o risco de judicialização da reforma tributária que ela está propondo, ela respondeu: “Não faço a mínima ideia do que pode passar. Mas se eu ficar com medo do STF (Supremo Tribunal Federal), eu não vou governar.” Segundo ela, a equipe é “preparadíssima” e a proposta do imposto único vem sendo trabalhada por Cintra há 30 anos e foi avalizada pelo ex-presidente do Banco Central Roberto Campos, avô do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.

 

Orçamento secreto


Ao comentar sobre as polêmicas emendas do relator geral (RP9), conhecidas como orçamento secreto, Soraya, jogou para Bolsonaro a responsabilidade de distorcer o propósito dessa rubrica, que servia apenas para "pequenos ajustes do Orçamento", e, agora, ganhou grandes proporções. No Orçamento de 2023, os recursos destinados para essas emendas somam R$ 19,4 bilhões. 

"Isso foi por por conta de ato exclusivamente do atual presidente da República", afirmou. "As emendas são legais e sempre funcionaram. Emendas de bancada, emendas de relator, emendas de comissão, tudo funcionou normalmente. Essas fatias do do orçamento existem (...). Estão fazendo mal uso delas", emendou.

 

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