Em campanha pelo Amazonas, ontem, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se encontrou com lideranças indígenas e prometeu que, se eleito, "não haverá mais garimpo" em território dos povos originários. "Passamos a tarde discutindo segurança pública, e, dentro disso, está o cuidado que temos de ter com as nossas fronteiras", afirmou. "Não é possível mais o contrabando de armas, drogas, porque a gente não tem controle das fronteiras, soldados suficientes, equipamentos suficientes", acrescentou, em meio a aplausos.
Lula defendeu que os povos originários participem mais das decisões. "Vamos colocar no programa uma coisa muito séria na questão ambiental. Estou convencido de que é preciso que se abra espaço para que os povos originários decidam um pouco sobre sua própria vida, que decidam como evitar o garimpo ilegal", disse.
Ao mesmo tempo, o ex-presidente argumentou que a floresta não precisa ser algo intocável. "Ninguém de nós quer transformar a Amazônia em um santuário da humanidade, uma coisa intocável. O que nós queremos é tirar proveito da riqueza, da biodiversidade, para que a gente possa gerar melhores condições de vida para os povos que moram nas florestas", frisou. "Será preciso que a gente se coloque de acordo com os outros governos da América do Sul, para que a gente, sem abrir mão da soberania, convide cientistas do mundo inteiro a participar da exploração de um mundo megadiverso e tão pouco conhecido por todos nós ainda."
O presidenciável voltou a falar, ainda, sobre a criação de um Ministério dos Povos Originários, para garantir maior participação e representatividade. "Se tudo der certo neste processo eleitoral, a gente vai criar o Ministério dos Povos Originários, para que a gente possa permitir que aqueles que estavam aqui antes de nós possam ter a responsabilidade maior de cuidar da preservação do nosso ecossistema, dos nossos biomas e, sobretudo, da preservação da nossa Amazônia", ressaltou.
Mais tarde, Lula visitou uma fábrica de motos, onde cumprimentou trabalhadores e apoiadores. Ele voltou a criticar o orçamento secreto e disse que, se eleito, acabará com a prática. "No lugar, vou tentar criar um orçamento participativo neste país. Acho que, hoje, com a revolução digital, a gente pode criar uma forma de a sociedade participar. É preciso criar a ideia de que o país não é de quem ganha as eleições. O país é do povo brasileiro."