O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta terça-feira (20/9) ser contrário às sanções econômicas impostas à Rússia em meio à guerra na Ucrânia. A declaração ocorreu durante discurso na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York. O chefe do Executivo destacou que o conflito se estende por sete meses e “gera apreensão não apenas na Europa, mas em todo o mundo”.
Bolsonaro agradeceu países que ajudaram na evacuação de brasileiros que se encontravam na Ucrânia no início da guerra, como Eslováquia, Hungria, Polônia, Romênia e República Tcheca. “A operação foi exitosa. Não deixamos ninguém para trás, nem mesmo seus animais de estimação”, alegou.
Confira o discurso de Bolsonaro na íntegra:
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Sobre a guerra, afirmou que “o Brasil tem se pautado pelos princípios do Direito Internacional e da Carta da ONU” e que defende “um cessar-fogo imediato, a proteção de civis e não-combatentes, a preservação de infraestrutura crítica para assistência à população e a manutenção de todos os canais de diálogo entre as partes em conflito”.
Preço dos alimentos e de combustíveis
O chefe do Executivo completou ainda ser “contra o isolamento diplomático e econômico”. “Esses são os primeiros passos para alcançarmos uma solução que seja duradoura e sustentável. Temos trabalhado nessa direção. Nas Nações Unidas e em outros foros, temos tentado evitar o bloqueio dos canais de diálogo, causado pela polarização em torno do conflito. É nesse sentido que somos contra o isolamento diplomático e econômico.”
E justificou: “As consequências do conflito já se fazem sentir nos preços mundiais de alimentos, de combustíveis e de outros insumos. Estes impactos nos colocam a todos na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Países que se apresentavam como líderes da economia de baixo carbono agora passaram a usar fontes sujas de energia. Isso configura um grave retrocesso para o meio ambiente”.
Em aceno à Rússia, Bolsonaro disse também que tais medidas “têm prejudicado a retomada da economia e afetado direitos humanos de populações vulneráveis”. “Apoiamos todos os esforços para reduzir os impactos econômicos desta crise. Mas não acreditamos que o melhor caminho seja a adoção de sanções unilaterais e seletivas, contrárias ao Direito Internacional. Essas medidas têm prejudicado a retomada da economia e afetado direitos humanos de populações vulneráveis, inclusive em países da própria Europa.”
Bolsonaro aproveitou para fazer um apelo de diálogo aos países envolvidos. “A solução para o conflito na Ucrânia será alcançada somente pela negociação e pelo diálogo. Faço aqui um apelo às partes, bem como a toda a comunidade internacional: não deixem escapar nenhuma oportunidade de pôr fim ao conflito e de garantir a paz. A estabilidade, a segurança e a prosperidade da humanidade correm sério risco se o conflito continuar.”
Brasil “torce pela paz”
Em falas anteriores no Brasil, Bolsonaro destacou que prega a paz, mas que ao se posicionar em relação ao conflito, estaria arrumando “dois problemas” e que não pode “trazer um problema lá de fora para o nosso colo”.
No último dia 16, em Prudentópolis, no Paraná, onde vive uma comunidade ucraniana radicada, o chefe do Executivo comentou sobre a guerra local com a Rússia, afirmando que o Brasil “torce pela paz” e que o país “tudo fará, como vem fazendo, para que essa paz seja alcançada”.
O presidente relatou também que o conflito na Ucrânia serve de alerta e defendeu uma reforma no Conselho de Segurança da ONU. “Uma reforma da ONU é essencial para encontrarmos a paz mundial. No caso específico do Conselho de Segurança, após 25 anos de debates, está claro que precisamos buscar soluções inovadoras. O Brasil fala desse assunto com base em uma experiência que remonta aos primórdios da ONU.”
Por fim, lembrou que o Brasil possui longo histórico de participação em missões de paz da ONU, citando acolhida a venezuelanos, haitianos, sírios, afegãos e ucranianos. “De Suez a Angola, do Haiti ao Líbano, sempre estivemos ao lado da manutenção da paz. Também contribuímos para a paz ao abrirmos nossas fronteiras para aqueles que buscam uma chance de reconstruir suas vidas em nosso país. Desde 2018, mais de seis milhões de irmãos venezuelanos foram obrigados a deixar seu país. Muitos deles vieram para o Brasil. A política brasileira de acolhimento humanitário vai além da Venezuela. Temos também recebido haitianos, sírios, afegãos e ucranianos”, concluiu.
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