Na ONU

Bolsonaro diz ser contra "sanções unilaterais e seletivas" na guerra da Ucrânia

Presidente Bolsonaro afirmou ainda ser "contra o isolamento diplomático e econômico". "Esses são os primeiros passos para alcançarmos uma solução que seja duradoura e sustentável. Temos trabalhado nessa direção", completou

Ingrid Soares
postado em 20/09/2022 12:20 / atualizado em 20/09/2022 12:35
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro discursa na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York em 20 de setembro de 2022.        -  (crédito:  Yuki IWAMURA / AFP)
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro discursa na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York em 20 de setembro de 2022. - (crédito: Yuki IWAMURA / AFP)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta terça-feira (20/9) ser contrário às sanções econômicas impostas à Rússia em meio à guerra na Ucrânia. A declaração ocorreu durante discurso na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York. O chefe do Executivo destacou que o conflito se estende por sete meses e “gera apreensão não apenas na Europa, mas em todo o mundo”.

Bolsonaro agradeceu países que ajudaram na evacuação de brasileiros que se encontravam na Ucrânia no início da guerra, como Eslováquia, Hungria, Polônia, Romênia e República Tcheca. “A operação foi exitosa. Não deixamos ninguém para trás, nem mesmo seus animais de estimação”, alegou.

Confira o discurso de Bolsonaro na íntegra:

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Sobre a guerra, afirmou que “o Brasil tem se pautado pelos princípios do Direito Internacional e da Carta da ONU” e que defende “um cessar-fogo imediato, a proteção de civis e não-combatentes, a preservação de infraestrutura crítica para assistência à população e a manutenção de todos os canais de diálogo entre as partes em conflito”.

Preço dos alimentos e de combustíveis

O chefe do Executivo completou ainda ser “contra o isolamento diplomático e econômico”. “Esses são os primeiros passos para alcançarmos uma solução que seja duradoura e sustentável. Temos trabalhado nessa direção. Nas Nações Unidas e em outros foros, temos tentado evitar o bloqueio dos canais de diálogo, causado pela polarização em torno do conflito. É nesse sentido que somos contra o isolamento diplomático e econômico.”

E justificou: “As consequências do conflito já se fazem sentir nos preços mundiais de alimentos, de combustíveis e de outros insumos. Estes impactos nos colocam a todos na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Países que se apresentavam como líderes da economia de baixo carbono agora passaram a usar fontes sujas de energia. Isso configura um grave retrocesso para o meio ambiente”.

Em aceno à Rússia, Bolsonaro disse também que tais medidas “têm prejudicado a retomada da economia e afetado direitos humanos de populações vulneráveis”. “Apoiamos todos os esforços para reduzir os impactos econômicos desta crise. Mas não acreditamos que o melhor caminho seja a adoção de sanções unilaterais e seletivas, contrárias ao Direito Internacional. Essas medidas têm prejudicado a retomada da economia e afetado direitos humanos de populações vulneráveis, inclusive em países da própria Europa.”

Bolsonaro aproveitou para fazer um apelo de diálogo aos países envolvidos. “A solução para o conflito na Ucrânia será alcançada somente pela negociação e pelo diálogo. Faço aqui um apelo às partes, bem como a toda a comunidade internacional: não deixem escapar nenhuma oportunidade de pôr fim ao conflito e de garantir a paz. A estabilidade, a segurança e a prosperidade da humanidade correm sério risco se o conflito continuar.”

  • O presidente brasileiro Jair Bolsonaro fala na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) na sede da ONU em 20 de setembro de 2022 na cidade de Nova York. Após dois anos de realização da sessão virtual ou em formato híbrido, espera-se que 157 chefes de Estado e representantes de governo compareçam presencialmente à Assembleia Geral. Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
  • O presidente brasileiro Jair Bolsonaro discursa na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York em 20 de setembro de 2022. Yuki IWAMURA / AFP
  • O presidente brasileiro Jair Bolsonaro discursa na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York em 20 de setembro de 2022. Yuki IWAMURA / AFP

Brasil “torce pela paz”

Em falas anteriores no Brasil, Bolsonaro destacou que prega a paz, mas que ao se posicionar em relação ao conflito, estaria arrumando “dois problemas” e que não pode “trazer um problema lá de fora para o nosso colo”.

No último dia 16, em Prudentópolis, no Paraná, onde vive uma comunidade ucraniana radicada, o chefe do Executivo comentou sobre a guerra local com a Rússia, afirmando que o Brasil “torce pela paz” e que o país “tudo fará, como vem fazendo, para que essa paz seja alcançada”.

O presidente relatou também que o conflito na Ucrânia serve de alerta e defendeu uma reforma no Conselho de Segurança da ONU. “Uma reforma da ONU é essencial para encontrarmos a paz mundial. No caso específico do Conselho de Segurança, após 25 anos de debates, está claro que precisamos buscar soluções inovadoras. O Brasil fala desse assunto com base em uma experiência que remonta aos primórdios da ONU.”

Por fim, lembrou que o Brasil possui longo histórico de participação em missões de paz da ONU, citando acolhida a venezuelanos, haitianos, sírios, afegãos e ucranianos. “De Suez a Angola, do Haiti ao Líbano, sempre estivemos ao lado da manutenção da paz. Também contribuímos para a paz ao abrirmos nossas fronteiras para aqueles que buscam uma chance de reconstruir suas vidas em nosso país. Desde 2018, mais de seis milhões de irmãos venezuelanos foram obrigados a deixar seu país. Muitos deles vieram para o Brasil. A política brasileira de acolhimento humanitário vai além da Venezuela. Temos também recebido haitianos, sírios, afegãos e ucranianos”, concluiu.

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