Steven Levitsky, autor de "Como as Democracias Morrem", disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) irá tentar "deslegitimar o resultado das eleições". Para o cientista político, caso haja um segundo turno, o presidente irá alegar que há algo de errado com o resultado das eleições e irá tentar criar uma crise, assim como Donald Trump nas eleições de 2020. A declaração foi dada no Roda Viva, nessa segunda-feira (19/9).
Recentemente, Bolsonaro disse que caso não receba no mínimo 60% dos votos nas eleições, terá algo de errado na apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para Levitsky, caso as eleições sejam acirradas, por exemplo, 45% para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e 40% para Bolsonaro, no 1º turno, isso será usado como argumento para uma tentativa de ataque ao sistema eleitoral.
Para o especialista, neste momento, é arriscado votar em uma terceira via no 1º turno. Levitsky considera que o ideal é a união dos presidenciáveis para derrotar o presidente Jair Bolsonaro.
Ao ser questionado pelo filósofo Joel Pinheiro se ele acha arriscada a preferência por um candidato da terceira via, Levitsky disse que os candidatos não irão "nos levar a nada".
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Ele destacou que é evidente que Bolsonaro irá perder as eleições, mas se o presidente conseguir ir para o segundo turno, a situação pode ser usada contra a democracia.
"Ele vai tentar deslegitimar o resultado das eleições, com certeza. Eu não sei como, eu não sei se ele conseguirá, mas ele vai tentar. Seus apoiadores e, talvez, até o exército vão tentar negar a legitimidade do resultado das eleições. Bolsonaro vai tentar criar uma crise. da mesma forma que Donald Trump criou", destacou.
"O melhor caminho, no meu ponto de vista, é evitar essa crise, é tirar o Bolsonaro da jogada logo no primeiro turno. Uma votação de 62 a 38, tirando o Bolsonaro logo no primeiro turno, para que ninguém possa contestar que o Bolsonaro foi derrotado de lavada", completou.
O cientista político disse que votar em uma terceira é "se dar ao luxo" de acreditar que eles têm chance de ir para o segundo turno com Lula e que isso pode causar uma disputa acirrada entre os principais adversários nesta eleição.
"Pode ser que fique 45 a 40 no primeiro turno. Pode ser que seja uma disputa acirrada. Hoje, as pesquisas mostram apenas 7, 8 pontos percentuais de diferença entre Lula e Bolsonaro. Bolsonaro está subindo e se a diferença for pouca, vai ser muito mais fácil. Esse foi o problema nos Estados Unidos, a disputa entre Trump e Biden foi acirrada, isso facilitou para que o Trump alega se que houve fraude, para tentar convencer as pessoas de que tinha algo de errado", opinou.
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