O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu nesta segunda-feira (19/9) oito ex-presidenciáveis em evento em São Paulo para uma declaração de apoio. Entre os presentes estavam antigos adversários do petista, membros de seus governos e aliados que, após divergências, se afastaram e criticaram Lula.
Os ex-candidatos discursaram sobre a defesa da democracia, sobre as divergências com Lula e sobre a possibilidade de vitória no primeiro turno, para a qual a campanha trabalha faltando poucos dias para a eleição.
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Confira o que disseram os ex-candidatos ao Planalto
Geraldo Alckmin (PSB): Ex-tucano, o candidato a vice de Lula deixou o PSDB para se filiar ao PSB e participar da chapa com o petista. Desde então ele vem atuando na campanha para atrair setores como o empresariado e o agronegócio, além de agradar aos eleitores mais de centro. Nas eleições que disputou contra Lula, Alckmin era seu principal rival e chegou a fazer duras críticas ao agora aliado.
"Todos nós aqui fomos candidatos a presidente da República. Tínhamos projetos diferentes para o Brasil, mas sempre tivemos algo em comum que é a pedra basilar, o princípio, que é o respeito à democracia e o respeito ao povo brasileiro", disse o ex-governador de São Paulo durante a reunião.
Guilherme Boulos (PSol): Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e atual candidato a deputado federal por São Paulo, Boulos disputou o Planalto em 2018 e declarou neste ano seu apoio ao ex-presidente, participando de comícios ao seu lado no estado.
"Todos conhecem as nossas divergências aqui nessa mesa. Elas são públicas. Mas nós estamos aqui hoje justamente para dizer que essas diferenças, por mais expressivas que sejam, são menores nesse momento histórico do que aquilo que nos une para preservar a democracia brasileira", discursou Boulos.
"A eleição do presidente Lula no próximo dia 2 de outubro é essencial para a democracia brasileira. Para derrotar um fascista, alguém de personalidade autoritária, que ameaça as instituições democráticas, que ameaça as liberdades", completou.
Luciana Genro (PSol): Fundadora do PSol, Luciana Genro deixou o PT ainda no primeiro ano do governo Lula e foi crítica ao ex-presidente. Ela disputou a eleição presidencial em 2014 e ocupa atualmente uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Rio Grande do Sul.
"Eu acho que a amplitude das forças políticas que se encontram aqui demonstra a gravidade desse momento. Nós compomos aqui na verdade uma frente antifascista", disse Luciana. "O projeto representado pelo Bolsonaro, embora ele não tenha conseguido ser implementado no primeiro turno, é um projeto fascista. É um projeto racista, misógino, lgbtfóbico, um projeto discriminatório e violento."
Cristovam Buarque (Cidadania): Foi o primeiro ministro da Educação de Lula e demitido em 2004, por telefone, pelo ex-presidente. À época, a demissão causou mal-estar entre aliados, e Buarque passou a criticar o governo. No ano seguinte, ele deixou o PT e foi para o PDT, partido pelo qual disputou a eleição ao Planalto em 2006.
Em seu discurso, Buarque afirmou que Lula "é o melhor que nós temos hoje". "Será uma tragédia termos um segundo turno. Eu não tenho dúvida que ele [Lula] ganhará no segundo turno se houver. Mas serão quatro semanas imprevisíveis do ponto de vista de violência nas ruas, de fake news para todos os lados", disse o ex-ministro.
Marina Silva (Rede): Ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, Marina também deixou o cargo por discordâncias ao então presidente, saindo também do PT. Ela tem histórico de ressentimentos contra os antigos aliados, especialmente por ter sido alvo de ferozes ataques durante a eleição presidencial de 2014, quanto disputou contra Dilma Rousseff (PT). Na semana passada, porém, Marina se reaproximou de Lula e declarou apoio oficialmente.
"Essa reconciliação do Brasil consigo mesmo, hoje o senhor é o que reúne as melhores condições para nos ajudar a realizar", afirmou Marina, dirigindo-se ao ex-presidente. "Existem momentos na história em que a gente percebe que existe algo muito forte em jogo, que é a banalização do mal", completou.
João Goulart Filho (PCdoB): Filho do ex-presidente deposto pela ditadura em 1964, João Goulart, ele foi o último colocado nas eleições de 2018 com 0,03% dos votos, quando concorreu pelo PPL. Seu partido atual compõe a chapa de Lula, e João Goulart contribui com a formação do programa de governo.
"Sabemos que será difícil enfrentar todo o desastre provocado por esse último governo, que não lhe deixou ser candidato nas eleições passadas em 2018", disse Goulart. "Nenhuma diferença desses que aqui estão sentados e lhe apoiando será maior do que o apoio que lhe devemos e que devemos ao povo brasileiro."
Henrique Meirelles (União): O economista foi presidente do Banco Central durante os dois mandatos de Lula, e concorreu ao Planalto em 2018 pelo MDB, obtendo 1,2% dos votos. Meirelles, porém, é crítico de algumas medidas do petista na economia, especialmente a revogação do teto de gastos.
Em seu discurso, ele citou o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 4% durante o governo de Lula e a criação de empregos, entre outras medidas, e criticou o aumento do Auxílio Brasil por Bolsonaro às vésperas da eleição, citando que a medida vai "criar um problema grande para resolver lá na frente, mas é possível resolver".
"Esse é um resumo dos fatos. Isso é, na minha opinião, o que interessa: emprego, renda, padrão de vida da população e mostrar quem faz. Essa história de falatório pode impressionar muita gente, mas eu acredito em fatos. Eu olho e vejo o resultado do seu governo", disse Meirelles a Lula.
Fernando Haddad (PT): Ex-prefeito de São Paulo, Haddad foi o candidato do PT em 2018 após a prisão de Lula na Operação Lava-Jato, disputando e perdendo no segundo turno para Bolsonaro. Ele concorre agora ao governo paulista.
"Nós estamos juntos porque nós queremos preservar aquilo que nos é caro. Nós podemos divergir e, democraticamente, nas eleições, ouvir os clamores populares e o povo escolher o próprio destino diante das nossas divergências. É isso que nós queremos manter no nosso Brasil", disse Haddad.
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