ELEIÇÃO 2022

"Não falo em rever privatizações", diz Lula em sabatina da CNN

Em sabatina o candidato líder nas pesquisa reafirmou o compromisso com a austeridade fiscal e com o superávit das contas públicas

Henrique Lessa
postado em 12/09/2022 22:04 / atualizado em 12/09/2022 22:05
Lula também fez um aceno ao empresariado quanto a revisão da reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer (MDB), que não seria simplesmente revogada.  -  (crédito: Reprodução Youtube CNN)
Lula também fez um aceno ao empresariado quanto a revisão da reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer (MDB), que não seria simplesmente revogada. - (crédito: Reprodução Youtube CNN)

Durante a noite dessa segunda-feira (12/9), o candidato petista à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participou de sabatina conduzida pelo âncora William Waack no canal CNN Brasil. A entrevista teve duração de 50 minutos, e o ex-presidente ressaltou os feitos dos governo dele, além de reforçar compromisso com uma política fiscal responsável caso eleito.

Quando questionado pelo entrevistador sobre a contradição entre os benefícios sociais que promete e uma política para o controle da inflação, Lula reafirmou o histórico do governo dele com a responsabilidade fiscal e com o controle das contas públicas. Apontou como seu principal programa de governo a criação de empregos, o que, segundo ele, seria o necessário para atender os programas de renda mínima necessários.

Perguntado se iria rever as privatizações desse governo, disse que não está pensando nisso: “Não falo em rever privatizações, minha missão é reduzir a miséria. Preciso ganhar a eleição antes e tomar pé da situação”.

Lula também fez um aceno ao empresariado quanto a revisão da reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer (MDB), que não seria simplesmente revogada. “A gente não quer voltar ao passado, mas adequar a realidade atual ao direito dos trabalhadores”.

Corrupção


Sobre o tema da corrupção, Lula reafirmou que entende ter ocorrido malfeitos na Petrobrás. “Eu não posso afirmar que não aconteceu corrupção, se as pessoas confessaram, o que eu acho absurdo é essas pessoas serem beneficiadas por fazer delações só para me pegar”, disse o ex-presidente, que reforçou que foram as medidas dos governos dele, na ampliação de mecanismos de controle e fiscalização, que permitiram apurar os desvios.

Já quanto aos processos contra ele que foram anulados, Lula afirmou: “Eu sou um cidadão livre, embora as pessoas não queiram reconhecer”

E sobre o assunto fez questão de alfinetar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que teria, segundo uma reportagem publicada pelo Portal UOL, adquirido, junto a família, cerca de uma centena de imóveis, muitos deles em dinheiro vivo desde que entrou na vida pública. “No meu tempo nada ficava sem investigar, assim foi e assim será”.

Judiciário


Lula fez críticas ao judiciário, pelo que ele chamou de "atuação muitas vezes política", mas responsabilizou a própria classe política por grande parte do excesso de judicialização que ocorre hoje. Ao mesmo tempo, prometeu pacificar a relação entre os poderes reconstruindo o pacto com o Congresso Nacional afim de acabar com o orçamento secreto e afastando qualquer apoio ao impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Já em relação ao clima político violento no Brasil, onde mais um apoiador petista foi assassinado na última semana, por um eleitor de Bolsonaro, Lula atribui o fenômeno a negação da política, e emendou comparando Bolsonaro a Hitler e Mussolini. “Foi a negação da política, a destruição da política, que permitiu que surgisse um Bolsonaro, como permitiu na Alemanha que surgisse um Hitler, como permitiu na Itália que surgisse um Mussolini.”

Em tom bastante moderado, reafirmando os bons números econômicos das duas gestões petistas, reafirmando o compromisso com a responsabilidade fiscal, Lula demonstrou uma estratégia de buscar construir o apoio entre as classes médias e os indecisos que não veem mais esperança da terceira via decolar. Assim ele dobra a aposta do Lula moderado exitoso em 2002.

Sobre política internacional e a formação de dois blocos, Lula evitou essa análise e reforçou uma visão multilateral, mas apontou na América Latina e na União Europeia, dois parceiros estratégicos para o Brasil durante o seu governo. Citando a embaraçosa crítica de Bolsonaro quanto a estética e idade da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, Lula afirmou que isso não acontecerá mais, e que o Brasil será respeitado no exterior.

Perguntado se concederia a Bolsonaro algum tipo de perdão por possíveis problemas na justiça, o candidato acabou por não responder com o encerramento do seu tempo.

  

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