O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (12/9), que a ex-ministra Marina Silva (Rede) mantém as suas convicções, mas está "muito mais calejada, muito mais experimente, eu diria muito mais ousada". Marina declarou hoje apoio à candidatura do ex-presidente após anos de divergência.
"Eu nunca estive tão distante politicamente, ideologicamente, da Marina. Eu acho que na política, de vez em quando, nós tomamos decisões e elas nos fazem percorrer determinados caminhos. Nem sempre a gente se encontra nesse caminho, mas também tem momentos na história em que a gente se reencontra", afirmou o ex-presidente em coletiva de imprensa realizada no escritório político da sua campanha, em São Paulo, ao lado de Marina.
"Hoje é um dia histórico para o PT, é um dia histórico para a nossa candidatura e eu acho que, mais importante, é um dia histórico para quem sonha em fortalecer a democracia no nosso país", completou.
"O Brasil que ela construir continua intacto"
Lula vem tentando desde a pré-campanha atrair o apoio oficial de Marina à sua candidatura. Seu partido, a Rede Sustentabilidade, já havia declarado apoio oficial ao ex-presidente. Por divergências políticas, porém, a legenda deixou aberta a possibilidade de que suas lideranças partidárias pudessem apoiar outros candidatos. Marina, que já foi do PT e que foi ministra no governo de Lula, se afastou do antigo aliado. Na coletiva desta segunda, porém, classificou a reaproximação como um "reencontro político e programático" e disse nunca ter se afastado do petista na esfera pessoal.
"Eu vejo a Marina como uma pessoa que não mudou seus princípios, suas convicções, o lado em que ela está, as coisas em que ela acredita. E o Brasil que ela construir continua intacto", disse Lula. "Mas muito mais calejada, muito mas experiente, eu diria muito mais ousada", completou, sobre as propostas da aliada.
A ex-ministra entregou à campanha do ex-presidente um documento contendo sugestões na área socioambiental para serem incluídas no programa de governo. Entre elas estão a criação de uma autoridade nacional para o enfrentamento às mudanças climáticas e a aceleração da transição energética para uma matriz mais limpa.
"Grande parte da política ambiental nossa foi implementada ainda no tempo em que a Marina era ministra", disse Lula, defendendo ainda que o país precisa ter protagonismo mundial no combate às mudanças climáticas. "O Brasil precisa contribuir para proteger o planeta."
Participaram da coletiva, ainda, o coordenador do programa de governo Aloizio Mercandante (PT), a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o vice de Lula, Geraldo Alckmin (PSB).
"Ninguém precisa abrir mão do exercício da crítica"
Questionada por jornalistas sobre as desavenças, Marina respondeu que, em uma democracia, "ninguém precisa abrir mão do exercício da crítica". "Eu fui do PT durante quase 30 anos e, quando faço essa, durante esses 30 anos eu sou parte da crítica", disse a ex-ministra. "Agora nós estamos diante de um quadro que é democracia ou barbárie. Estou partindo do princípio de que tudo isso que está acontecendo e a nossa capacidade de reelaborar, repensar o passado, para construir um novo futuro", completou.
Marina também comentou sobre a aproximação entre Lula e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB). "É um diálogo tardio que nós estamos fazendo, porque talvez, se nós tivéssemos feito antes, não tivéssemos o que temos agora", disse a ex-ministra, referindo-se ao governo de Jair Bolsonaro (PL). "Que bom que, com o sentido presente, nós estamos fazendo exatamente o que precisa ser feito nesse momento", completou.
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