Em entrevista, ontem, ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) anunciou que, caso fique fora do segundo turno da corrida eleitoral, não apoiará Luiz Inácio Lula da Silva no confronto do petista contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Foi a primeira vez que ele se posicionou claramente sobre o assunto.
"Passo uma campanha inteira dizendo que o PT virou uma organização criminosa. Eles me insultam, me agridem todos os dias e ainda esperam que eu apoie eles no segundo turno?! Nunca mais, Juvenal. Ele (Lula) é um encantador de serpentes, mas a mim ele não engana mais", garantiu.
O pedetista também criticou a relação de Lula e de Bolsonaro com integrantes e partidos que compõem o Centrão, mas não afastou a hipótese de negociar com o grupo, caso seja eleito. Conforme disse, tanto o petista quanto o presidente cresceram denunciando a corrupção e criticando o maior agrupamento de partidos dentro do Congresso, mas, quando eleitos, fizeram o contrário do que pregavam.
"Não vou descartar o Centrão, essa é a minha diferença entre os dois. Estou dizendo o oposto, que (o Centrão) vote nas minhas ideias. Não adianta me mandar para Brasília e me achar o salvador da pátria. Eu vou negociar com quem quer que o povo eleja. É com essa maioria que o povo me der que eu vou negociar. Aí está a diferença de um homem vivido e experiente. Conheço como funciona a operação do Estado brasileiro. Abro mão da minha reeleição em troca da reforma do país", afirmou.
Ciro acredita que o Congresso irá aderir às suas ideias e projetos. O pedetista sempre que pode salienta que pretende promover as maiores mudanças do Estado nos seis primeiros meses de governo. E avalia que deputados e senadores costumam aceitar melhor as propostas enviadas pelo Palácio do Planalto durante os seis primeiros meses da nova gestão.
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Fraqueza
O pedetista voltou a manifestar desconfiança sobre a capacidade de Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto, de disputar a corrida ao Palácio do Planalto. Referindo-se ao debate na Band, em 28 de agosto, disse que jamais tinha visto o petista "tão enfraquecido, tão debilitado psicologicamente".
"Conheço o Lula há quase 40 anos. Nunca o vi tão enfraquecido, tão debilitado psicologicamente. Não conseguiu se defender de um ataque de corrupção do Bolsonaro. E aí fica com essas palavras que botam na boca dele para explicar o inexplicável", explicou no Pânico.
Os ataques de Ciro ao antigo aliado se somam aos que ele fez, na última quinta-feira, na sabatina da qual participou na CNN. Também na semana passada, o pedetista excluiu uma publicação nas redes sociais na qual definia Lula como "cada dia mais fraco: fisicamente, psicologicamente e teoricamente para enfrentar a direita sanguinária".
Diante da má repercussão, Ciro excluiu a postagem e admitiu que as críticas foram acima do tom. Além disso, havia um pedido de dirigentes do próprio PDT para que Ciro desça o tom nas críticas ao petista.
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