Denúncia

Ex-funcionário: 1ª mansão de Bolsonaro foi paga com 'dinheiro por fora'

Marcelo Nogueira, que trabalhou para a família do presidente, fez a revelação durante uma entrevista ao portal UOL

Estado de Minas
postado em 02/09/2022 16:53 / atualizado em 02/09/2022 16:53
 (crédito:  Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

Um ex-funcionário da família do presidente Jair Bolsonaro (PL), chamado Marcelo Nogueira, revelou em entrevista ao portal UOL que a primeira mansão onde o candidato à reeleição viveu foi paga com “dinheiro por fora”.

Localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, o imóvel foi comprado em 2002 e serviu como residência para Bolsonaro e sua segunda ex-mulher, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle.

Nogueira revelou que a informação veio após uma confidência de Ana Cristina, que nega as acusações. Ele disse que, ao limpar o escritório da mansão e organizar alguns papéis, viu a escritura da casa, e comentou com a ex-mulher de Bolsonaro que se surpreendeu com o valor. Foi então que ela disse a ele: "É que sempre tem um por fora, né?".

Na escritura da venda da mansão, consta que o imóvel foi negociado por R$ 500 mil, mas, à época, a mansão tinha valor de avaliação para cálculo de imposto no total de R$ 874,1 mil. Ou seja, no papel, o negócio saiu com um desconto de 43%. Atualmente, a casa vale quase R$ 3 milhões.

R$ 25,6 milhões em dinheiro vivo

A nova denúncia acontece três dias após um levantamento patrimonial realizado pelo UOL, no qual foi revelado que quase metade do patrimônio em imóveis de Bolsonaro e de seus familiares mais próximos foi construída nas últimas três décadas com uso de dinheiro em espécies.

Desde os anos 1990 até os dias atuais, o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declaração dos próprios integrantes do clã.

As compras registradas nos cartórios com o modo de pagamento "em moeda corrente nacional", expressão padronizada para repasses em espécie, totalizaram R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, este montante equivale, nos dias atuais, a R$ 25,6 milhões.

"Qual o problema?", reclama Bolsonaro

Após a descoberta, Bolsonaro voltou a se irritar com jornalistas que o questionaram sobre a compra de imóveis em dinheiro vivo por parte da sua família.

"Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel, eu não sei o que está escrito na matéria... Qual é o problema?", disse, após participar de uma sabatina promovida pela União Nacional do Comércio e dos Serviços (Unecs), em Brasília, na última terça-feira (30).

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