Na sabatina do Jornal Nacional, a candidata do MDB à Presidência, senadora Simone Tebet, deu estocadas em caciques do partido que tentaram barrar a entrada dela na corrida eleitoral, criticou a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) e buscou convencer especialmente o eleitorado feminino de que é a melhor alternativa para mudar o país.
Tebet foi questionada sobre o fato de não ter conseguido respaldo total do próprio partido para concorrer ao Planalto. Uma ala da legenda, capitaneada pelo senador Renan Calheiros (AL), tentou, inclusive, barrar judicialmente a candidatura dela. Para esse grupo, a sigla deveria apoiar Lula logo no primeiro turno. A presidenciável respondeu ter sido vítima de tentativas de derrubá-la. "Tentaram puxar meu tapete, até pouco tempo atrás. Se tivesse um tapete aqui, acho que já teria caído da cadeira também", afirmou. "Tive de vencer uma maratona com muitos obstáculos. Tentaram, numa fotografia recente, levar o partido para o ex-presidente Lula. Judicializaram a minha candidatura, mas foi imediatamente rejeitada a ação."
A candidata disse, ainda, que o grupo, de "meia dúzia" de políticos envolvidos em escândalos como mensalão e o petrolão, não faz parte da totalidade do partido. "O MDB é muito maior que meia dúzia de caciques políticos. É o maior partido do Brasil, que vem da base da redemocratização. Meu partido é base da democracia do Brasil. O MDB de Mário Covas, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, de homens desbravadores, corajosos e, acima de tudo, éticos, que têm espírito público", frisou.
A presidenciável enfatizou que vai governar com "alma de mulher e coração de mãe". Caso eleita, prometeu que a primeira medida de sua gestão será pedir ao Congresso para pautar um projeto que versa sobre a igualdade salarial entre homens e mulheres — aprovado no Senado e parado na Câmara. "A mulher ganha 20% menos que o homem, exercendo a mesma função, a mesma atividade. Se for negra, preta, recebe 40% menos, me explique, qual a lógica disso?"
O discurso de Tebet foi marcado por recados ao público feminino, em especial às mães em situação de vulnerabilidade econômica. "Temos compromisso fiscal, mas como meio de alcançar a responsabilidade social. O eixo social do meu governo são pessoas, erradicar a miséria, diminuir a pobreza e acabar com a fome no Brasil. Inadmissível o Brasil alimentar o mundo e ter a incapacidade de alimentar os nossos filhos", criticou. "Quando nós sairmos daqui, cinco milhões de crianças vão dormir com fome no país. Pode faltar dinheiro para tudo, mas não pode faltar dinheiro para acabar com a miséria. A pobreza vai diminuir e a miséria acabar", enfatizou.
Ela explicou que parte das medidas que pretende implementar será com as verbas destinadas ao orçamento secreto e criticou o governo Jair Bolsonaro pela forma como as verbas são empenhadas. Segundo Tebet, o governo repassou o Orçamento ao Congresso por "não ter um planejamento". A candidata disse que, com apenas uma portaria assinada na Presidência, os ministros terão de abrir as contas das pastas. "Uma cidade, para receber mais dinheiro do orçamento secreto, disse que extraiu 14 dentes de cada cidadão do município. É a cidade mais banguela do planeta, e para quê? Para receber mais dinheiro e emitir nota fria", disparou.
Tebet também frisou que a educação será uma prioridade nacional. A postulante ao Planalto disse que o investimento na área está diretamente ligado ao combate à pobreza e que uma formação escolar de má qualidade contribui para o aumento do trabalho informal.
"Qual é o direito social mais importante de um cidadão? É o direito ao trabalho. Não tem trabalho que não tenha qualificação, ou tem um subtrabalho, ou ele vai para a informalidade. Ele tendo educação, tem direito ao trabalho que garante a comida na mesa, o aluguel, o lazer, a felicidade que dá esperança para as pessoas", sustentou. "Educação não tem como não ser prioridade nacional."