Simone Tebet (MDB) será a entrevistada desta sexta-feira (26/8) no "Jornal Nacional". A senadora, que comandou a bancada feminista, agora tenta coordenar a “terceira via” nas eleições presidenciais.
Mas afinal, quem é a advogada, de 52 anos, que quer chegar ao cargo mais importante do país?
Nascida em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, a senadora cresceu em berço político. Tebet é filha do ex-ministro da Infraestrutura do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Ramez Tebet (PMDB). O cargo no governo FHC levou o pai de Simone à presidência do Congresso Nacional em 2001, depois de três meses à frente da pasta.
Apesar de ser filha de político, Tebet escolheu priorizar os estudos inicialmente. Ela foi aprovada aos 16 anos na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Anos depois, se tornou especialista em Ciência do Direito, pela Escola Superior de Magistratura, e mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Deu aulas em universidades como a Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Católica Dom Bosco, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal e Faculdades Integradas de Campo Grande.
Política feminina
A história da senadora na política começou aos 31 anos, quando foi a mulher mais votada para um cargo legislativo em 2002. Ela se tornou deputada estadual pelo Mato Grosso do Sul, com 25.251 votos.
Dois anos depois, se elegeu para seu primeiro cargo majoritário e se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de prefeita de Três Lagoas. Nas eleições municipais de 2008 reelegeu-se para o posto com mais de 75% dos votos.
Na época, Simone resolveu renunciar à prefeitura e compor a chapa de André Puccinelli (MDB) na eleição para o governo de Mato Grosso do Sul, na condição de candidata a vice-governadora. Vitoriosa a chapa, tornou-se a primeira mulher vice-governadora do estado.
Nas eleições parlamentares de 2014, candidatou-se ao cargo de senadora pelo Mato Grosso do Sul, sendo eleita. No Senado Federal, ela liderou a primeira bancada feminina da história e tornou-se presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher. Foi também a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça, e a primeira a disputar a presidência do Senado em 198 anos.
Em 2018, durante as eleições que elegeram o presidente Jair Bolsonaro (PL), Tebet foi cotada para ser candidata ao governo do Mato Grosso do Sul, depois que seu companheiro de chapa André Puccinelli foi preso. Ela desistiu desta eleição.
“Descontrolada” na CPI da Pandemia
Simone Tebet ganhou destaque nacional ao liderar um movimento feminista dentro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID no Senado Federal. Composta por apenas homens, a comissão investigou a conduta do governo do presidente Bolsonaro no combate à pandemia. Tebet foi uma das senadoras, que, apesar de não ter cargo oficial na comissão, esteve presente na maioria das sessões e interrogando investigados.
"As pessoas ainda se recusam a acreditar que a mulher sofre misoginia, que a mulher que ousa sair para o mercado de trabalho vai para um ambiente público; não só na política mas no dia a dia, ela recebe toda sorte de discriminação", disse, citando episódios de constrangimento sofridos por ela própria ou por outras senadoras.
A senadora acabou ganhando destaque depois do episódio onde, o então ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) Wagner Rosário chamou-a de "descontrolada". A fala de Rosário gerou tumulto entre os senadores, e o ministro precisou deixar a sessão. Naquele momento ele se tornou investigado pela CPI.
Wagner Rosário fez a declaração após Tebet ter criticado a atitude do ministro em relação ao presidente Jair Bolsonaro e ao processo de aquisição pelo governo federal da vacina Covaxin. A senadora tinha o costume de destrinchar os processos, o que deixava as testemunhas e investigados em “saia justa”.
Agronegócio
Em 2018, assim que foi oficializada a vitória do presidente eleito Jair Bolsonaro, a senadora Simone Tebet foi às redes sociais parabenizá-lo. A senadora é fortemente ligada à bancada do agronegócio, mas na época era bem-vista pelos políticos do PSL, legenda em que o presidente participava.
Casado com a senadora, o deputado estadual Eduardo Rocha (MDB) atua em Campo Grande conforme os mesmos interesses. Entre as posições, o deputado tenta agradar os ruralistas locais.
Simone e Eduardo têm suas campanhas majoritariamente financiadas pelo agronegócio. A campanha de 2014 da senadora somou R$ 3 milhões em empresas e pessoas físicas ligadas ao agronegócio, 94% do que arrecadou naquele ano. O deputado estadual recebeu R$ 317 mil de um grupo similar de doadores, metade do valor de sua campanha.
A construção da terceira via
Com a desistência do ex-governador João Doria (PSDB), Tebet agora é vista como a candidata da “terceira via”. No primeiro discurso após a candidatura, ela disse não ter dúvidas de que contará com o apoio do PSDB na disputa pelo Palácio do Planalto. A declaração foi dada um dia depois que o MDB e o Cidadania terem decidido reiterar o nome da senadora como indicação do grupo ao Palácio do Planalto.
"Não tenho dúvidas de que, na semana que vem, nós estaremos com aqueles que sempre foram nossos aliados de primeira hora: homens e mulheres de bem do PSDB. Não tenho dúvida de que essa construção está sendo muito bem feita pelo nosso presidente Baleia Rossi (MDB) junto com o presidente [do PSDB] Bruno Araújo", declarou.
Segundo a pesquisa Datafolha, divulgada em março, Simone Tebet tem 1% das intenções de voto. A mesma pesquisa mostrou Lula (PT) com 43% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro, com 26%.
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