O presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou nesta quarta-feira (24/8) sobre as operações deflagradas ontem pela Polícia Federal contra empresários bolsonaristas. Os mandados de busca foram emitidos após o grupo supostamente ter defendido a realização de um golpe de Estado, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Bolsonaro nas eleições presidenciais, em outubro. Em tom de ironia, o presidente questionou onde estavam os signatários da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”.
“Somos ainda um país livre. E eu pergunto a vocês: o que aconteceu no tocante aos empresários agora? Esses oito empresários. Eu tenho contato com dois deles: Luciano Hang e o Meyer Nigri. Cadê aquela turminha da carta pela democracia? A gente sabe que em época de campanha continuam lobos em pele de cordeiro. Acreditar que eles são democratas e nós não somos? Cadê a turminha da carta pela democracia?”, disse durante encontro com prefeitos e líderes evangélicos em Betim, Minas Gerais.
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, que há uma semana foi empossado como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele deferiu a petição do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) sobre os empresários bolsonaristas, que teriam defendido o golpe em um grupo no WhatsApp.
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Entre os alvos estão Luciano Hang, da Havan; José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; André Tissot, do Grupo Sierra; Meyer Nigri, da Tecnisa; Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii; e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu.
"Atitude autoritária e ilegal"
O vice-presidente General Hamilton Mourão classificou a operação como lamentável nas redes sociais. "A ação do Ministro Alexandre de Moraes contra empresários brasileiros é lamentável. Num momento vital para o país, próximo à eleição, não posso concordar com mais essa atitude autoritária e ilegal. Abusos como esses motivaram os ingleses a formar o art.39 da Carta Magna de 1215", afirmou.
Também ontem, os filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), criticaram a operação. Eduardo disse que o objetivo era “intimidar posicionamentos políticos” a favor do chefe do Executivo.
"PF em casa devido a mensagens de zap?! Qual crime? É operação claramente para intimidar qualquer figura notória de se posicionar politicamente a favor de Bolsonaro ou contra a esquerda. Isto é um ataque à democracia em plena campanha eleitoral. Censura. Não há outra palavra!", publicou nas redes sociais.
Flávio, por sua vez, caracterizou as mensagens como sendo uma “conversa privada no WhatsApp” e definiu a operação como "insana". "É insano determinar busca e apreensão sobre empresários honestos, que geram milhares de empregos, alguns conhecidos de ministros do STF (que sabidamente jamais tramariam "golpe" nenhum) por dizerem que preferem qualquer coisa ao ex-presidiário, numa conversa privada de WhatsApp".
Ainda em BH, Bolsonaro defendeu que “perder uma eleição numa democracia é natural”.
“O que está em jogo agora nessas eleições? Eu sempre digo: perder uma eleição numa democracia é natural. Tem muitos candidatos aqui em cima que serão vitoriosos. Alguns não serão. Faz parte da regra do jogo. Mas nós não podemos perder a democracia numa eleição. Nós sabemos o que esse outro lado fez ao longo de 14 anos, de 2003 a 2016, onde eles colocaram o Brasil", completou.