O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) disse nesta terça-feira (23/8) que não é a favor das "saidinhas" temporárias para todos os presos. Segundo o petista, é preciso levar em conta qual foi o crime cometido e dar tratamentos diferenciados para os presos de acordo com a gravidade. O candidato também afirmou ser preciso dar mais agilidade aos julgamentos para diminuir a lotação dos presídios.
"O sistema carcerário moderno é aquele que trata desigualmente os desiguais. Você tem os pequenos delitos, fez um furto para alimentar um filho. É crime, está na lei, às vezes a pessoa é levada para a delegacia e vai cumprir pena", disse o petista em entrevista ao portal G1. Ele citou um caso recente que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), do fim do ano passado, de um homem que foi condenado por furtar dois frascos de xampu.
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"Ok, cometeu o delito, mas vamos tratar de acordo com a gravidade do crime. Chegar ao Supremo uma coisa dessas... Você pode converter a pena, você pode fazer a pessoa prestar serviços comunitários. Tem o tratamento adequado, a pena alternativa. Isso tudo é cabível no mundo moderno", afirmou Haddad.
"E tem o sujeito que é um estuprador, tem o sujeito que é um homicida, tem um sujeito que é um latrocida. A pior coisa do mundo é você tratar tudo isso como se fosse a mesma coisa, não é. Então, vamos dar pesos diferentes para tornar mais racional o tratamento dos crimes de acordo com a conduta e de acordo com a gravidade do delito", completou o candidato.
"Quem fica, fica. Quem já cumpriu pena, sai"
Haddad, que já foi prefeito da cidade de São Paulo, lidera a corrida ao Palácio dos Bandeirantes neste ano. Segundo pesquisa Real Time Big Data divulgada ontem (22), o petista tem 34% das intenções de voto, seguido pelo ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) e pelo atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ambos empatados com 20%.
Em relação à superlotação dos presídios paulistas, Haddad defendeu ser preciso agilizar os julgamentos para liberar espaço. Segundo relatório da Defensoria Pública, cujo levantamento foi realizado entre 2020 e 2022, cerca de 81% dos presídios do estado estão superlotados.
"Tem muita gente que não está recebendo assistência judiciária adequada e uma grande parte dos presos são provisórios, não foram julgados. Então, nós temos que acelerar o processo de julgamento desses presos. Quem fica, fica. Quem já cumpriu pena, sai. Quem pode progredir, progride. Ou seja, precisa de uma gestão do sistema carcerário que gradue a pena da pessoa de acordo com o delito cometido", argumentou Fernando Haddad.