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Fux lembra tensão no último 7 de setembro: 'Passamos a madrugada acordados'

Em 2021, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tomaram a Esplanada dos Ministérios e realizaram atos antidemocráticos que pediam, entre outras coisas, o fim da Corte

A pouco mais de duas semanas das comemoração de 7 de setembro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, relembrou as tensões vividas durante a data em 2021. Na ocasião, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tomaram a Esplanada dos Ministérios e realizaram atos antidemocráticos que pediam, entre outras coisas, o fim da Corte.

Em entrevista exclusiva ao O Globo, o ministro disse que ele e outros membros do STF passaram a madrugada entre os dias 6 e 7 “acordados e vigilantes”, porque receberam uma informação de que os manifestantes tentariam invadir o prédio da Corte.

“Esperávamos que os manifestantes chegassem no dia 7. Eles nos surpreenderam chegando no dia 6. Havia um número expressivo de pessoas, muitos caminhões. Havia veladamente uma informação de que tentariam chegar perto do Supremo. Um grupo radical falava em invadir o Supremo”, lembra Fux.

Para ele, o 7 de setembro de 2021, o primeiro com manifestações que feriam os princípios democráticos após a redemocratização, foi “o momento mais delicado” da gestão dele frente ao STF. “Tivemos que passar a madrugada acordados e vigilantes para que não houvesse nenhum acidente”, declarou.

Além das ameaças externas de invasão, o ministro conta que tinha informações de que “a entrada de um caminhão no prédio do STF poderia causar a própria implosão da sede”, o que causou grande preocupação.

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O ministro afirmou que a responsabilidade dele em averiguar se o prédio poderia permanecer em segurança foi “muito grande”. “Algumas barreiras que estabelecemos foram vencidas. Mas o batalhão de choque da Polícia Militar conseguiu contê-los para que não chegassem nem perto do prédio. Estávamos com toda a nossa força de segurança, com as estratégias montadas”, lembrou.

Fux ainda afirma que, caso o episódio se repita neste ano, a Corte estará muito preparada e acrescenta que defenderá o Poder Judiciário se houver falas ofensivas contra o Supremo. “Agora, se houver manifestações orais ofensivas ao Supremo, estarei no dia 8 no plenário para defender o Poder Judiciário, as instituições brasileiras e a higidez da nossa democracia”, garante.

“A democracia brasileira está solidificada, e a soberania popular é algo que já está introjetado na mente do povo”, acrescenta. Com carros, motos e caminhões, manifestantes ocuparam a Esplanada dos Ministérios em 6 de setembro de 2021. Nas mãos, cartazes em que pediam “impeachment do STF”. Em discurso no dia seguinte, Bolsonaro se referiu a Fux e a Moraes — este último emitiu mandado de prisão para aliados dele pouco antes da data.

“Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse Poder enquadra o seu, ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse o chefe do Executivo na ocasião. Ele também afirmou que a manifestação era “um ultimato para todos os que estão nos três Poderes”.

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