A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), defende a gestão petista e relata que as políticas voltadas às mulheres tiveram prioridade. "Essa rejeição das mulheres em relação a Bolsonaro é porque todo mundo vê o que ele pensa e fala do público feminino. É um machista e misógino incorrigível. Reduziu o orçamento de políticas voltadas às mulheres. Vetou, por exemplo, o projeto de distribuição gratuita de absorventes. Já nos nossos governos, as mulheres tiveram prioridade, em especial as que mais precisam e as mães solo", argumentou.
Já a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) justifica que as pesquisas que apontam rejeição a Bolsonaro são "feitas pelos institutos que erraram todas nas últimas eleições". "Além disso, se existe alguma rejeição, ela nasce na ausência de informação. Foi no governo Bolsonaro que o número de mulheres assassinadas despencou e, quanto ao feminicídio, a queda só não foi mais acentuada porque essa tipificação penal é recente." Para a parlamentar, a conclusão sobre as mulheres que apoiam Lula é a mesma: falta de informação.
A analista e coordenadora de Análise e Conteúdo da Dharma Politics, Laryssa Almeida, observa que o voto feminino será decisivo nas eleições presidenciais de 2022. "Quando um candidato governista é muito mal avaliado, historicamente são mais baixas as chances de ele vencer o candidato de oposição. Essa é a situação em que Bolsonaro se encontra, não só em um contexto nacional, mas também frente ao eleitorado feminino", expõe.
Laryssa Almeida ressalta, contudo, a importância de cautela na consideração dos níveis de rejeição apontados nas pesquisas, haja vista que se configuram como retratos situacionais, e não voto dado. "Em quem a maioria das mulheres realmente votará, em outubro, ainda permanece como um mistério sobre o qual só podemos especular."
A rejeição a um candidato governista é, no entanto, parcialmente explicada por condições socioeconômicas, aponta. Isso porque as mulheres foram as mais atingidas durante a pandemia. Com o aumento no Auxílio Brasil, o governo espera alcançá-las, uma vez que oito em cada 10 beneficiários do programa são mulheres. "Em tempos de recessão econômica, as mulheres são as que mais sofrem adversidades, como mães e chefes de família — o Auxílio Brasil criado pelo atual governo pareceu ciente dessa problemática. Nesse contexto de vulnerabilidade socioeconômica, o Auxílio Brasil gerou uma tendência de recuperação nesse terreno perdido, mas ela ainda não é expressiva o suficiente para mudar o resultado dos diagnósticos de alta rejeição a Bolsonaro entre as mulheres", expõe.
A advogada constitucionalista Vera Chemin, mestre em direito público administrativo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que, para tentar galgar mais espaço nesse público fora da bolha, Bolsonaro precisa adotar uma conduta mais cautelosa em temas sensíveis; além de aumentar e divulgar políticas públicas que incluam e favoreçam as mulheres.
No caso de Simone Tebet, acrescenta, diferentemente dos demais candidatos, ela incentiva, inteligentemente, um equilíbrio, no sentido de divulgar que as mulheres não querem tomar o lugar dos homens e, sim, ficar lado a lado, em condição de igualdade. "As mulheres são tão protagonistas da história e da evolução social, política e econômica, quanto os homens. Esse é o mote da campanha de Tebet para conquistar o voto feminino."
Socióloga da Universidade de Brasília (UnB), Christiane Machado Coêlho acrescenta que entre os segmentos do eleitorado feminino que apoia Bolsonaro, estão evangélicas, familiares da "agro elite" do meio rural, grupos mais conservadores, e eleitoras frustradas com o PT e/ou a política em geral. "São grupos permeáveis, compostos por características que podem se justapor. Já em relação ao ex-presidente Lula há toda uma trajetória de ativismo político de muitas mulheres de diferentes gerações e todo o investimento que foi feito nos seus governos nas áreas de educação, cultura e Secretaria das Mulheres, entre outras medidas", menciona.