O ex-coordenador da Lava-Jato e ex-procurador Deltan Dallagnol, condenado ontem pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver diárias e passagens irregulares que constavam como despesas da Operação, utilizou seu perfil no Twitter, nesta quarta-feira (10/8), para criticar o sistema de cargos em tribunais.
Dallagnol, que é pré-candidato a deputado federal pelo Podemos no estado do Paraná, afirmou que irá recorrer da decisão, e comparou as indicações a cargos em tribunais com o esquema do “petrolão” — um dos esquemas bilionários investigados pela Lava-Jato, ocorrido na Petrobras, ocorrido durante o governo Lula e Dilma.
“No Brasil, as indicações políticas para certos cargos de tribunais são usadas com objetivos semelhantes aos das indicações para cargos na Petrobras ao longo do Petrolão: para garantir impunidade enquanto se saqueia o país, favorecer amigos, perseguir inimigos e perpetuar o poder”, escreveu.
Dallagnol ainda afirmou que, uma vez no Congresso Nacional, irá lutar para “mudar esse sistema”. “Vamos permitir que continuem a nos roubar? Vamos permitir que roubem e enforquem? Eles saqueiam nossos recursos, nossos direitos, nossa vida e nossa esperança de um Brasil melhor. Que país queremos? Lutarei até o fim para mudar no Congresso Nacional esse sistema”, disse.
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Condenação
As contas são apuradas desde 2020 pelo TCU e o relatório foi apresentado pelo ministro Bruno Dantas. Outros sete procuradores foram inocentados. Segundo o magistrado e o subprocurador-geral do Ministério Público de Contas, Lucas Furtado, foram identificadas irregularidades no pagamento de diárias e passagens aéreas a procuradores da força-tarefa, em Curitiba, no Paraná.
Segundo Dantas, a condenação equivale a "ato doloso de improbidade administrativa". A ação pode tornar os procuradores inelegíveis.
Em nota, Dallagnol se manifestou contra a condenação do tribunal. "A 2ª Câmara do TCU entra para a história como órgão que perseguiu os investigadores do maior esquema de corrupção já descoberto na história do Brasil", disse.