Como está a preparação para a campanha pela reeleição que, oficialmente, começa em 16 de agosto?
Acho que será uma campanha diferente, na qual o segundo turno já começou. Não se tem expectativa de mudar os dois atores que estarão num eventual segundo turno. Então, é uma campanha na qual os dois candidatos têm intenção de voto muito alta, mas têm uma rejeição muito grande. A gente tem que trabalhar para aumentar a intenção e diminuir a rejeição. Nós temos um presidente que tem uma forma toda peculiar de se comunicar, muito espontânea e autêntica. Para uns é defeito, mas para outros é qualidade, né? As pessoas do marketing têm que ter um trabalho a mais para lidar com essa espontaneidade dele. No início, pode ter um ruído, mas, no final, ele acaba consolidando no eleitor a impressão de que ele diz a verdade quando fala com as pessoas.
O presidente tem insistido que a urna eletrônica não é segura, mas essa é a regra do jogo. Vai ficar nesse discurso?
Estamos próximos de ter uma solução para essa discussão. Eu não gostaria de estar perdendo tempo com isso. Eu confio nas urnas do nosso país. Não quer dizer que elas não possam ser fraudadas algum dia. Por isso, acho que, a cada dia que passa, tem que se aperfeiçoar os instrumentos de fiscalização para que ela se torne cada vez mais confiável e que o eleitor tenha o seu voto computado da forma correta, com toda transparência e independência possíveis. Acho que a gente perde mais tempo nas discussões e nos discursos do que realmente no que está sendo proposto. A discussão é se o Exército deveria fazer essa proposta ou não, se o presidente deveria interferir ou não, mas ninguém vai ver o que está sendo proposto.
Ministro, isso não é estratégico (querer colocar o Exército)?
Não sei, mas acho que falta é diálogo das instituições. O Exército não foi lá se oferecer; foi chamado a participar dessa discussão. E, já que foi chamado, ninguém pode reclamar depois. Não vejo dificuldade no que o Exército propôs ser adequado ou aceito, e a gente virar essa página. Acho que vai acontecer.
Quando o senhor diz que vai virar essa página, refere-se também ao Sete de Setembro?
Acho que antes disso. No Sete de Setembro não se tratará mais de urna. Vamos tratar de uma grande festa de apoio ao presidente.
No ano passado, também se esperava uma festa de apoio e deu no que deu, com o ex-presidente Michel Temer chamado a acalmar os ânimos. Corremos o mesmo risco este ano?
Tenho convicção de que não teremos mais esse tema no Sete de Setembro. Se Deus quiser, a gente vai virar essa página.
Quais fatores podem melhorar os índices do presidente? Vem mais algum programa de governo?
Estamos muito em cima da eleição para lançar novos projetos. Acho que o governo, agora, vai começar a colher os frutos. Não existe, hoje, um índice negativo no nosso país. Desemprego é melhor índice da nossa história; crescimento é um dos melhores índices do mundo; inflação é um dos melhores do mundo. Vamos ter agora deflação. Temos o combustível, talvez, um dos mais baratos do mundo. A energia, hoje, uma pessoa, ao abrir a sua conta, vê que cai 20%. Então, vamos colher os frutos de todos os sacrifícios que fizemos. Não tenho dúvida. Uso a máxima, aquele presidente americano, Ronald Reagan, dizia: 'Se você estiver melhorando de vida, vote em mim. Se você estiver piorando de vida, vote na oposição'. E as pessoas estão melhorando de vida no país.
Esse olhar é o mesmo para o Nordeste? O senhor falou, recentemente, que o presidente Lula, enfim, terá um bom desempenho no Nordeste, mas não tão bom quanto os outros anos.
Sem dúvida. Lula, que é uma pessoa historicamente mais forte que o (Fernando) Haddad, vai ter muito menos votos do que o Haddad obteve na eleição passada. E o presidente Bolsonaro vai ter muito mais votos do que obteve na eleição passada. Ele vai ganhar em todas as grandes cidades. E, hoje, a gente vai depender dessa maturação para chegar no interior, nas pequenas cidades, em que o Lula ainda é muito forte. Temos uma base política que, na eleição, faz muito efeito. O PT, acho que, hoje, é o sexto ou o sétimo partido no Nordeste. É por aí. O meu é o maior partido do Nordeste em número de prefeitos e vereadores. E isso, numa campanha, tem um efeito muito forte.
Mas, às vezes, a gente não vê essa estrutura partidária trabalhando para o candidato do partido, né?
Isso acontecia no passado porque você não tinha identificação com o candidato. Meu partido mesmo, quando apoiava o PT, não tinha identificação com as teses do PT. Agora, nós temos. Não conheço nenhum deputado do partido que não esteja apoiando o presidente. Lógico, o deputado pede muito mais voto para si.
Nem Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que foi ministro do PT?
Ele não está pedindo votos para o Lula, não.
Então, nenhum pede?
Não conheço.
Se tiver, ninguém sabe, ministro?
Não vou dizer que todos, 100%, mas 99% do partido estão fechados com o presidente, coisa que não acontecia. Quando você ia para as eleições, era metade de um lado e metade de outro. Agora não. Hoje, há muitos partidos que estão com o presidente. O MDB, mais da metade apoia Bolsonaro. PSD, 80%. PL, 100%. Republicanos, quase 100%. Progressistas também. Então, hoje nós temos uma base muito mais forte. Vamos ter aí, arrisco dizer, 80, 90% dos prefeitos do país apoiando o presidente Bolsonaro. É um apoio importante. O presidente Lula, para você ter uma ideia, os candidatos dele ao governo só estão ganhando em seis estados, e isso é muito pouco para quem está liderando as pesquisas.
Mas são estados grandes, que fazem a diferença, São Paulo, por exemplo...
O partido do presidente Lula só está ganhando em dois, São Paulo e Rio Grande do Norte. Os candidatos que o apoiam estão ganhando em Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Pará. Não tem um candidato do Lula ganhando em outro estado.
E São Paulo, como o senhor avalia?
Em São Paulo, beira o impossível o Haddad ganhar no segundo turno. A disputa é entre Rodrigo (Garcia, governador candidato à reeleição) e o Tarcísio (de Freitas, candidato do Republicanos) para ver quem vai e ganha do Haddad.
Do jeito que o senhor coloca, pode-se falar, então, em eleição fácil?
Não existe fácil. São dois grandes líderes. O grande problema do Lula é que ele não pensava em encontrar um outro grande líder com ele vivo. Que fale diretamente com a população. Quem tivemos de grande líder? Getúlio, JK, Lula e, agora, Bolsonaro. E que se enfrentaram mesmo, só Lula e Bolsonaro agora. Então, é uma disputa difícil. Mas o eleitorado, daqui a pouco, vai poder comparar. Temos hoje uma dificuldade eleitoral para o presidente entre as mulheres e os jovens. Acho que já estamos crescendo no eleitorado feminino. E vimos, numa pesquisa, que o jovem não tem tolerância com a corrupção. Você pode perguntar. O jovem tem tolerância zero com a corrupção, só que ele não viveu a corrupção do PT. O jovem que hoje tem 20 anos, quando teve o mensalão e o petrolão, tinha 13, 14 anos, ele não viveu aquilo ali. Mas, agora, ele vai conhecer na campanha. Isso aí nós colocamos na (pesquisa) qualitativa e, quando ele (o jovem) vê aquilo, a reação é muito forte contra. Se vocês quiserem, produzam uma qualitativa e botem o jovem vendo os escândalos para ver se ele vota no PT.
Mas o secretário-geral do PT, Paulo Teixeira, nos disse no CB.Poder, quando perguntado sobre mensalão e petrolão, que o Centrão, o PP, e PL, que hoje estão com Bolsonaro estavam envolvidos...
Comandados por ele, comandado por eles. Não dá para eles entrarem nessa história de corrupção. Teve ministro da Economia preso, gente. Só por aí, você tira. E tudo do PT é "ão", mensalão, petrolão. Não dá para comparar. Qual foi o recurso desviado no governo Bolsonaro?
Há denúncias na Educação, no Orçamento secreto...
Ah, há denúncias de que o ministro recebeu o pastor, mas cadê a mala de dinheiro que foi presa?
Então, a linha para os jovens será mostrar a corrupção que houve no governo do PT. E para as mulheres?
Em relação às mulheres, é questão de comunicação. A mulher, você não pega um presente, joga de qualquer jeito e entrega. Você tem que entregar com carinho. Será a forma de comunicar. Às vezes, o presidente demonstrou durante toda a trajetória uma certa rigidez, uma forma de falar. Mas, aqui dentro, ele se emocionava. Aquele presidente emotivo, que chorou ao ver a esposa falando dos momentos difíceis, tem que ser demonstrado quem é esse presidente. Agora, ele é ele, não dá para querer enquadrá-lo. Eu cheguei para ele, há algum tempo, e disse: "presidente, se o senhor se vacinar, o senhor cresce 8% na pesquisa, segundo um grande estatístico conhecido". Ele disse: "Ciro, não vou fazer isso para ganhar voto". O Lula teria tomado 25 vacinas se eu chegasse com essa conversa para ele. Então, essa é a diferença. Você não vai montar o Bolsonaro para ganhar a eleição. Nós só temos que fazer com que o lado dele mais sensível, e eu vi isso acontecer diversas vezes, ele se emocionar quando estava tratando de um tema difícil, que era duro. Isso aí precisa chegar na população.
O senhor conviveu com os dois, Lula e Bolsonaro. Quais os pontos que destacaria em cada um?
Os dois têm uma identificação única com a população. As pessoas olham para o Ciro Gomes, para o João Doria, para o Tarcísio, para o Haddad, para o Rodrigo Garcia e tem admiração. O cara é competente, é sério, isso e aquilo. Mas as pessoas não se veem lá. Bolsonaro e Lula, a diferença é que as pessoas olham e dizem, "esse aí é um de nós". Esse é o ponto em comum básico para os dois políticos. A diferença é que eu acho que Bolsonaro coloca o país em primeiro lugar. O Lula coloca o partido dele em primeiro lugar. Os interesses pelo poder. Lula só é candidato por conta do partido dele. Tenho certeza de que, por vontade própria, ele não teria sido candidato. Por isso eu digo que o Bolsonaro de 2022 é muito melhor do que o Bolsonaro de 2018. O Lula é o contrário. Lula está querendo voltar ao poder, para devolver o poder ao partido dele. Essas pessoas que foram massacradas nos aviões, nas ruas. É uma forma de recuperação de imagem dessas pessoas, para elas voltarem ao poder. Não é para desenvolvimento do país, para o país crescer, para as pessoas melhorarem de vida. Acho que é essa a diferença.
Mas o Lula tem conseguido angariar apoios, para ver se liquida a fatura no primeiro turno. O senhor disse que hoje esta eleição tem cara de segundo turno. Esta disputa tem dois turnos ou se resolve no primeiro?
Tenho certeza de que Bolsonaro chega ao primeiro turno na frente. Não tenho nem dúvida. Com 15 dias de programa eleitoral, a eleição estará empatada. Quando as pessoas assistirem o que ele fez, o que ele pode vir a fazer pelo país, e virem o que Lula fez e a confusão que estava no país anteriormente, as pessoas vão pensar. O PT aposta que as pessoas vão votar com o estômago e com o fígado. As pessoas vão votar é com a cabeça. As pessoas olham para o Lula, e eu também vi isso em qualitativa, e gostam dele. Agora, quando você coloca o entorno dele, dizem: "ah, esse pessoal não pode voltar". Qualitativa dá isso, as pessoas não querem a volta.
Mas o Alckmin não dá uma suavizada nesse quadro?
Eles erraram com o Alckmin. Não com a escolha, mas em que eles transformaram o Alckmin — e ainda bem que aconteceu isso. O Alckmin era para ser aquele que a gente conheceu, conservador, tucano. Virou o Alckmin da esquerda, cantando a Internacional Socialista com o chapéu do MST. Aí virou uma coisa que decepcionou as pessoas, por ele ter sido capaz de se submeter àquilo. Já conversei inclusive com amigos que tenho no PT, e eles disseram que foi erro de estratégia.
Então, o senhor acredita que o antipetismo será um tema central nesta eleição?
Virá forte. Hoje, você abre um jornal, vê um telejornal, é 90% pancada no presidente. Na eleição, vai ter que dividir o tempo. Você não vai ficar batendo no presidente todos os dias. Os tempos são iguais. Então, vai voltar, as pessoas vão se lembrar dos escândalos, o que está um pouquinho adormecido. Qual a dificuldade do Lula? Por que ele demorou tanto a fazer campanha? Porque precisava aparecer com as pessoas do lado, a Gleisi, o Lindinho (Lindhberg Farias), que é quem vai governar. Aí, as pessoas pensam: será que eu quero Dilma como ministra? Gleisi? Quem vai ser o ministro da Economia? Lula não vai fazer campanha sozinho. Cada vez que Lula sair, vai perder voto.
Agora, a oposição tem dito muito que pode ter golpe no país, que Bolsonaro é autoritário e não aceitará o resultado das urnas...
É um discurso, basta ver que o presidente Bolsonaro nunca chegou a nenhum cargo na vida dele sem ser pelo voto.
Mas o presidente, apesar de eleito pelo voto, insiste no discurso contra a urna, disse aos embaixadores que pode não ter eleição, criticou o sistema...
Não existe tema proibido. Acredito na urna, mas acredito que ela possa ser fraudada um dia. Se não pudesse ser fraudada, o TSE, ao longo do tempo, não estaria tomando diversas medidas para torná-la mais segura.
Mas isso não gera mais instabilidade?
Eu preferia estar tratando de outro tema. Como se diz na minha terra, isso é tratar de defunto ruim, perder tempo. Eu preferiria estar tratando do crescimento do país, da expectativa fantástica que o Brasil vai ter de investimentos, de ser um exemplo no controle da inflação, da redução do desemprego. Isso também (o discurso sobre a urna) é utilizado pelos meios de comunicação porque querem derrotar ele. Só querem falar nisso. Ninguém quer falar do aspecto bom. Você pode imaginar que, hoje, o Brasil tem inflação menor do que Estados Unidos e Inglaterra, gente? Isso aí eu tenho certeza de que vocês nunca pensaram em presenciar. Eu preferia estar tratando disso, mas, como diz a música, é o que temos para hoje.
Ele cancelou o evento da Fiesp, que era no dia da manifestação (11 de agosto). A partir de agora, a postura do presidente será a de evitar esses encontros?
Olha o manifesto (de defesa da democracia), por exemplo. O país inteiro poderia assinar esse manifesto, mas se tornou uma coisa política, para atacar o presidente. Então, perde um pouco o sentido.
Em relação ao Congresso, como está se projetando as bancadas, nesse cenário sem coligações para as proporcionais?
Esse é um grande fator pelo qual as pessoas vão optar pelo presidente Bolsonaro. Temos dois presidentes com uma rejeição muito alta. Então, na prática, o Lula, se ganhar, no dia seguinte, está com 40% de ruim e péssimo. Bolsonaro, idem. Qual a diferença dos dois? Base eleitoral e a forma de conquistar uma base eleitoral. Vamos eleger cerca de 350 deputados com um viés mais liberal. A esquerda vai eleger entre 130 e 150 deputados. O teto da esquerda é 150. O teto nosso é 370. Como é que o Lula vai cooptar essas bancadas? Emenda? Não tem mais isso, porque está tudo com o Congresso hoje em dia.
Ele quer acabar com o Orçamento secreto...
Quando? Em 2024? Já estará votado. Pegaria um presidente do Banco Central, o homem mais preparado que conheço na minha vida, por mais dois anos com viés liberal. Todas as agências reguladoras com um viés liberal. Como é que vai cooptar? Vai entregar de novo as estatais para os partidos? Vai entregar os ministérios de porteira fechada para os partidos, para cooptar? Olha o caos que seria no país. Você acha que as pessoas, hoje, vão aceitar você entregar o Banco do Brasil para um partido político? Caixa Econômica, BNDES? Não dá mais para voltar atrás. Seria muito ruim para o país. Na hora de votar, as pessoas vão pensar nisso. O presidente Bolsonaro, por mais que tenha uma rejeição grande, estará com uma base para fazer as transformações e continuar fazendo com que o país avance.
O que atrapalhou o governo, a pandemia?
Principalmente, a pandemia. Enfrentamos Brumadinho, logo no início, pandemia, inflação por causa da guerra na Ucrânia. O que seria desse país hoje se a gente tivesse, em tese, entregue R$ 750 bilhões a mais para o Tarcísio, para ele fazer de infraestrutura no país? Se tivéssemos pegado esse dinheiro e jogado no Orçamento da Educação? Imagine o que seria do país. Imagine investimentos com esse recurso. Se não tivesse inflação causada pela guerra, estaríamos falando em eleição atualmente? Ninguém enfrentou o que o presidente enfrentou. Não dá nem para comparar com qualquer governo. Qual foi o último governo do PT? Todos os índices eram trágicos da Dilma, sem pandemia, gente! Nem no pior momento da pandemia atingimos os índices do tempo da Dilma.
Por falar em pandemia, qual o discurso que o governo fará para contrapor as imagens do presidente imitando uma pessoa com falta de ar, e o pronunciamento com ele dizendo que era uma gripezinha?
Quando a Organização Mundial de Saúde convidou o Brasil para escrever o tratado sobre pandemia como um exemplo para o mundo, aí acabou qualquer coisa. O presidente pode ter errado em alguma palavra, mas as ações dele foram exemplares. Não faltou nenhuma vacina para nenhum brasileiro. Cuidamos, como ninguém cuidou nesse país, das pessoas que precisavam manter seus empregos e se alimentar. Ajudamos estados e municípios a não irem para o caos. Então, foi um exemplo. A gente precisa é de ação, não de discurso.
Mas ele deu o mau exemplo de não se vacinar...
Foi uma decisão dele. E se ele se vacinasse e faltasse uma vacina? Não faltou uma vacina no nosso país.
Mas muita gente diz que o governo se atrasou na compra...
Não, isso aí é uma narrativa. Não é justo dizer isso. No dia seguinte em que foi aprovado pela Anvisa, nós compramos a vacina. Isso aí é uma narrativa do pessoal lá da CPI, que eu chamo da República do Galeão. Do Getúlio Vargas. Você se lembra de algum nome da República do Galeão? Não, mas do Getúlio você se lembra, né? Esse pessoal vai ser esquecido. Ali, era a República do Galeão, que criou uma narrativa para atacar.
Mas, num determinado momento, foi preciso orientar o presidente em relação ao discurso das vacinas...
Algumas palavras foram mal colocadas. Mas o fundamental é que tivemos um exemplo de condução da pandemia para o mundo. O resultado final.
A oposição já está com as imagens dele dizendo que era uma gripezinha, imitando uma pessoa com falta de ar, imagens de caixões, as cenas da tragédia de mais de 600 mil mortos...
As pessoas viveram a pandemia, todos nós vivemos. Vão querer construir uma narrativa. As pessoas viveram, foram cuidadas e vacinadas. Isso é muito mais forte do que qualquer erro de comunicação. As pessoas viveram. Cadê os desvios? Aquele espetáculo grotesco que a CPI produziu, o que resultou de importante para o país? Nada. Aquele relatório do Renan (Calheiros) deveria ser jogado no lixo, foi uma CPI de cunho político para ser usada agora.
Mas as imagens são fortes...
Em relação a ações de governo, as imagens das malas de dinheiro, dos escândalos, das caixas de dinheiro, são mais fortes. Aqui, nunca teve nada parecido. Ministro da Economia foi preso lá atrás. Não precisa se falar mais nada. O que você quer? Palocci ou Paulo Guedes? Escolha.
E Presidência da Câmara? Como
ficará no ano que vem?
Temos um presidente da Câmara que o país deve muito a ele. Tudo o que ocorreu no Brasil nos últimos tempos, o país deve muito a ele, foi graças a sua liderança.
Ele conseguiu a aprovação da PEC das bondades, que gerou o Auxílio Emergencial de R$ 600. Esse valor será tornado permanente no ano que vem?
Vamos trabalhar para tornar o Auxílio Emergencial permanente e aprovar depois das eleições.
E os recursos?
Se estamos pagando agora, pagaremos depois. Vamos encontrar os recursos. Há a reforma tributária que está no Senado, já aprovada pela Câmara, que pode ser usada.
Seja quem for o presidente eleito?
Vai ser o presidente Bolsonaro. O PT está cometendo o mesmo erro que Fernando Henrique Cardoso cometeu quando se sentou na cadeira prefeitura. Quem foi o prefeito? Jânio Quadros. Você gosta de futebol? Nem começou o jogo, e o PT está na beira do campo, gritando, acaba o jogo, acaba o jogo! Gente, mas o juiz não apitou nem o início! Ele está com medo do jogo.
Acredita que o Auxílio, que começa a ser pago na semana que vem, surtirá um efeito positivo para o presidente?
Vai (surtir), faça uma pesquisa depois para ver. O nosso foco, a partir de agora, é falar das coisas positivas que o governo fez, do otimismo do país. Se as pessoas estiverem melhorando de vida, não vão mudar (de presidente).
Mas o senhor falou que já estamos no segundo turno, e os demais candidatos não interferem, como Ciro Gomes e a própria Simone Tebet?
Sou um fã, já fui eleitor do Ciro no passado, meu amigo. Mas ele, a Simone, o pessoal entrou no meio de uma eleição histórica entre os dois maiores líderes populares depois que JK morreu. Nunca imaginei encontrar uma eleição dessas. É difícil outro candidato entrar.
Como é atuar tão diretamente nesse momento tenso, mas histórico, que o país está vivendo?
Essa questão da Casa Civil, nunca quis ser ministro. Sempre preferi indicar, pelo partido, um ministro. Esse desafio agora da Casa Civil veio num momento de instabilidade que o país estava vivendo. Acredito muito no presidente Jair Bolsonaro. Eu tinha restrições ao deputado Bolsonaro, mas ao presidente, sou um defensor. Muitas vezes até, a gente se surpreende com as atitudes dele.
Qual o ponto mais positivo de Bolsonaro?
É a pessoa mais bem intencionada que conheci na minha vida. Nunca conheci ninguém tão bem intencionado. Até certo ponto, de uma pureza que surpreende, quando ele fala.
E o defeito?
Espontâneo demais (risos). Ele fala tudo o que pensa e, às vezes, é deturpada muita coisa que ele fala. Você pega o que ele fala, corta uma coisa, e aí...
O presidente vai detalhar mais um programa de governo? O que se pode vislumbrar para 2023? O equilíbrio fiscal estará mais difícil, e o PT, por exemplo, já decidiu não detalhar uma proposta econômica.
O PT está com medo de mostrar quem vai governar, para as pessoas avaliarem os ministros. Estamos superando todas as previsões, e essa é mais uma que vamos superar. O país tem tudo para colher os frutos da política responsável do ministro Paulo Guedes e nos tornarmos uma potência como China, Índia, Rússia. Sofremos muito com a pandemia e com a guerra, mas há um lado positivo. O mundo não ficará dependente só da China e vai passar produzir mais em outros países. Hoje, o mundo tem uma dependência no que diz respeito a alimentos em nível mundial. Daqui a 20 anos, o alimento vai ser muito mais importante que o petróleo. Nesse setor de energia, temos chance de produzir investimentos. O Brasil será uma potência mundial se ele não "se ucranizar".
Como assim, "se ucranizar"?
Grande parte está se ucranizando. O Macron acabou de ganhar uma eleição e perde o Parlamento. Para que isso não aconteça, é preciso ter um governo forte. Se houver um governo de esquerda, o Brasil vai se ucranizar. A América Latina já se ucranizou toda, praticamente. Só sobraram Estados Unidos, China, Rússia, que são governos fortes. Se tivermos um governo forte, teremos economia forte, povo forte. Se tivermos um governo fraco, teremos uma economia fraca e um povo fraco.
Aqui no DF, a chapa com Celina Leão de vice de Ibaneis está definida, uma vez que Damares está se colocando como candidata ao Senado?
Essa questão do Senado, achei que estava consolidada essa questão da Flávia. Mas, agora, Damares disse que seria candidata. Vai ter que se conviver com essa disputa. O mais importante é que Ibaneis se consolidou, praticamente não tem adversário. Está fazendo um grande governo. Arruda fez um bom governo, mas teve uma série de problemas. Não convivi com Roriz, mas o melhor governador que teve nos últimos tempos foi o Ibaneis.
No DF, o presidente sempre esteve muito bem, mas, nas últimas pesquisas,
o Lula subiu.
Mas o presidente subiu. Aqui no DF o presidente já está na frente. E com uma margem razoável. Nosso grande desafio da campanha, para ganhar a eleição tranquilamente, é virar Minas e virar Rio de Janeiro. São Paulo, a gente já virou. (Agora) é aumentar a diferença em São Paulo.
Por isso, a escolha do Rio para o Sete de Setembro?
Acho que ele tem que focar muito no Sudeste agora, porque, no Nordeste, ele está muito melhor do que esteve na eleição passada. O PT encolheu muito no Nordeste. Para você ter uma ideia, o PT governa o meu estado há 20 anos. O meu partido fez quatro vezes mais prefeito na última eleição do que o PT.
Como está o cenário no Piauí?
Vamos ganhar bem. O candidato é o ex-prefeito Sílvio Mendes (UB), mais de 20 pontos na frente. A vice é minha ex-mulher (deputada Iracema) e o senador é o ex-prefeito de Floriano, Joel.
Lá, o senhor tinha uma aliança histórica com o PT, que foi rompida para esta eleição.
Não, foi rompida para sempre. Não me vejo com Wellington mais, não. Meu amigo, mas um desastre para o Piauí. Vinte anos de atraso.
Mas como fazer campanha longe do PT, nesse momento em que o PT domina no Nordeste?
A minha primeira eleição foi contra eles, a segunda foi do lado. Lula é muito forte. É tipo "o candidato do Ciro (Nogueira) vai ganhar, mas o Lula"...
E a pauta de costumes, continuará forte na campanha?
Acho que continua, porque o Lula e o PT defendem essa questão de aborto, ideologia de gênero, e o presidente é radicalmente contra.