O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta terça-feira (2/08), que nos atos de 7 de Setembro, uma das frases mais usadas em camisetas por apoiadores deve ser a da "transparência" A declaração ocorreu durante entrevista à Rádio Guaíba. O presidente disse ainda que não quer "protesto para fechar isso ou fechar aquilo", mas que "moralmente algumas instituições aqui no Brasil estão se fechando".
“O pessoal deve ir de camisa verde e amarela, deve ter alguns protestos, é natural. Da nossa parte aqui, ninguém vai querer protesto para fechar isso ou fechar aquilo. Moralmente algumas instituições aqui no Brasil estão se fechando, moralmente. E dá para a gente ganhar essa guerra dentro das quatro linhas. Uma das frases mais mostradas lá deve ser a questão de transparência. O que é transparência? É transparência, em especial, eleitoral. Ninguém tá pedindo aqui para dizer que não vai haver eleições. Agora, nós queremos é transparência por ocasião da votação e das apurações”, alegou.
Bolsonaro também voltou a reclamar maior participação das Forças Armadas na apuração das eleições de outubro e disse que o Tribunal Superior Eleitoral está "contra a transparência’"
"Essa transparência, apesar de o TSE ser contra mesmo depois de ter convidado as Forças Armadas, a transparência está sendo proposta pelas Forças Armadas e, até o momento, o TSE não tem se manifestado. Ou seja, está contra as sugestões das Forças Armadas que foram convidadas. Todo mundo quer transparência. Agora, se o outro lado vai ganhar no primeiro turno por que não há transparência para ganhar a vitória do outro lado no primeiro turno. Qual o temor do outro lado que é contra a transparência?", questionou.
"No meu entender, essa suspeição tem que ser dissipada porque a eleição não é minha, não é do Supremo, não é do Legislativo, não é do TSE. É da população brasileira. Nada mais frustrante do que a pessoa votar e não saber se o voto dela foi exatamente para quem ele queria, não interessa quem seja. Então a transparência vai ser uma das frases mais estampadas nas camisas. O pessoal diz: 'Vamos comemorar 200 anos de Independência e os futuros 200 de liberdade'."
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Em indireta a ministros do Judiciário, o presidente destacou ainda que a liberdade é "açoitada" por aqueles que deveriam defender a Constituição.
“A grande preocupação nossa, que acredito que a maior parte da população já tem consciência, é sobre a sua liberdade. E ela é açoitada diariamente por pessoas que deveriam defender a nossa Constituição e fazem exatamente o contrário. Por isso essa convocação nossa, aproveitei, nunca havia convocado movimentos de rua”.
Bolsonaro destacou que participará de dois desfiles no Dia da Independência, um em Brasília, às 10h, e outro no Rio de Janeiro, às 16h.
Questionado como será o desfile militar junto com as manifestações populares de rua, o presidente disse que pedirá a apoiadores que não usem carro de som concomitantemente ao desfile. "A gente vai pedir ao pessoal que botar carro de som, vai ter muita gente em Copacabana, que não use seu carro de som durante o desfile que deve durar no máximo em torno de uma hora. É tropa das Forças Armadas, Marinha, Exército e Aeronáutica. Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Academia Militar das Agulhas Negras deve ter um efetivo desfilando, Colégio militar, alguns colégios civis lá do Rio. É um desfile cívico militar em Copacabana. A população, obviamente, vai lá prestigiar o desfile."
No dia 30, Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas participarão "ao lado" de seus apoiadores dos desfiles de 7 de setembro, em Brasília, e, pela primeira vez, no Rio de Janeiro.
“Vamos mostrar que o nosso povo, mais do que querer, tem o direito e exige paz, democracia, transparência e liberdade", bradou. No ano passado, no 7 de Setembro em discurso na Esplanada, Bolsonaro usou a ocasião para atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e chamou Alexandre de Moraes de "canalha", em discurso em São Paulo. O presidente ainda disse que, a partir daquele momento, não obedeceria nenhuma decisão que partisse do ministro. A declaração gerou uma das maiores crises institucionais da gestão, mas uma carta escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer ajudou a acalmar o embate.
Para este ano, no entanto, além da tradicional comemoração, Bolsonaro pretende ainda transformar a data em atos de campanha. “O que está em jogo nossa pátria, o que está em jogo no mundo é uma nova ordem, é uma nova ordem de mandar no povo e não de comandar como vocês estão vendo até o presente momento comigo na presidência”, alegou.
Em Brasília, o evento não ocorria desde 2019, devido à covid-19. Em 24 de julho, o presidente convocou apoiadores para participar das manifestações da data, clamando para manifestantes irem às ruas "pela última vez". Ele também voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), chamando os ministros do STF de "surdos de capa preta".
Em junho, o presidente disse que o mote dos movimentos que ocorrerão paralelamente serão as pautas ideológicas e "eleições auditáveis". E que o evento também servirá de "demonstração pública" de apoio para as eleições.