O candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, ontem, que fica "muito à vontade" para discutir corrupção por ter sido o chefe do Executivo que mais criou instrumentos para combater o crime. "As pessoas preferem discutir corrupção porque a discussão você pode mentir, a discussão você pode falar o que quiser. Eu fico muito à vontade com essa discussão porque eu tenho orgulho de ter sido o presidente da República que mais criou instrumento de combater a corrupção", ressaltou, em entrevista à Rádio Mais Brasil, de Manaus.
O discurso foi feito após aliados reclamarem que o ex-presidente deveria ter sido mais enfático ao ser confrontado sobre escândalos de corrupção na era petista durante o primeiro debate presidencial na tevê, no último domingo.
Na abertura do debate, o presidente Jair Bolsonaro (PL) citou a delação do ex-ministro Antonio Palocci para trazer à tona a corrupção na Petrobras. Lula respondeu com conquistas de seu governo — mas de maneira "pouco emocionada", na avaliação de um correligionário — e só tentou "enquadrar" o candidato à reeleição ao fim do debate, ao destacar o sigilo de 100 anos aplicado pelo presidente em documentos de Estado.
Para outro aliado, Lula estava nervoso e passou a imagem de quem se esquivou dos questionamentos sobre corrupção, um ponto nevrálgico para o eleitor de centro de classe média, segmento importante para consolidar o favoritismo do ex-presidente nas eleições. Já na sabatina ao Jornal Nacional, elogiada por membros da campanha, o petista admitiu casos de corrupção nos governos.
Na entrevista de ontem, ele voltou a criticar o atual governo. "Agora, você tem um procurador que não processa o que tem que processar, o resultado da CPI está paralisado e, ao mesmo tempo, você tem um presidente que qualquer denúncia contra ele, ele decreta o sigilo de 100 anos", disse.
Também ontem, em reunião com governadores e ex-governadores, Lula prometeu, se eleito, criar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), que seria subordinado a um Ministério da Segurança Pública. Ele se comprometeu, ainda, com a criação de uma Universidade Federal da Segurança Pública para a formação dos profissionais.
"Vamos criar o SUSP, Sistema Único de Segurança Pública, que vai incluir Ministério Público e Defensoria Pública. Vamos retomar as bolsas para melhor formar os policiais", destacou, após o encontro. "Vamos contribuir para que estados cumpram com suas funções para diminuir de verdade a violência. Vamos assegurar recursos ao fundo de segurança pública e fundo penitenciário, vamos fazer o fundo funcionar de verdade", acrescentou, sem detalhar a fonte de recursos para expansão dos gastos públicos na área.
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