O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta terça-feira (30/8) que "pretende" ir a novos debates na TV durante a campanha eleitoral. No primeiro encontro "cara a cara" com outros candidatos ao Palácio do Planalto, no último domingo (28/8) o chefe do Executivo atacou a jornalista Vera Magalhães e a senadora Simone Tebet (MDB). O rompante foi considerado um erro pela equipe bolsonarista, devido ao potencial de afastar as eleitoras, que já o rejeitam mais do que os homens.
"Você falou o verbo no tempo certo. Pretendo, pretendo", respondeu Bolsonaro, ao ser questionado por jornalistas sobre a ida aos próximos debates. O presidente falou ao sair de um evento, em Brasília, com empresários dos setores de comércio e serviços.
No primeiro debate, Bolsonaro se irritou com uma pergunta sobre a pandemia de covid-19 e acabou atacando Vera Magalhães e Tebet. A candidata Soraya Thronicke (União Brasil) chegou a dizer que muitos homens são "tchutchuca" com outros homens e "tigrão" com as mulheres, em referência ao presidente.
A avaliação na campanha é de que Bolsonaro estava indo bem no debate ao usar os escândalos de corrupção nos governos petistas para tentar aumentar a rejeição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa eleitoral.
No entanto, a performance do candidato à reeleição "desandou" quando o foco se deslocou para o ataque às mulheres, disseram aliados ao Broadcast Político. "Ele não conseguiu segurar a onda", afirmou uma fonte.
Saiba Mais
Depois do episódio, a campanha de Bolsonaro espera que Tebet e Soraya continuem confrontando o chefe do Executivo por causa de declarações machistas. "Elas viram que dava para crescer com a temática feminina em cima do Bolsonaro. Pode ser que venha mais porrada delas", disse um interlocutor do candidato à reeleição.
Ontem, integrantes da campanha passaram o dia discutindo se Bolsonaro deve ir ou não aos próximos debates. Um dos principais temores é justamente que Tebet e Soraya repitam o desempenho nos ataques ao presidente relacionados à temática feminina.
Aliados do chefe do Executivo dizem que o impacto dessa estratégia em entrevistas isoladas das candidatas não deve ser tão grande, mas que, num debate, que tem audiência e repercussão em escala muito maior, o "estrago" pode fazer diferença.
Para se defender no debate, Bolsonaro citou a primeira-dama Michelle, que tem atuado na campanha para tentar reduzir a rejeição do candidato no eleitorado feminino, e focou nos efeitos do Auxílio Brasil e do microcrédito na vida das mulheres.
A estratégia de usar a economia para conquistar o voto feminino deve continuar. "É um tema em que ele fica mais confortável, onde ele consegue ter alguma coisa para mostrar", afirmou um interlocutor.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.