O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (30/8) acreditar que, com a deflação, o Banco Central poderá começar a reduzir a taxa básica de juros. A declaração ocorreu durante sabatina organizada pelo Instituto União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs) com candidatos à Presidência da República.
Ao ser questionado sobre o “número grande de empresas endividadas, precisando de recursos” e quais as possíveis políticas voltadas ao refinanciamento de dívidas, Bolsonaro alegou que a questão “o colocou em uma sinuca de bico”.
“Qualquer palavra minha um pouco distorcida ou não muito bem compreendida mexe no dólar hoje à tarde. Eu quero que o dólar continue caindo. Vocês têm dívidas, acredito que o BC (Banco Central) é independente agora. Acredito que a taxa de juros comece a cair. O nosso governo chegou a 2% com prós e contras e está em 13% aproximadamente no momento. Acho que o melhor sinal é esse: com deflação, acredito que a taxa de juros comece a cair e passa a ajudar todos vocês.”
Bolsonaro ainda acenou aos empresários por duas vezes, afirmando que poderia conseguir uma reunião entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o setor.
“Se tiver que fazer um programa de refinanciamento, te levo para falar com Paulo Guedes. Não tenho respostas para tudo, pessoal. Quando tenho que tomar decisões, converso com o respectivo ministro”, justificou. Ainda segundo ele, "até meia-noite é dia". "Quem quiser uma audiência com o Paulo Guedes, estamos à disposição.”
Pix
Bolsonaro também mudou a narrativa sobre o Pix, sistema de pagamento instantâneo do BC. Hoje, ele disse que a medida “não trouxe quase nada de prejuízo” e que “os bancos têm mecanismo para fazer com que seu lucro não diminua”.
"São mais de 1 bilhão de movimentações por mês, são mais de 100 milhões de pessoas que estão com o Pix. Eu considero uma coisa revolucionária. Os bancos não perderam quase nada com isso aí porque ganharam 6 milhões de contas, e os bancos têm mecanismo para fazer com que seu lucro não diminua. Ninguém quer interferir em banco."
Porém, em diversas declarações ao longo das semanas, o presidente alegou que empresários e banqueiros se uniram na assinatura da Carta pela Democracia por terem sido atingidos pelo prejuízo. “Você pode ver que esse negócio de carta aos brasileiros, democracia, os banqueiros estão patrocinando. É o Pix que eu dei uma paulada neles”, chegou a comentar.
"Números fantásticos"
Ainda sobre o assunto economia, o presidente Jair Bolsonaro disse que “os números são fantásticos”. “É o segundo mês com deflação, saldo positivo mês a mês. Quem cria empregos são os senhores, não sou eu. A minha obrigação é não atrapalhar a vida de vocês, não onerar, desburocratizar”.
“Ontem, mais uma uma boa notícia, o dólar caiu mais de 1%. A Bolsa subiu em relação ao mundo e isso influencia no preço dos combustíveis, que é a correia da inflação”. Hoje, contudo, o dólar voltou a subir.
Bolsonaro também repetiu o discurso de que "a grande vacina em 2019" foi a lei da liberdade econômica.
Na sabatina organizada pelo Instituto União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), o presidente se disse “em casa”. “Eu me considero em casa aqui, não considero sabatina”, emendou.
Perguntado sobre propostas para melhoria do ambiente de negócios, justificou que a área “já vem melhorando há algum tempo”. “Desburocratizando, por exemplo, normas regulamentadoras.”
Sobre a reforma trabalhista, caracterizou a medida como bem-vinda e aproveitou para alfinetar Lula. “Uma outra pessoa vem falando que vai revogar isso daí. O maior tratamento digno ao empregado é o emprego e vamos continuar agindo dessa maneira”, disse.
Bolsonaro também alegou ter “mexido na harmonia de Brasília”. “Há um trabalho por parte de umas poucas pessoas com poder para infernizar a vida do governo. Nós estamos fazendo a nossa parte. Quem tem a verdade do seu lado, vence desafios.”
Aumento de policiais
O presidente aproveitou para falar sobre a dificuldade em cobrir as fronteiras do país e defendeu que “esse trabalho tem que ser reforçado através do efetivo da PF e da PRF”. Bolsonaro ainda comentou sobre o aumento salarial prometido aos policiais e reforçou não ter sido possível em razão de outras carreiras também terem pleiteado o aumento.
“Aproveitar a PRF, gostaria de ter feito uma reestruturação para eles, não foi possível porque outros setores ameaçaram greves e outras medidas, e podia até mesmo parar o país. Não é fácil mexer com alguns setores de servidor público, altamente politizados. Acredito que no ano que vem dê para resolver isso daí”, prometeu.
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