Debate Band

Em debate, Bolsonaro critica STF e chama governo Lula de "mais corrupto do país"

O presidente Bolsonaro ainda criticou a operação autorizada por Alexandre de Moraes, deflagrada no último dia 25 pela Polícia Federal contra empresários bolsonaristas. Disse ainda que o governo Lula foi marcado por "cleptocracia"

Ingrid Soares
postado em 28/08/2022 21:48 / atualizado em 28/08/2022 22:23
Bolsonaro fez a primeira pergunta para Lula. -  (crédito: Reprodução;/Band )
Bolsonaro fez a primeira pergunta para Lula. - (crédito: Reprodução;/Band )

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa, neste domingo (28/08), do primeiro debate entre os candidatos à Presidência com maior intenção de votos nas pesquisas eleitorais. No primeiro bloco do evento realizado pela Band, com mediação dos jornalistas Eduardo Oinegue e Adriana Araújo, o chefe do Executivo foi questionado sobre a relação conflituosa com o Supremo Tribunal Federal (STF) e como agiria, caso eleito, para "reduzir o clima de conflito que não contribui para a democracia". Bolsonaro rebateu que "não falta respeito" de sua parte e atacou o Supremo afirmando que ministros praticam "ativismo judicial". E emendou que, "da outra parte é que alguns se manifestam contrários à minha pessoa".

O presidente ainda criticou a operação autorizada por Alexandre de Moraes, deflagrada no último dia 25, pela Polícia Federal, contra empresários bolsonaristas. Os mandados de busca foram emitidos após denúncia de que o grupo teria defendido, por meio de mensagens no Whatsapp, a realização de um golpe de Estado, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Bolsonaro nas eleições presidenciais, em outubro. 

A resposta de Bolsonaro ocorreu após fala da senadora Simone Tebet, que disse que o Brasil só voltaria a crescer após Bolsonaro deixar o cargo de presidente

Bolsonaro reforçou, na resposta, que escolheu "ministros por critérios técnicos, sem ingerência política". "Isso causou um desconforto por parte de alguns políticos e partidos como o MDB, por exemplo. Então, eu abalei a harmonia entre todos os amiguinho que obviamente davam uma banana para o povo brasileiro. Hoje, vocês conhecem quem são meus ministros e a capacidade de cada um", disse. 

Bolsonaro ainda lembrou a anistia concedida por ele ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).

"É uma voz corrente, a ingerência ou ativismo judicial que hoje se faz presente no Brasil. Um ministro agora pouco interferiu mandando investigar, fazendo busca e apreensão, entre outras barbaridades, num grupo de empresários. Ou seja, esse não é o trabalho do Judiciário, reagir no tocante a isso, como por exemplo também, dei anistia a um deputado federal que havia sido injustamente condenado a 9 anos de cadeia por falar. Não interessa o que ele falou, ele tem imunidade parlamentar. Eu não tenho problemas com poder nenhum, alguns ministros do STF que querem, a qualquer preço, interferir no Poder Executivo. Nós não podemos admitir isso daí. A harmonia tem que existir, a independência e o respeito acima de tudo. E o respeito não falta da minha parte. Da outra parte é que alguns manifestam contrários à minha pessoa", alegou. 

No confronto direto, o candidato à reeleição optou por aproveitar a chance para enquadrar o primeiro colocado nas pesquisas, o ex-presidente Lula, e questioná-lo sobre corrupção na gestão petista.

"A Petrobras ao longo de 14 anos de PT se endividou em aproximadamente R$ 900 bi. Fruto de desmandos, refinarias começadas e não concluídas entre tantas outras coisas. Esse dinheiro daria para fazer 60 vezes a transposição do São Francisco. Ou seja, o povo nordestino sofreu com falta da água por causa de corrupção do seu governo. Esse montante é equivalente a 120 vezes o orçamento da infraestrutura. Delatores devolveram R$ 6 bi. Ou seja, corrupção houve. Ô presidente Lula, o senhor quer voltar ao poder para quê? Para continuar fazendo a mesma coisa na Petrobras?", questionou Bolsonaro.

Lula rebateu ironicamente citando medidas anticorrupção de seu governo: "Eu acho que de vez em quando, a gente tem acreditar que nada acontece por acaso. Era preciso ser ele para me perguntar e eu sabia que essa pergunta viria. Eu acho que isso é importante porque as pessoas precisam saber que inverdades não valem a pena na televisão, citar número que são mentirosos também não compensam na televisão. Aqui é importante a gente citar o seguinte, não tem nenhum presidente da república que fez mais investigação para apurar corrupção do que nós fizemos. É importante deixar claro que nós fizemos o Portal da Transparência, lei de acesso à informação, a lei anticorrupção, contra o crime organizado, lavagem de dinheiro, colocamos a AGU no combate à corrupção, fizemos o Coaf funcionar".

Citando Palocci,  Bolsonaro atacou que o governo petista "foi marcado pela cleptocracia, ou seja, foi feito a base de roubo". "Nada justifica essa resposta mentirosa que você deu, sim, o seu governo foi o governo mais corrupto da história do Brasil".

Lula respondeu que foi em seu governo que a Petrobras "ganhou o tamanho que ganhou". "Precisava saber que o meu governo é marcado pela maior política de inclusão social, pela maior geração de emprego, o maior aumento de salário mínimo, pelo maior investimento na agricultura familiar, pela criação do Simples, ou seja, o nosso governo além disso, foi o governo que mais fez investimento na educação", alegou.

O petista seguiu dizendo que seu governo foi o que mais investiu na educação, em titulação de terras e em políticas para o meio ambiente.

"O meu governo deveria ser conhecido exatamente por isso porque quando cheguei na presidência tinha 3,5 mi de estudantes nas universidade e quando eu saí da presidência, a gente tinha 8,5 mi de pessoas na universidade. É exatamente isso que é a marca do meu governo. 51 mi de hectares para assentamento de terra, o menor desmatamento da Amazônia foi feito no meu governo. Foi o meu governo que fez o acordo com Alemanha e Noruega para que a gente tentasse contribuir com a preservação da Amazônia e com a exploração da biodiversidade para garantir possibilidade de desenvolvimento para quase 30 mi que moram na Amazônia".

Por fim, apontou que Bolsonaro "está destruindo o Brasil" construído em seu mandato, que o povo "tem saudade" e que "esse país vai voltar".

"É o país que quando eu deixei a presidência, estava crescendo a 7,5%, este país que teve 20 mi de empregos com carteira assinada, é o país que o atual presidente está destruindo. Está destruindo porque ele adora, adora, com bravata, adora falar números que não existem, adora entender que o povo que está ouvindo a gente acredita no que ele fala. O país que eu deixei, é um país que o povo tem saudade. É o do emprego, país que o povo tinha o direito de viver dignamente de cabeça erguida. E esse país vai voltar".

 

 

Debate da Band 

A TV Bandeirantes exibe, neste domingo (28/8), o primeiro debate entre candidatos à Presidência da República. Organizado em parceria com a Uol, Folha de S. Paulo e TV Cultura, o debate recebe os candidatos Ciro Gomes (PDT), Felipe D’Avila (Novo), Soraya Thronicke (UB), Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL) e Simone Tebet (MDB).

Bolsonaro foi acompanhado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, o general do GSI, Augusto Heleno, Fabio Wajngarten, o ministro das Comunicações, Fabio Faria e o chefe da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos.

Bolsonaro foi o último chegar no local do debate, por volta das 20h, e disse ter consciência de que seria o principal alvo dos adversários. "Vão me acusar de tudo o que se possa imaginar. A gente não vai se defender, vai mostrar a realidade", alegou anteriormente. 

O evento teve algumas mudanças de última hora nos lugares em que cada candidato ficaria no palco. Após um pedido de segurança das campanhas do ex-presidente Lula (PT) e do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PT), os dois líderes nas pesquisas de intenção de voto foram realocados e não ficaram lado a lado, conforme o pré-estabelecido. Os candidatos ficaram separados pela candidata Simone Tebet. Questionado sobre a mudança de lugares, Bolsonaro disse, na entrada dos estúdios da Band, que não se incomodava de ficar ao lado de Lula. "Só não vou apertar a mão de ladrão".

 


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